Grupo internacional de pesquisadores inclui a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade da Califórnia. Eles monitoraram o desenvolvimento neurológico de crianças entre 2015 e 2016.
Um grupo internacional de pesquisadores verificou que, em alguns casos, crianças com microcefalia e filhas de mulheres grávidas que pegaram o vírus da zika podem retomar um desenvolvimento neurológico normal. Em estudo publicado na revista “Nature Medicine” na segunda-feira (8), cientistas de uma cooperação que inclui a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, observaram dois casos de crianças com microcefalia que recuperaram seu desenvolvimento.
Eles acompanharam 244 mulheres grávidas – em qualquer etapa da gestação – a partir do momento em que apresentaram sintomas parecidos com os da zika, como febre e erupções na pele, nos laboratórios da Fiocruz no Rio de Janeiro, entre 2015 e 2016. O período compreende a época em que a zika foi uma epidemia na cidade.
Descobertas
Após a confirmação da presença do vírus em 216 dessas mulheres, o desenvolvimento neurológico dos bebês continuou sendo monitorado, por meio de diferentes técnicas, como as da chamada “Escala Bayley”, que acompanha comportamentos cognitivos, linguísticos, motores, social-emocional e adaptativo de cada criança. Elas foram estudadas enquanto tinham de 7 a 32 meses de idade.
Entre essas 216 mães, 8 tiveram bebês com microcefalia (3,7% do total estudado).
E, desses 8 casos, 2 foram revertidos. Um dos bebês desenvolveu a circunferência normal da cabeça conforme crescia, e o outro voltou a formar essa circunferência após uma cirurgia no crânio. Em ambos os casos, o desenvolvimento neurológico das crianças foi normalizado – e confirmado aos dois anos de idade.
Ressalvas
Por outro lado, os cientistas ainda não sabem explicar com precisão os motivos da reversão do quadro desses dois pacientes. Além disso, houve outras duas crianças que nasceram sem os sinais da microcefalia, mas vieram a desenvolver o problema conforme cresceram – algo que, porém, não surpreendeu os pesquisadores, pois pode acontecer com os filhos de mães infectadas.
“Em nossa opinião, todas as crianças que nascem de mães com infecção do vírus da zika durante a gravidez deveriam ser acompanhadas longitudinalmente nos primeiros três anos de vida, por um time multidisciplinar, com avaliações bianuais de seu neurodesenvolvimento, oftalmológicas e auditivas, mesmo se os primeiros testes forem normais”, afirmam os pesquisadores no artigo da “Nature Medicine”.
Fonte: G1
Créditos: G1