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Em Manaus, enfermeiros escrevem carta emocionante a pais que perderam bebê e foto viraliza

A equipe do Instituto da Mulher Dona Lindu, de Manaus, deu exemplo de empatia nesta segunda-feira (30), ao escrever uma carta de despedida como se fosse do bebê para seus pais: “Durante 21 semanas e 3 dias, pude sentir o quanto vocês me amam. Fiquem em paz”

“Hoje a tarde pude presenciar uma cena sensacional. Estou nos meus últimos dias de estágio em Ginecologia e Obstetrícia, onde durante 2 meses e 1 semana convivi bastante com a rotina obstétrica, acompanhando e participando de vários partos, tanto normal quanto cesariana. Porém, hoje, me deparei com uma situação completamente diferente”, escreveu o estudante de medicina Marcelo Augusto Pereira Batista, 25, em suas redes sociais. E ele continuou: “Por conta de uma infecção grave, uma mãe perdeu seu bebê após 21 semanas e 3 dias de gestação. A equipe de enfermagem do Instituto da Mulher Dona Lindu resolveu fazer essa linda carta de despedida da criança para os pais, com o carimbo do pezinho do seu bebê, com o intuito de amenizar um pouco a dor da perda de seu filho”, conta.

A carta diz:

“Papai e mamãe, durante 21 semans e 3 dias, pude sentir o quanto vocês me amam e eu também já amava vocês. Sei que seriam pais excelentes. Fiquem em paz! Nasci e voltei para o céu no dia 30/09/19, às 14h45, no Instituto da Mulher Dona Lindu. E pesei 0,370 gramas. Irei no coração de vocês, aonde forem, para sempre.”

“Isso ganhou meu dia, ganhou minha semana, ganhou todo o tempo de estágio em que passei pelas maternidades de Manaus. Diante de todo o caos que a saúde do Amazonas está passando — falta de medicação básica, falta de leitos, falta de materiais, pagamentos atrasados de todos os profissionais da área da saúde, deixando assim muitos profissionais desestimulados, vendo pacientes morrerem e não podendo fazer, literalmente, nada — mesmo assim, essa equipe que hoje passou o dia de plantão, exerceu seu papel com tanto amor ao próximo, honrando o juramento que fizeram no dia de suas formaturas. Com toda certeza essa carta não trará o filho de volta, mas amenizará bastante a dor da perda dos pais e familiares”.

AMOR E EMPATIA

“Isso que aconteceu foi algo que chamou bastante minha atenção e por isso publiquei”, disse Marcelo à nossa equipe. Em menos de 24 horas, o post do estudante foi compartilhado mais de 25 mil vezes e recebeu quase 4 mil comentários e elogios. “É desse amor que o mundo está precisando”, escreveu uma pessoa. “Pequenos gestos que fazem toda diferença”, disse mais uma. Outras, identificaram-se com a perda e desabafaram: “É muito triste sair com os braços ‘vazios’ de uma maternidade e sem ter uma palavra que afague nossa alma naquele momento. Eu sei, pois passei por isso, e uma recepcionista desavizada ainda me perguntou onde estava o meu bebê, por que eu não estava com ele. Foi muito sofrimento e pouca responsabilidade com a sensibilidade do momento”, contou uma mãe.

Fonte: Revista crescer
Créditos: Revista crescer