Entenda

SUBSTITUIÇÃO: em SP, gestão Tarcísio vai usar ChatGPT para produzir aulas digitais no lugar de professores; entenda 

Veja a resposta do ChatGPT sobre essa substituição.

SUBSTITUIÇÃO: em SP, gestão Tarcísio vai usar ChatGPT para produzir aulas digitais no lugar de professores; entenda 

Em São Paulo, o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai passar a usar o ChatGPT, ferramenta de inteligência artificial, para produzir as aulas digitais que são usadas pelos professores de todas as escolas da rede estadual paulista.

Até então, o material didático era produzido por professores curriculistas, ou seja, especialistas na elaboração desse tipo de conteúdo. Agora, esses docentes terão apenas a função de “avaliar a aula gerada [pela inteligência artificial] e realizar os ajustes necessários para que ela se adeque aos padrões pedagógicos”.

A reportagem teve acesso a um documento que foi enviado aos professores com as novas orientações para a produção do material do 3º bimestre deste ano. O texto explica que a ferramenta de inteligência artificial vai gerar a “primeira versão da aula com base nos temas pré-definidos e referências concedidas pela secretaria”.

Os professores depois serão responsáveis por editar o material e encaminhar para uma equipe interna da secretaria, que fará a revisão final de aspectos linguísticos e formatação.

Em nota, a Secretaria de Educação confirmou que planeja testar o uso de inteligência artificial para produzir as aulas digitais do terceiro bimestre dos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e do ensino médio. Segundo a pasta, a ferramenta vai ser usada para melhorar o que foi elaborado anteriormente pelos professores.

Ainda segundo a secretaria, o ChatGPT será configurado para gerar as aulas, usando como referência o que foi produzido pela equipe nos últimos meses, além do material didático de outros autores.

A revista Fórum perguntou ao próprio ChatGPT o que ele acha da medida proposta pelo governo de Tarcísio de Freitas:

Fórum: O que você acha do uso do ChatGPT no lugar de professores para elaboração de aulas digitais?

Resposta do ChatGPTO uso do ChatGPT para elaboração de aulas digitais pode ter algumas vantagens e desafios. Por um lado, o ChatGPT pode fornecer informações precisas e detalhadas sobre uma variedade de tópicos, o que pode ser útil para complementar o ensino tradicional ou para fornecer informações adicionais aos alunos. Além disso, o ChatGPT pode criar conteúdo de forma rápida e eficiente, o que pode ser útil para professores que estão sobrecarregados de trabalho.

Por outro lado, o ChatGPT pode não ser capaz de fornecer o mesmo nível de interação e engajamento que um professor humano pode oferecer. Os professores têm a capacidade de adaptar seu ensino com base nas necessidades individuais dos alunos, responder a perguntas de forma personalizada e criar um ambiente de aprendizado colaborativo. Além disso, o ChatGPT pode não ter a mesma sensibilidade cultural ou emocional que um professor humano, o que pode afetar a qualidade do ensino.

Em resumo, o ChatGPT pode ser uma ferramenta útil para complementar o ensino tradicional, mas é importante considerar suas limitações e garantir que os alunos ainda tenham acesso a interações significativas com professores humanos.

A decisão de usar o Chat GPT foi do próprio secretário de Educação, o empresário Renato Feder, para agilizar a produção do material didático que é usado pelos 3,5 milhões de alunos da rede estadual paulista.

Até o segundo bimestre deste ano, os professores tinham que entregar quatro aulas por semana. Com o uso da ferramenta, eles passam a ter que entregar três aulas a cada dois dias úteis,ou seja, pelo menos seis por semana.

As aulas digitais passaram a ser produzidas e distribuídas para as escolas no ano passado. Elas são a principal aposta de Feder para melhorar os indicadores educacionais de São Paulo – a estratégia é a mesma que ele usou quando era secretário do Paraná.

O secretário defende que o material produzido sob sua orientação é mais adequado para orientar as aulas, já que prioriza os conteúdos que são cobrados em avaliações nacionais, como o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).

No ano passado, Feder chegou a decidiu abrir mão dos livros didáticos impressos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Assim, as escolas teriam à disposição apenas os slides.

Depois de uma série de críticas sobre a inviabilidade de se usar apenas o material digital e de diversos erros serem encontrados nas aulas produzidas pela secretaria, o governo Tarcísio anunciou um recuo parcial.

Ele decidiu que São Paulo voltaria a aderir ao programa nacional para continuar recebendo os livros impressos, mas manteve a produção e envio de slides para serem usados nas aulas

Especialistas e professores encontraram diversos tipos de erros no material distribuído pelo governo Tarcísio. Foram identificados erros gramaticais e conceituais, além de atividades em desacordo com o que deveria ser ensinado para cada série.

Uma das aulas, por exemplo, dizia que a Lei Áurea, de 1888, foi assinada por dom Pedro 2º e que a capital paulista possui praias.

Em nota, a Secretaria de Educação disse que o processo de fluxo editorial com o uso do ChatGPT “ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que seja avaliada a possível implementação.”

Apesar de afirmar que o processo ainda está em teste, os professores curriculistas já receberam as orientações sobre como devem trabalhar nas próximas semanas.

Segundo a pasta, a ferramenta vai aprimorar as aulas produzidas anteriormente pelos docentes. “Com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações de conceitos-chave de cada aula.”

“Na sequência, esse conteúdo será avaliado e editado por professores curriculistas em duas etapas diferentes, além de passar por revisão de direitos autorais e intervenções de design. Por fim, se essa aula estiver de acordo com os padrões pedagógicos, será disponibilizada como versão atualizada das aulas feitas em 2023”, diz a nota.

Ainda de acordo com a secretaria, a equipe de produção dos materiais conta com 90 professores curriculistas.,

Com Folhapress e Fórum