“Venho publicamente pedir perdão pelo meu voto equivocado para presidente da República do Brasil”. Essa frase foi dita pela pastora Jacqueline Rolim, da Assembleia de Deus, em Brasília, em vídeo postado nas redes sociais. Com as mãos unidas em formato de prece, ela convida outros evangélicos a participarem de um protesto contra Jair Bolsonaro.
Eleitora do presidente em 2018, Jacqueline diz que a “gota d’água” para que se arrependesse a ponto de pedir perdão publicamente foi o dia em que Bolsonaro imitou pessoas com covid com falta de ar.
“Mudei de opinião durante a pandemia, quando ele começou a imitar alguém que estivesse morrendo sem ar. Ele não comprava vacina e ficava dizendo: ‘é só uma gripezinha e ficava imitando alguém arfando, tentando respirar'”, lembra.
“Eu tenho bronquite asmática. Eu sei o que é ficar sem ar. Isso me doeu e eu entendi que ele estava agindo com impiedade, como um anti-cristão totalmente.”
O vídeo do pedido de perdão, publicado em setembro do ano passado no Instagram e Facebook, chocou parentes e colegas de Jacqueline na igreja.
Ela chegou a ser excluída do convívio de alguns pastores. Mas acabou conhecendo e se aproximando de outras evangélicas que, como ela, se decepcionaram com Bolsonaro.
“Minha irmã me chamou de comunista no WhatsApp, ficou escandalizada. Pessoas da igreja me abandonaram e me rejeitaram. Até pessoas que eu conheço desde criança, que são pastoras, deixaram de me seguir nas redes sociais e não têm mais contato comigo, não querem conversa”.
“Mas eu também conheci um grupo de mulheres evangélicas negras que pensam como eu e que querem mudar o que está acontecendo com o Brasil.”
“Quando o Lula foi eleito em 2002, pela primeira vez, foi uma festa. Só que logo ele começou a negociar com o pessoal da direita”, diz.
“Quem gostava das ideias que ele pregava antes, como os trabalhadores, ficou decepcionado. Foi o meu caso. Eu fiquei muito decepcionada, eu me senti traída.”
Na eleição de 2018, Jacqueline votou em Marina Silva no primeiro turno. “Era uma mulher preta, evangélica, que tinha boas propostas para o país.”
No segundo turno, se viu obrigada a escolher entre o candidato do PT, Fernando Haddad, e Bolsonaro. “A gente ficou entre a cruz e a espada. Eu não confiava no candidato petista. E eu não concordava com o Bolsonaro, mas também não o conhecia, porque quando me senti traída eu me alienei. Não quis mais saber de política, não queria me envolver mais”, conta.
Jacqueline, então, optou por Bolsonaro por ele se dizer cristão e falar constantemente em Deus.
“Escolhi ir lá sem compromisso, sem conhecimento. Eu pensei: ‘Vou arriscar. Não me importo mais. Ele está fazendo uso do nome de Deus, usando o versículo. Quem sabe ele faz alguma coisa por causa de princípios cristãos, né’.”
“Jesus é amor. O meu compromisso é com o amor e eu vejo meus irmãos que dizem pregar o amor e que ainda estão com Bolsonaro. Eles ainda não perceberem que o governo é totalmente contrário à atitude de amor, de inclusão e de acolhimento às pessoas que não têm recursos.”
Fonte: Yahoo
Créditos: Polêmica Paraíba