Frente à onda de fake news na internet, que vem crescendo desde as eleições de 2018, a plataforma decidiu incluir uma mensagem em cima das postagens ofensivas. Pollyana Ferrari, professora da PUC-SP e pesquisadora de mídias sociais, vê com bons olhos a decisão da plataforma. “É muito importante essa iniciativa, mas acho que eles demoraram muito para fazer isso. Depois da confusão que foi as eleições do Trump, já devia ter sido feito alguma coisa, nós teríamos tido uma eleição em 2018 mais tranquila”, opina.
“No passado, permitimos que determinados tuítes que violavam nossas regras permanecessem na plataforma porque eles eram de interesse público, mas não ficava claro quando e como nós tomávamos essa decisão”, informa a plataforma em comunicado. A partir de agora, a empresa terá uma equipe para avaliar os tuítes de pessoas públicas, ou seja, políticos que têm contas verificadas e mais de 100 mil seguidores na rede.
Mensagens publicadas antes da última quinta-feira (27) não receberão o selo de aviso. Já as publicações recentes, além da mensagem, serão retiradas de buscas, dos tuítes em destaque da plataforma, das abas “explorar” e das notificações.
Questionada pela reportagem se a publicação do Ministro da Educação, Abraham Weintraub, fazendo referência aos 39 kg de cocaína encontrados no avião presidencial se encaixaria nas novas regras, a rede social não se pronunciou até a publicação desta matéria. No tuíte, Weintraub diz que o avião presidencial já transportou drogas em maior quantidade e pergunta o peso dos ex-presidentes Dilma e Lula, do PT. Assim como o Ministro, o presidente Bolsonaro também costuma fazer comentários polêmicos na rede que talvez possam entrar na nova regra do Twitter e receber o selo de aviso.
No passado o avião presidencial já transportou drogas em maior quantidade. Alguém sabe o peso do Lula ou da Dilma?
– Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 27, 2019
A decisão de não retirar postagens ofensivas da rede acontece, segundo nota da empresa, porque são informações de interesse público e os autores devem ser responsabilizados pelo que dizem. “Pela natureza dos cargos que ocupam, esses líderes têm grande influência e muitas vezes dizem coisas que podem ser consideradas controversas ou geram debates e discussões”, escrevem.
Para Ferrari, há dúvidas se haverá maior consciência das figuras no poder na hora de postar na plataforma, mas o bloqueio da mensagem já é um grande passo. “As pessoas públicas têm um compromisso. Não dá para pessoa sair inventando e distorcendo a realidade.”
A professora também acredita que será uma ferramenta importante na luta contra os robôs. “O Twitter foi invadido por bots e estamos numa guerrilha digital mesmo. As pessoas não sabem que aquilo foi programado e que tem um intuito”, diz. “E quando a plataforma mostra que está lutando contra isso, é uma batalha bacana contra a desinformação. Acho que isso pode diminuir.”
Fonte: TAB
Créditos: Letícia Naísa