O candidato do PSC ao Governo do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e o candidato do DEM, Eduardo Paes, trocaram declarações polêmicas nos dois primeiros dias após a decisão do primeiro turno.
O embate começou na segunda-feira (8), quando Witzel declarou, em um vídeo transmitido ao vivo nas redes sociais, que poderia dar “voz de prisão” ao ex-prefeito, caso o rival na disputa ao governo cometa injúria contra ele.
“É muito triste ver outro lado se desesperando que essas notícias saem, evidentemente, do adversário. Quando a gente tinha, na eleição, 10, 12 candidatos, fica difícil saber da onde está vindo. Mas agora como temos um adversário só posso imaginar e como magistrado, fui juiz por 17 anos, nós temos uma capacidade, viu candidato adversário, capacidade muito superior que você imagina para fazer avaliações e essas fake news que ocorrem hoje, você vai ser responsabilizado por todos porque você e o seu grupo estão colocando isso na internet. Eu não tenho outro adversário, só você. Você saia do armário, tá? Mostra a sua cara e vá no debate que você vai ver a resposta. Tá?
Agora cuidado que o crime de injuria tá sujeito a prisão de flagrante viu? Dá uma estudadinha, conversa com seus advogados, porque se você falar mentiras ao vivo eu vou te dar voz de prisão, vai ser o primeiro candidato a governador que vai ter voz de prisão ao vivo num debate. Eu avisei ao Garotinho que se fizesse isso eu daria voz de prisão a ele, e iriamos direto para a delegacia para lavrar o auto de prisão em flagrante, evidente se você não se submeter à lei 9999 que é o termo circunstanciado. Então, é um aviso que eu te dou, tá? Cuidado com a sua língua, cuidado porque a língua é o chicote do rabo, diz o ditado popular”, declarou.
Paes cita ‘carteirada’
Paes respondeu com outro vídeo, em que disse: “Eu tava vendo um vídeo que circulou ontem na internet do candidato Witzel dizendo que ia me prender, dar voz de prisão no debate se eu fizer qualquer tipo de xingamento ou injúria. Eu fiquei curioso porque no primeiro turno, em duas oportunidades, o Romário chamou ele de ‘frouxo’ e eu não vi ele dando voz de prisão nenhuma. E vi o Indio chamando ele de ‘mentiroso’. Também não vi dando voz de prisão nenhuma. Depois eu vi o candidato Garotinho dizendo que ele ofereceu, o Witzel, ofereceu a ele, Garotinho, favores na Justiça Federal. E, mais uma vez, não vi ele dando voz de prisão para ninguém. Não entendi. Será que ele concordou com tudo o que disseram? Não se sentiu injuriado? Nós estamos aqui pro debate eleitoral. Nós vamos apresentar propostas para o Estado e falar sim das características de cada candidato. Aqui não vai funcionar carteirada, não!”.
Nesta terça (9), em campanha, os dois voltaram a falar sobre o assunto. Witzel disse: “O crime de injúria, é um crime de pequeno potencial ofensivo. Está sujeito sim a voz de prisão. O que eu tenho dito é que política no Brasil hoje tem sido feita de uma forma irresponsável. Essas fake news que estão sendo apresentadas aí. Nós não precisamos mais de intolerância. Nós precisamos de mais debates sim, mas respeitar as opiniões contrárias. Esse tipo de fakenews, só pode sair de um lado, do lado do candidato opositor. Eu quero dizer que esse tipo de política destrutiva eu não vou admitir. Se for praticado crime de injúria, durante programa de televisão, nós vamos parar na delegacia”, afirmou.
No Hospital da PM, onde fez campanha, o ex-prefeito também comentou a declaração de Witzel: “Vou ouvir a calúnia dele, a injúria dele, não vou dar voz de prisão, e vou dizer: é uma mentira. Enfim, não vou prendê-lo por calúnia, injúria e difamação, vou ouvi-lo sobre essa acusação infundada e dizer que é uma mentira. Agora, vai ter que aprender sim que as luzes são jogadas sobre quem é candidato. Sai da sombra, acendem os refletores e todos nos vamos ser inquiridos sobre aquilo que a gente fez. A imprensa cumpre esse papel permanentemente. ”
Especilistas condenam declaração
Especialistas ouvidos pelo RJ2 afirmaram que o candidato Wilson Witzel não poderia dar voz de prisão num caso como o citado. O advogado Paulo Freitas afirmou que não existe flagrante em crime de injúria, que é de menor potencial ofensivo, e que isso não é possível num debate porque, mesmo quando há exageros, a intenção é debater ideias.
O advogado Nélio Machado considerou a afirmação de Witzel descabida do ponto de vista legal. Segundo ele, esse é uma forma imprópria e arbitrária, inaceitável numa democracia.
Fonte: G1
Créditos: G1