HPV é um vírus que infecta a pele e as mucosas, podendo causar verrugas ou lesões percursoras de câncer, como o câncer de colo de útero, garganta ou ânus. O nome HPV é uma sigla inglesa para “Papiloma vírus humano” e cada tipo de HPV pode causar lesões em diferentes partes do corpo.
É tanta desinformação sobre o HPV, sigla inglesa para o “Papiloma Vírus Humano”, que vez ou outra vejo o povo dizendo que só “mulher / menina rodada” o adquire. Como se homens / meninos estivessem imunes a ele. E como se ter HPV fosse sinal de promiscuidade. Nossa, então cerca de 80% dos brasileiros tão transando com todo mundo por aí sem camisinha… Bora derrubar esses mitos.
– Mas como é que pega?
Então, 98% dos casos são pelo contato sexual. Pega em meninos/homens e meninas/mulheres. Só que, diferente de outras doenças sexualmente transmissíveis, basta o contato de pele com pele. Ou seja, não precisa acontecer penetração ou troca de fluidos. Roçou vagina com pênis? Risco. Rolou apenas sexo oral? Risco. Foi anal? Risco. Na boa, não tem jeito: camisinha sempre – sim, inclusive quando a língua for usada. Esse negócio de que pega na tolha ou na calcinha / cueca compartilhadas com outras pessoas é muuuuito raro. Ah, a gente não pode esquecer que a transmissão do HPV pode ser vertical, da mãe para o feto.
– Basicamente significa que a pessoa é promíscua?
Nada a ver! Quem acredita nesse mito precisa se informar melhor. Pra você ter ideia, entre 80% e 90% da população já entrou em contato com o vírus alguma vez na vida. A gente não se dá conta porque mais ou menos 9 em cada 10 pessoas consegue eliminá-lo do organismo naturalmente. E nem percebeu porque não teve sintomas, não desenvolveu lesões visíveis…
– Como sei se tô com isso aí?
Em geral a gente só descobre quando começam a pipocar umas verrugas ou lesões na pele que coçam – tipo manchinhas brancas ou meio castanhas. Bem comum que elas surjam nos genitais do homem e da mulher – o lance é que o pênis e a vulva são partes externas, você consegue ver, mas podem estar dentro da vagina e no colo do útero. Também dá na garganta, na boca, nos pés e nas mãos, no ânus e em outros lugares do corpo.
– Ok, então se eu não enxergo…
Um exame “enxerga”. Médicos como ginecologistas, urologistas e até dermatologistas podem pedir que você faça um Papanicolau, uma colonoscopia, uma vulvoscopia ou uma peniscopia. Não vai se desesperar porque não quer dizer, necessariamente, que ele desconfia “vixe tá infectada (o)”. Muitas vezes é um exame de rotina mesmo, mais como forma de prevenção.
– Quero saber quem me passou esse vírus.
Vixe, querida (o), eu diria que é quase impossível saber como e quando a pessoa foi infectada pelo HPV. Você pode ter transado com alguém, mesmo sem penetração, que não tivesse sintomas visíveis – aliás é provável que esse cara ou essa mina nem soubesse! Se você pegou o vírus, ele pode ficar encubado / escondido no seu organismo por meses ou anooos até se manifestar.
– Todo mundo vai saber que tenho?
A não ser que você saia pela rua gritando, ninguém tem como saber. Primeiro porque você pode não apresentar sintomas. Segundo porque pode ser que os sintomas fiquem restritos às genitálias – imagino que você não ande por aí com suas partes íntimas dando oi pra galera na padaria, na balada, na academia… Terceiro porque, ainda que você tenha verrugas ou manchas pelo corpo, muita gente também têm parecidas por motivos como: infecção, alergia, sinais de nascença etc.
– Tem cura, tratamento, essas coisas?
Tem super: cerca de 90% das pessoas com HPV são “curadas”. Só que não adianta você achar “eu resolvo”. O médico é quem vai determinar, com base no tipo de manifestação, qual o melhor tratamento. Lesões menores e em pequena quantidade podem ser tratadas com cremes e ácidos. Outras podem ser retiradas por meio de técnicas como cauterização a laser no próprio consultório do ginecologista, por exemplo. Sem sintomas como esses, provavelmente o médico vai pedir apenas que você faça exames com mais frequência para acompanhar o desenvolvimento do vírus – seu sistema imunológico pode dar conta sozinho de botá-lo pra fora. Não funciona como o vírus da herpes que o corpo nunca elimina, entende?
– Se muita gente tem ou vai ter HPV, por que eu deveria me assustar?
Meu, não é questão de se assustar e ficar em pânico. Mas também não dá pra ignorar um vírus relacionado à doenças como câncer de colo de útero, garganta e ânus. O Ministério da Saúde calcula 15 mil novos casos de câncer de colo de útero e 5 mil mortes em função dele no Brasil todos os anos. Pra não falar dos quase dois milhões de ocorrências anuais de verrugas genitais. Com base nesses dados, eu escolho me prevenir – e você?
– Você acha que vale a pena tomar a tal da vacina?
Ô se vale! Existem cerca de 150 tipos de vírus HPV catalogados, dos quais 14 podem causar lesões precursoras de câncer. A vacina bivalente previne aproximadamente 70% dos casos de câncer no colo do útero e outros tipos – cujos vilões são os HPV 16 e 18. Já a vacina quadrivalente te protege também contra HPV 6 e 11, responsáveis por 90% das verrugas genitais. Ambas estimulam a produção de anticorpos para cada os tipos específicos de HPV.
– Beleza, tomo umas injeções e adeus camisinha?
Nãnãninã-não! Tem outras infecções sexualmente transmissíveis por aí, né, migo (a). Fora que, mesmo tomando a vacina contra esses tipos de HPV, você não se protege contra TODOS os eles.
– Onde eu acho?
A vacina quadrivalente contra o HPV está disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 13 anos e para meninas vivendo com HIV de 9 a 26 anos. A partir deste ano, meninos com 12 e 13 anos também serão beneficiados. As clínicas particulares / rede privada oferecem tanto a vacina bivalente (meninas e mulheres a partir dos 9 anos) quanto a quadrivalente (meninas e mulheres entre 9 e 45 anos; meninos e homens entre 9 e 26 anos). Alguns convênios cobrem esse custo, tá?
Fonte: Blog na Pimentaria
Créditos: Blog na Pimentaria