
Novo sucesso da Netflix, a série intitulada de “Adolescência”, aborda acima de tudo, a influência das redes sociais no comportamento dos jovens de hoje. Conforme relatos de profissionais da saúde mental, a ausência dos pais no dia a dia, pode se tornar um agravante para o desenvolvimento de implicações profundas e severas.
Sinopse da série Adolescência
A minisérie britânica narra a história de Jamie Miller, um garoto de 13 anos, acusado de assassinar uma colega da escola onde estuda. Paralelo a isso, seu pai, Eddie, tenta compreender o que houve, enquanto a psicóloga, Briony Ariston, se esforça para desvendar a mente do menino.
Além disso, a obra procura também, chamar a atenção do espectador para a navegação digital de Jamie, o protagonista. Ao longo de sua trajetória, ele acaba passando por vídeos e conteúdos aparentemente inofensivos, mas que o levam, pouco a pouco, a formar ideais mais radicais.
Em suma, a série não coloca a culpa inteiramente deste fato nas redes, mas ressalta que a solidão digital, o algoritmo e perda de referências, presentes no ambiente, podem contribuir para um maior isolamento social.
O que dizem os psicólogos
Em entrevista ao Polêmica Paraíba, a Psicóloga Mayara Almeida, a respeito da falta de acompanhamento dos pais nas comunidades virtuais, ela responde:
“Esta é uma questão extremamente relevante e complexa, especialmente no contexto da saúde mental e do desenvolvimento dos adolescentes na contemporaneidade. A série “Adolescência” nos oferece um importante ponto de partida para essa reflexão, sendo fundamental que pais, educadores e profissionais da saúde mental estejam atentos a essa realidade e busquem formas de intervir de maneira eficaz. A falta de acompanhamento parental nas comunidades
virtuais é um fator de risco significativo com implicações profundas”, disse.
Para ela, os seguintes aspectos devem ser levados em consideração:
- O Adolescente e a Busca por Identidade e Pertencimento
- A Natureza das Relações Virtuais
- . O Impacto na Saúde Mental e Emocional
- A Dinâmica Familiar e a Comunicação
“É crucial que os pais busquem se informar sobre o universo online de seus filhos, estabeleçam um diálogo aberto e honesto, definam limites saudáveis e ofereçam um espaço seguro para que possam compartilhar suas experiências e desafios. Não se trata de proibir o acesso, mas de participar ativamente desse mundo, oferecendo um olhar cuidadoso e uma presença que possa auxiliá-los a surfar por essas águas, por vezes turbulentas, de forma mais segura e consciente.”, finaliza.
Por outro lado, sobre qual a importância que os jovens atribuem ao tentar manter uma imagem positiva nas redes sociais, ela destaca que a cultura online, nos dias de hoje, exerce uma influência forte nos jovens. Dessa forma, procuram, ao máximo, conservar uma boa imagem não somente para si mesmos, como também, para se equiparar aos padrões estabelecidos.
“Em suma, a importância que os jovens atribuem à manutenção de uma imagem positiva nas redes sociais está intrinsecamente ligada às suas necessidades de aceitação, construção da identidade, evitação do julgamento e busca por um lugar no mundo social, tanto online quanto offline. Compreender essa dinâmica é fundamental para que pais, educadores e profissionais da saúde mental possam oferecer um suporte adequado e ajudar os jovens a desenvolverem
uma autoestima mais sólida e menos dependente da validação externa virtual.”, complementou.
Para concluir, referente aos casos de violência entre jovens e sua relação com o uso excessivo do ambiente virtual, Mayara chama a atenção para alguns pontos. Dentre eles, a facilitação ao Cyberbullying e o impacto de grupos da subcultura online, que muitas vezes, acabam interferindo no desenvolvimento emocional dos adolescentes.
“É fundamental considerar que o uso excessivo do ambiente virtual, muitas vezes ocorre num contexto de fragilidades nas relações familiares, como falta de supervisão parental, dificuldades de comunicação familiar, isolamento social ou experiências de violência pregressas. O mundo virtual pode, então, se tornar tanto um refúgio quanto um catalisador para a expressão de angústias e conflitos. Assim, o uso excessivo do ambiente virtual pode influenciar negativamente
os casos de violência entre jovens através da normalização, do aumento da agressividade, da facilitação de novas formas de violência e da exacerbação de conflitos preexistentes. Fortalecer as relações interpessoais no mundo real como forma de prevenção e intervenção, é um caminho saudável.”, finaliza.