Astrônomos europeus conseguiram observar o momento em que um buraco negro se alimenta de gases que estão ao seu redor, bilhões de anos atrás. Os cientistas do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) usaram um grande telescópio (Very Large Telescope) e enxergaram reservatórios de gases frios de uma das primeiras galáxias do universo. A descoberta ajuda a entender melhor a formação do universo.
A imagem foi divulgada nesta quinta-feira (19), na revista científica “The Astrophysical Journal”.
O que é um buraco negro e como feita a primeira imagem?
A parte em azul na foto é um acúmulo de gás hidrogênio. Esses objetos super luminosos são chamados “quasares”, e estão muito distantes da Terra. Acredita-se que eles sejam ligados a buracos negros supermassivo que estão no centro de galáxias.
A imagem que vemos hoje mostra uma situação que ocorreu 12,5 bilhões de anos atrás – já que a luz emitida lá demora bilhões de anos para chegar até nós, aqui na Terra.
Portanto, é uma imagem que mostra um fato do início do universo. Embora possa parecer que a imagem está “desfocada”, na verdade ela tem altíssima qualidade e registra um objeto super distante.
Esses acúmulos de gás são o perfeito “alimento” para os buracos negros supermassivos que estão ao centro de uma galáxia. De forma bem humorada, os astrônomos chamaram isso de “café da manhã de buraco negro”.
Os cientistas observaram essa nuvem de hidrogênio em 12 de 31 quasares, num período em que o universo tinha apenas 870 milhões de anos.
Uma forte hipótese entre os cientistas é de que os primeiros buracos negros, que se formaram a partir do colapso das primeiras estrelas, cresceram muito rapidamente. Entretanto, ainda não tinha sido possível ver “o alimento do buraco negro”, basicamente gás e poeira.
Primeiros ‘monstros’ do universo
“Conseguimos demonstrar, pela primeira vez, que as galáxias primordiais têm alimento suficiente nos seus ambientes para sustentar tanto o crescimento de buracos negros supermassivos quanto a formação de uma estrela vigorosa”, declarou, em comunicado, Emanuele Paolo Farina, do “Max Planck Institute for Astronomy”, em Heidelberg, na Alemanha, e líder do projeto.
“Isso insere uma peça fundamental no quebra-cabeça que astrônomos estão montando para ver como estruturas cósmicas se formaram mais de 12 bilhões atrás”, acrescentou Farina.
A pergunta que inspirou os astrônomos é como os buracos negros supermassivos conseguiram crescer tanto e ficar tão grandes já no início do universo, quando ele ainda estava se formando.
“A presença desses monstros primitivos, com massa equivalente a bilhões de vezes a do nosso Sol, é um grande mistério”, disse Farina.
O time de cientistas incluiu especialistas da Alemanha, dos Estados Unidos, da Itália e do Chile. Eles esperam continuar observando e estudando as galáxias no início do universo.
Fonte: G1
Créditos: G1