Em entrevista exclusiva na TV Diário do Sertão, a maquiadora Thalita Renea, de 28 anos, falou pela primeira vez após ser vítima de crime sexual dentro de ônibus na Paraíba. A jovem, que reside em João Pessoa, estava saindo de Cajazeiras a caminho da capital paraibana. Ela detalhou o que aconteceu naquele dia, como isso tem se reverberado em sua vida e mostrou imagens exclusivas das câmeras de segurança do ônibus.
“Nós mulheres sofremos assédios diariamente, vem de um fiu fiu da rua, vem de uma buzinada, vem de uma cantada e eu sempre estava preparada para isso. Eu sabia que acontecia, mas eu não sabia que acontecia comigo. Foi muito difícil”, disse Thalita.
O caso aconteceu na madrugada do dia 10 de julho de 2023, quando o ônibus de passageiros passava pela cidade de Condado, na região de Patos, com destino a João Pessoa. Ela disse que não costuma viajar sozinha e que sempre prefere o leito ou vai com algum familiar, mas que nesse dia não havia outra opção além do ônibus convencional e explicou por que decidiu falar sobre o caso agora.
“Eu demorei muito tempo para poder falar, porque era algo que me machucava, era algo que eu não entendia porque estava acontecendo comigo, eu comecei a me culpar, comecei a falar ‘o que eu fiz de errado?’, ou ‘porque eu estava naquele ônibus se eu tinha a opção de ter ido de carro?’, porque não era minha roupa, eu não tinha nenhuma parte do meu corpo descoberta”, disse.
Thalita revelou que ao entrar no ônibus o acusado estava sentado em sua poltrona, na janela, e depois descobriu que a poltrona ao seu lado não era a dele e sim de uma outra passageira. Segundo ela, no momento que aconteceu a violência todos os passageiros estavam dormindo, inclusive ela, e por volta das 1h30 da manhã, duas horas após embarcar ao lado dele, acordou com a mão do suspeito lhe tocando. “Eu senti o ato dele me tocando, quando olhei ele estava com a mão nas genitais e eu fiquei sem reação”, falou.
Em imagens exclusivas das câmeras de segurança do ônibus, é possível ver o momento em que Thalita acorda e fala com o homem ao seu lado. Ela se agita e tenta sair da poltrona, mas é barrada pelo acusado. Em seguida vemos as imagens de dentro da cabine da frente, onde a jovem chega nervosa e conversa com o motorista.
Thalita teve que ficar mais de uma hora dentro do ônibus com seu agressor até chegar em um ponto de apoio na cidade de Patos, onde seriam encaminhados até a delegacia para denunciar o crime. As imagens que circulam nas redes sociais, onde Thalita fala para todos que foi vítima de um crime sexual, foram gravadas quando o ônibus já estava no ponto de apoio.
“Foi onde eu vi que estava segura, eu vi que tinha um ponto de apoio, tinha policiais lá, tinha um policial dentro do ônibus e foi quando eu decidi fazer meu pronunciamento com medo dele ir embora. A gente sabe que isso acontece, mas pensa que nunca vai acontecer com a gente”, destacou a jovem.
Thalita detalhou ainda, o que aconteceu após serem encaminhados para delegacia, onde o suspeito ficou preso até a audiência de custódia, mas foi liberado devido a idade e por não ter antecedentes criminais, e como essa violência se reverberou em sua vida.
“É um trauma que eu vou levar para o resto da minha vida. É muito difícil falar sobre isso, porque a gente quer esquecer e vim aqui falar sobre isso é muito difícil, só que eu cheguei a conclusão que eu não vou esquecer. Eu tive que ressignificar, eu não fui a culpada, eu não pedi para ser assediada, eu não pedi para tocarem em mim”, completou.
Fonte: Diário do Sertão
Créditos: Polêmica Paraíba