Quando o assunto é evitar a gravidez, as mulheres contam com diversos métodos contraceptivos (pílula anticoncepcional, DIU, injeção, anel, camisinha, chip, etc), já os homens ficam limitados ao preservativo e à vasectomia. Mas uma novidade parece ter aparecido para proporcionar mais igualdade ao planejamento familiar: trata-se do gel anticoncepcional para os homens.
O produto já passou pela primeira fase de testes e se mostrou seguro e eficaz. Agora segue para a fase de testes com seres humanos. Os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos devem iniciar em breve o teste com 420 casais voluntários, que usarão o gel como único método contraceptivo durante um ano. Os primeiros homens vão passar o gel em seus ombros e costas todos os dias entre 4 e 12 semanas para se certificarem de que toleram bem o produto. Durante esse período, os níveis de espermatozoides também serão medidos (até 16 semanas, se necessário). Se, após esse intervalo, a produção for baixa para os cientistas considerarem o contraceptivo NES / T, a estimativa é de que o produto entre em nova fase de testes, para aprovar a comercialização.
O gel tem sido visto com otimismo pela comunidade científica, já que seria uma nova opção ao preservativo. O objetivo dele é ajudar no controle de natalidade e parar a produção de espermatozoides, conforme anunciaram os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, país onde 45% das gestações indesejadas são causadas, principalmente, pelo não uso ou uso inadequado da camisinha.
A fase dos testes com voluntários deve durar em torno de 2 anos e existe a possibilidade de que o produto esteja disponível no mercado depois desse período, dependendo dos resultados. Mas o fato é que o processo já está bem adiantado. “Esse é um dos poucos estudos para homens que foi tão longe até hoje. A ideia é bem interessante, porém vamos precisar saber a aceitação, a aderência e se os homens vão querer usar o gel”, pontua o ginecologista Márcio Coslovsky, membro da Rede Latino-americana de Reprodução Assistida (REDLARA) e diretor da Clínica Primordia (RJ).
Por dentro da novidade
Chamado de NES/T, o novo gel conta com dois hormônios: progestina e testosterona. “A primeira substância age no bloqueio da espermatogênese (produção do espermatozoide), porém, como essa inibição leva à queda nos níveis de testosterona, há também impacto na libido. Daí, a ideia associa-la com a testosterona, evitando a falta de desejo sexual”, explica o ginecologista Márcio Coslovsky, membro da Rede Latino-americana de Reprodução Assistida (REDLARA) e diretor da Clínica Primordia (RJ).
Para que o gel tenha efeito, ou seja, para que bloqueie, de fato, os espermatozoides, será necessário usá-lo por, pelo menos, 60 dias seguidos. A indicação é aplicá-lo nos ombros, na barriga ou na coxa. Passado esse período inicial, o gel é, então, absorvido pelo organismo. O ginecologista explica que efeitos colaterais do gel são parecidos com os da pílula anticoncepcional feminina: “Inchaço, pele oleosa e aparecimento de acne podem acontecer. Mas, em doses pequenas, é uma medicação bem segura e com pouco efeito colateral”, afirma o especialista.