Quando o imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos, em 313, ele impulsionou uma tradição na história da arte ocidental que permaneceu até o Iluminismo: a produção de imagens baseadas no cristianismo. Embora as páginas da Bíblia não digam nada sobre o aspecto físico de Jesus, seu rosto é um dos mais conhecidos da cultura ocidental.
Século 4 – O Bom Pastor
Os primeiros cristãos se apropriavam de figuras pagãs para representar Jesus. Era comum os fiéis recorrerem a imagens de pastores jovens e sem barba – que aqui aparece em meio aos animais – para associarem-na a ele.
540 – A Transfiguração
Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos e incentivou a construção de igrejas. O sentimento de vitória do cristianismo era representado por grandes mosaicos bizantinos – este é da igreja Santa Catarina, no monte Sinai.
1100 – Pantocrátor da Igreja da Virgem
O Pantocrátor (aquele que tudo rege) foi a primeira imagem a ser usada quase como um padrão para representar Jesus por muito tempo: ele é criador, juiz e redentor. Este mosaico foi feito no mosteiro de Dafne.
1304/06 – Lamentação do Cristo Morto
Até então, os artistas não se preocupavam em imprimir sua marca nas obras – o que acontece a partir do italiano Giotto. Aqui, ele abandonou a rigidez bizantina e deu volume e emoção à figura de Jesus.
1494/97 – A Última Ceia
Jesus da Renascença chega impregnado pelos conceitos de beleza ocidentais – proporção, harmonia e simetria, por exemplo. O italiano Leonardo da Vinci criou uma obra-prima no perfeito exemplo renascentista.`
1534/41 – O Juízo Final
Sob a influência da arte helenística, inspirada sobretudo nas imagens de Apolo e Orfeu, a figura de Jesus sem barba persistiu durante muito tempo – foi usada até pelo italiano Michelângelo na Capela Sistina.
1601 – Ceia em Emaús
A utilização da iluminação lateral dotou a arte barroca de seu principal recurso, o contraste. Embora já fosse usado por outros artistas, foi o italiano Caravaggio que melhor conseguiu representar Jesus com essa característica.
1889 – O Cristo Amarelo
No século 18, com o pensamento iluminista voltado mais às coisas da Terra, os artistas abandonaram a figura de Jesus. No fim do século seguinte, o francês Paul Gauguin, pós-impressionista, voltou a retratar a crucificação.
1938 – Crucificação Branca
As obras do bielo-russo Marc Chagall foram consideradas uma afronta à estética nazista quando Hitler chegou ao poder, em 1933. O artista, judeu, reagiu ao Holocausto pintando Jesus morto, como metáfora da dor.
1954 – Contemporâneo
O surrealismo do espanhol Salvador Dalí mostra um Jesus fora do seu tempo e cenário histórico. Apoiado na cruz tridimensional, não está ferido, não está pregado, mas parece preso. E seu rosto não pode ser visto.
Fonte: Aventuras na história
Créditos: Aventuras na história