“A automação prejudicou as cidades industriais. Nesses lugares, o número de novos matrimônios está caindo, o crime está aumentando, há um crescimento nas mortes relacionadas a drogas, álcool e nos suicídios”, diz Carl Frey.
O pesquisador da Universidade de Oxford pinta um cenário deprimente do que já foi o coração da indústria dos Estados Unidos, uma região conhecida como “Rust Belt” (“cinturão da ferrugem”), que engloba cidades como Flint, Detroit e Cleveland, consideradas em um passado não tão longínquo as pontas de lança do crescimento da economia americana.
Frey diz que os trabalhadores desses municípios estão perdendo a guerra pelo emprego para os robôs, que se espalharam pelas linhas de montagem e têm, cada vez mais, substituído a mão de obra humana.
O impacto do avanço da tecnologia sobre o mercado de trabalho e a possibilidade de desemprego em massa como consequência da expansão da automação nas fábricas e no setor de serviços tem levado políticos e empresários como o cofundador da Microsoft Bill Gates a defender que o Estado intervenha para evitar o pior.
Quais os argumentos contra e a favor nesse debate?
Duplo impacto sobre as contas públicas
Trabalhadores sem emprego não pagam os impostos que incidem sobre a folha e, em muitos países, também têm direito a receber benefícios como seguro desemprego. Ou seja, têm peso duplo sobre as finanças públicas.
Nos EUA, para se ter ideia, 48% da arrecadação federal vem da cobrança de impostos sobre a renda e 35%, de contribuições sociais. Apenas 9% vêm da tributação de pessoa jurídica.
É por isso que, para compensar a perda de receita decorrente do desemprego estrutural causado pela maior automação da indústria americana, muitos especialistas defendem a criação de um “imposto sobre robôs”.
Os dois lados do avanço tecnológico
Se, historicamente, o avanço da ciência e da tecnologia deu origem a ganhos de produtividade que elevaram os salários e tornou mais fáceis serviços pesados nas fábricas e nas residências, ele também contribuiu para o desaparecimento de funções que passaram a ser desempenhadas pelas máquinas.
A primeira Revolução Industrial, por exemplo, permitiu que a humanidade dependesse menos da energia da tração animal. Já a segunda consistiu no uso massivo de eletricidade e da produção em larga escala. A era dos computadores, por sua vez, proporcionou a difusão mais rápida da informação e possibilitou a adoção de ferramentas mais eficientes pelas empresas.
A quarta Revolução Industrial –associada à inteligência artificial e a robótica– tem potencial para transformar completamente os sistemas de produção, de gestão e governança das organizações.
O escopo, a velocidade e a intensidade das mudanças não têm precedentes na História.
Fonte: Bolo Notícias
Créditos: Polêmica Paraíba