Com as mudanças nos termos de uso do WhatsApp, que passará a exigir o compartilhamento de dados pessoais dos usuários com o Facebook, dono da plataforma desde 2014, houve um aumento de downloads de aplicativos de mensagens rivais.
O Signal e o Telegram, dois dos principais concorrentes do WhatsApp, foram os principais beneficiados pelo êxodo de usuários. De acordo com a consultoria Sensor Tower, o Telegram teve 6,5 milhões de downloads em todo o mundo na última semana de dezembro e chegou a 11 milhões nos sete dias após o anúncio do WhatsApp.
O Signal, por sua vez, foi baixado 246 mil vezes na semana anterior ao anúncio de mudanças pelo WhatsApp. Na semana seguinte, o aplicativo chegou a 8,8 milhões de novos usuários.
O Signal é o preferido entre políticos de direita e aliados de Donald Trump, que têm divulgado o aplicativo nas redes sociais ao mesmo tempo em que acusam o Facebook de censura. A rede social, dona do WhatsApp desde 2014, foi uma das que puniu o republicano por incitação à onda de violência que levou à invasão do Capitólio durante a sessão de certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais, o que resultou em cinco mortos.
Elon Musk, dono da Tesla, sugeriu em seu Twitter o uso do aplicativo. Ele diz já ter doado para a empresa no passado e afirma que pretende fazer novos repasses.
O uso da ferramenta também é incentivado por Edward Snowden, ex-analista de sistemas da CIA.
O Signal foi criado por um grupo de desenvolvedores de software e é mantido por uma organização sem fins lucrativos. O aplicativo tem código aberto, ou seja, permite que o sistema de segurança seja testado por auditorias externas e independentes. Além disto, é gratuito e totalmente criptografado.
Em relação à segurança, especialistas afirmam que Signal possui a melhor estrutura. Um dos recursos do aplicativo é o “ver número de segurança”, que permite ao usuário verificar a segurança de sua criptografia em relação a de outro contato. Se o número de segurança tiver sido marcado como verificado, qualquer alteração deve ser aprovada antes de enviar uma nova mensagem.
Os termos de uso do aplicativo, no entanto, revelam que dados de usuários podem ser revelados em situações específicas: para atender a qualquer lei aplicável, regulamento, processo legal ou solicitação governamental aplicável; para impor os Termos aplicáveis, incluindo a investigação de possíveis violações; detectar, impedir ou solucionar problemas de fraude, segurança ou problemas técnicos; proteger a propriedade ou segurança da Signal, nossos usuários ou o público conforme exigido ou permitido por lei.
Telegram
O Telegram, por sua vez, tem um alcance intermediário entre os outros dois concorrentes e também é uma opção disponível sem custo, tanto para Android quanto para iOS.
Segundo sua política de privacidade, o Telegram não usa os dados dos usuários para gerar anúncios e armazena apenas informações necessárias para a operação do serviço de troca de mensagens.
Por outro lado, a criptografia não é considerada tão segura em relação aos concorrentes, especialmente por conta do sistema usado pelo aplicativo para realizar backup automático de mensagens. No Telegram, é necessário ativar essa funcionalidade; antes disso, as mensagens enviadas não ficam totalmente protegidas de ponta a ponta.
Além disso, o Telegram foi o aplicativo que deu origem à série de reportagens da Vaza Jato, do Intercept Brasil. Hackers tiveram acesso a mensagens trocadas entre procuradores da Operação Lava Jato que comprovaram a parcialidade das autoridades em relação a processos e investigações.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: revista fórum