Estudo mapeia as diferenças cerebrais em quem tem maior risco de desenvolver o transtorno antes mesmo dos sintomas aparecerem
Ainda não existem testes de laboratório para diagnosticar os transtornos do espectro autista (TEA), conjunto de distúrbios que impactam no funcionamento do cérebro e na maneira como a criança se comunica com o mundo e não têm cura. Um novo trabalho, entretanto, conseguiu identificar o risco de autismo já aos seis meses de idade, quando os sintomas são quase imperceptíveis.
Os pesquisadores avaliaram o cérebro de 59 bebês com alto risco de desenvolver o problema, combinando ressonância magnética funcional e uma tecnologia que “ensina” o computador a procurar padrões cerebrais similares. No final, os testes apontaram que nove deles teriam o transtorno. Aos dois anos de vida, 11 crianças do grupo foram de fato diagnosticadas – o que representou uma eficácia de 82%.
No grupo que recebeu o diagnóstico antecipado, os cientistas encontraram 974 conexões cerebrais associadas a comportamentos típicos do autista. Ao replicar a metodologia em outros grupos, o software teve uma taxa de acerto de 93%. O trabalho foi conduzido pela Universidade da Carolina do Norte e da Universidade de Washington, com o patrocínio do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
“A identificação precoce é essencial para o melhor prognóstico, mas ainda são necessários estudos com grande quantidade de crianças para saber se o exame de imagem é mesmo confiável”, pondera Mirian Revers, psiquiatra do Programa do Transtorno do Espectro Autista (PROTEA) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de São de Paulo.
O exame poderia ser feito, por exemplo, em quem tem histórico familiar de autismo, uma vez que a hereditariedade é um dos agentes por trás do distúrbio, mas não é o único. Hoje os estudos mostram que fatores ambientais como tabagismo, poluição e uso de alguns remédios durante a gravidez também estariam ligados ao problema.
Fonte: Bebê Abril
Créditos: Bebê Abril