Saúde

Fazer sexo e ir ao mercado sem listas estão entre as práticas que podem proteger o cérebro de demências; veja outras

Sintomas como desatenção, lapsos de memória, lentidão no raciocínio e dificuldade de concentração não necessariamente configuram início de uma demência, mas aponta um desempenho cognitivo abaixo do desejado.

Mulher com cérebro iluminado
Foto: Getty Images / BBC News Brasil
Mulher com cérebro iluminado Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A demência é uma síndrome que engloba diferentes diagnósticos que causam declínio cognitivo. Entre os principais motivos para a síndrome está a doença de Alzheimer. Porém, fatores como boa alimentação, sono suficiente e prática de atividades físicas podem proteger o cérebro de doenças.

Sintomas como desatenção, lapsos de memória, lentidão no raciocínio e dificuldade de concentração não necessariamente configuram início de uma demência, mas aponta um desempenho cognitivo abaixo do desejado.

Alguns exercícios podem estimular o cérebro para trabalhar a neuroplasticidade, capacidade de o sistema nervoso criar novas conexões neuronais. Explicou o neurocientista e neurocirurgião Fernando Gomes, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), ao Jornal OGlobo.

Confira 7 práticas para estimular a mente e proteger o cérebro.

1 – Voltar para casa sem aplicativos

Segundo o neurocientista, a desorientação espacial é um dos sintomas de perda das função cerebrais. Porém, uma das maneiras de “estimular essa habilidade para pessoas saudáveis” é “por meio da cidade é uma boa estratégia”.

Conhecer lugares novos e voltar de transporte público sem o auxílio de aplicativos é uma maneira de estimular essas habilidades. A expectativa é de que se faça algo que demande esforço para se localizar geograficamente e pensa em rotas.

2 – Ouvir música em volume mais baixo

Um novo relatório da comissão especializada em demência da revista The Lancet destacou fatores de risco que contribuem para 50% dos casos de demência no mundo. Entre os fatores que mais influenciaram é a perda auditiva, com cerca de 7% do risco.

“É um aspecto que tem sido pouco falado, mas é talvez um dos mais cruciais. Pessoas que têm perda auditiva a partir da idade adulta têm um risco muito aumentado para Alzheimer e outras demências. A boa notícia é que o uso de aparelhos auditivos faz esse risco aparentemente desaparecer. E é de fato impressionante, vemos que a pessoa começa a interagir melhor, fica menos isolada, então tudo melhora”, explicou Rogério Panizzutti, diretor do Laboratório de Neurociência e Aprimoramento Cerebral (LabNACE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ao OGlobo.

3 – Ir ao mercado sem listas

“Geralmente as pessoas vão ao mercado ou à farmácia e mandam os itens pelo WhatsApp ou escrevem uma lista. Mas uma ideia prática para exercitar a memória é tentar encontrar todos os itens de que precisa sem consultar nada. No final, antes de ir embora, pode consultar a lista para garantir que pegou tudo. Na correria do dia a dia é difícil, mas se propor a fazer isso leva a exercitar de uma maneira muito orgânica a própria memória”, diz o neurocientista Fernando Gomes.

4 – Aprender a tocar um instrumento

Aprender novos idiomas, artes ou instrumentos musicais estimulam o cérebro e o protege no futuro. A música é algo intelectualmente difícil, já que com o aprendizado adquirido com o tempo, desenvolve memória de trabalho e coordenação motora.

5 – Fazer sexo

O sexo é uma das atividades que estimula o cérebro. Hoje, o assunto é mais falado entre jovens e adultos, mas ele é importante também durante a velhice. “As pessoas atingem idades mais avançadas e deixam o sexo como algo secundário. Quando ela tem um relacionamento, até se mantém ativa. Mas se não tem, e perpetua o preconceito das gerações anteriores, entende que aquela parte da vida morreu. Mas fazer sexo e se relacionar intimamente é importante para estimular o cérebro, tanto pela sociabilidade, mas também porque implica uma necessidade de saúde física e mental”, relata Gomes.

6 – Sair para dançar

Um dos fatores de risco para a demência, segundo a Lancet, é a solidão na velhice. Em 2023, o cirurgião-geral dos Estados Unidos, principal autoridade de saúde pública do país, Vivek Murthy, publicou um relatório em que comparou o impacto de estar socialmente desconectado ao causado por fumar até 15 cigarros por dia.

“Em muitas sociedades vemos essa questão da solidão crescendo muito. É um problema no mundo inteiro e que está associado a uma chance maior de desenvolver Alzheimer. Então uma coisa prática para pessoas mais velhas é buscar se manter em ambientes sociais”, explica o professor Rogério Panizzutti.

7 – Escrever

A última forma de estimular o cérebro da lista é a escrita. A escrita é uma forma de organizar ideias no cérebro e estimular a linguagem e a comunicação, as fortalecendo. Escrever um texto a mão por semana é o suficiente para estimular essas partes do cérebro e ajuda a protegê-lo.

O Globo