A pandemia do novo coronavírus já superou 800 mil infectados e 40 mil mortes em todo o mundo, e enquanto muitos países criam estratégias para contenção da doença, como o isolamento social e uma maior disseminação de informação para a população, o Turcomenistão, país de regime autoritário localizado na Ásia Central, faz diferente. Lá, a principal ação de combate à doença é fingir que ela não existe, banindo a palavra “coronavírus” do vocabulário turcomano, idioma local.
Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o governante do país, Gurbanguly Berdimuhamedow, determinou que a palavra deve ser eliminada tanto das conversas privadas da população, quanto dos comunicados oficiais e reportagens da mídia estatal. O uso de máscaras também parece ter sido vetado, de acordo com a Radio Free Europe, que afirmou já ter registros de pessoas que foram presas na capital do país após serem vistas usando máscara ou falando sobre o vírus.
O país tem tomado algumas medidas preventivas, como o fechamento de fronteiras, imposição de bloqueios nas estradas e distribuição de panfletos com orientações de combate à uma doença sem nome. Todas essas iniciativas negam o termo coronavírus e utilizam palavras genéricas como “enfermidade” e “doença respiratória”.
Casos no país
De acordo com o governo do país, não há registros de pessoas contaminadas com a Covid-19. No entanto, a informação oficial não parece plausível levando em consideração a grande fronteira que o Turcomenistão tem com um de seus vizinhos, o Irã, que acumula 44 mil casos oficiais e quase 3 mil óbitos pela doença.
“As autoridades turcomenas fizeram jus à sua reputação adotando esse método extremo de erradicar todas as informações sobre o coronavírus”, conta Jeanne Cavelier, chefe da seção Leste Europeu e Ásia Central da ONG Repórteres Sem Fronteiras.
Fonte: JC NE
Créditos: JC NE