Em busca de alternativas para complementar o tratamento do câncer, muitas pessoas recorrem aos chás, buscando alívio para os sintomas, e também esperança de cura. No entanto, a utilização dessas infusões requerem cuidados e orientação médica adequada.
Os chás são bebidas feitas pela infusão de ervas, especiarias, flores, folhas, frutas ou outras plantas em água quente. Essas infusões podem ser consumidas quentes ou frias e são apreciadas em todo o mundo por suas propriedades aromáticas e terapêuticas. Existem diversos tipos de chás, como chá preto, chá verde, chá branco, chá de ervas, entre outros, cada um com suas características distintas em termos de sabor, cor e benefícios à saúde.
Algumas pessoas, por influência das redes sociais ou até mesmo por indicação de amigos e parentes, acabam adicionando a erva ao tratamento de doenças como o câncer, mas, sem terem algum tipo de orientação ou indicação médica.
“Muitos pacientes procuram tratamentos complementares para usar durante o tratamento do câncer. Muitos amigos, familiares e vizinhos também aconselham o paciente. Atualmente, há a pesquisa destes chás na internet. É claro que o intuito de todos é auxiliar o paciente, mas precisamos ser muito criteriosos”, afirmou o médico oncologista, Thiago Almeida.
A falta de orientação médica pode levar a consequências graves, como a interação negativa entre os compostos presentes nos chás e os medicamentos utilizados no tratamento do câncer. “Não que eles nunca funcionem. Mas os pacientes querem saber como fazê-lo, qual a quantidade e como deve ser o uso frequente deles de forma específica para seu gênero, peso e tipo de câncer”, explicou Thiago Almeida.
Questionado sobre a existência de alguma evidência científica que comprove a eficácia de algum tipo de chá no combate ao câncer, Thiago Almeida afirmou que até o momento, não existem evidências científicas que comprovem sua eficácia. Além disso, alguns estudos apontam que certos chás podem ser prejudiciais, especialmente durante a quimioterapia.
“Nós médicos trabalhamos baseados em evidências através de estudos clínicos bem elaborados e realizados por vários países no mundo. Até o momento, não há evidência de chá que cure ou melhore durante o tratamento do câncer. Alguns estudos relacionam chás que atrapalham e podem ser tóxicos especialmente durante a quimioterapia, como folha de graviola, chá de 50 ervas e chá erva de São João. Ainda, deve-se ter muito cuidado devido risco de chás com agressão ao fígado e risco de desidratação. Estas disfunções tóxicas podem determinar a suspensão da quimioterapia”, acrescentou.
Para Thiago Almeida, não se deve substituir o tratamento médico convencional pelo uso de chás, visto que o ideal para o tratamento do câncer é a cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
“Vamos pensar juntos: quando temos uma hipertensão precisamos usar anti-hipertensivo. Se contra a hipertensão utilizamos remédio anti-diabético, não vai funcionar. Haverá aumento da pressão arterial e ocorrerá hipoglicemia. No caso do câncer, o que trata é cirurgia, radioterapia e quimioterapia. A ausência destas ferramentas permitirá o avanço do câncer. Assim, não se deve substituir tratamento pelo uso de chá.”, finalizou o médico.
Thiago Lins Almeida RQE 4366
Médico Oncologista Clínico