As eleições de 2022 foram as mais acirradas desde o retorno do voto direto em 1982.
Na principal disputa do estado, não foi diferente. O Governador João Azevêdo teve que passar por importantes desafios para formar a chapa e enfrentar três fortes adversários no pleito de outubro.
Nessa matéria nós iremos fazer uma retrospectiva do ano do Governador e os fatos que o levaram à reeleição.
O RETORNO
No começo deste ano houve o acerto da federação entre PSDB e Cidadania. Filiado ao Cidadania após a ruptura com Ricardo Coutinho em 2019, João afirmou que não iria ficar no partido, pois não abriria mão de estar ao lado da candidatura do ex-Presidente Lula.
Com a iminente saída de João da legenda, partidos de diferentes espectros políticos se ofereceram para ser a nova casa do Governador. PV, Rede Sustentabilidade e PSD foram algumas dessas legendas, mas como diz o ditado, ‘O bom filho à casa torna’, e João decidiu voltar em fevereiro para o PSB, onde havia sido eleito em 2018 e que iria formar a chapa de Lula com Geraldo Alckmin na Vice-presidência.
A sua chegada trouxe vários nomes importantes ao partido, que tinha tido péssimos resultados na eleição municipal de 2020. Podemos destacar os Deputados Estaduais João Gonçalves, Júnior Araújo, Tião Gomes, Anísio Maia e Edmilson Soares que transformaram a bancada do partido na segunda maior da Assembleia.
EFRAIM X AGUINALDO
Efraim Filho e Aguinaldo Ribeiro eram dois dos principais nomes da base do Governador desde a sua vitória em 2018. Nos bastidores da política já existia um burburinho que ambos pretendiam se candidatar ao Senado na chapa do Governador.
A indefinição de quem seria o escolhido se arrastou durante vários meses e pareceu ter uma definição no dia 1 de abril, quando foi oficializada a surpreendente decisão de Efraim de sair da base do Governador e ser o candidato da chapa de Pedro Cunha Lima.
O caminho parecia livre para a formalização do nome de Aguinaldo na chapa, mas os meses foram se passando e essa confirmação nunca aconteceu. Essa demora acabou prejudicando o Governador que estava vendo Efraim abocanhar um grande número de Prefeitos por todo o estado.
No dia 15 de junho foi convocada uma entrevista coletiva para formalizar a decisão de Aguinaldo. Para quem esperava a oficialização da chapa, o anúncio for surpreendente. Aguinaldo confirmou que iria disputar à reeleição para a Câmara Federal e que o Progressistas indicaria o candidato a Vice-Governador.
ESCOLHA DO VICE
Uma outra indefinição é de quem seria o Vice da chapa de João Azevêdo. A atual Vice-Governadora, Lígia Feliciano, teve alguns atritos com o Governador e afirmou que também seria candidata, abrindo espaço para outro nome na composição.
Os dois principais partidos da base, Progressistas e Republicanos ansiavam essa vaga e ofereceram várias opções para o Governador. Raniery Paulino, Adriano Galdino, Wilson Filho e Léo Bezerra foram alguns dos nomes ventilados nos bastidores da política paraibana.
Após Aguinaldo Ribeiro afirmar que não iria disputar o Senado, mas que o partido indicaria o Vice, foi apenas uma questão de tempo, para a formalização de um nome do Progressistas na chapa. E no dia 26 de julho foi oficializado o nome de Lucas Ribeiro, filho da Senadora Daniella Ribeiro e atual Vice-Prefeito de Campina Grande. A sua escolha causou um pequeno racha na base do Governador, mas que foi rapidamente solucionado em conversas com os líderes do Republicanos.
A ESCOLHA DE POLLYANNA
Mesmo com a definição acerca do nome de Lucas Ribeiro, ainda faltava a escolha de quem disputaria o Senado na chapa do Governador.
Vários nomes de diferentes partidos foram ventilados para ocupar o posto, podemos destacar: Heron Cid, Geraldo Medeiros, Rangel Júnior, Gervásio Maia e Léo Bezerra.
Apenas na última semana para a oficialização das chapas no TSE, foi anunciado que a ex-Prefeita de Pombal e Deputada Estadual, Pollyanna Dutra seria a escolhida. Pollyanna era um nome desconhecido do grande público paraibano e conquistou a preferência do Governador por sua atuação junto ao público feminino e a proximidade na relação com o Presidente Lula.
A demora na definição acabou prejudicando a campanha de Pollyanna que ficou muito atrás no número de Prefeitos, o que foi primoridal para sua apertada derrota para Efraim Filho.
OS ADVERSÁRIOS
Diferente de outros anos onde a disputa era polarizada entre dois candidatos, em 2022 nós tivemos quatro grandes nomes disputando o Governo.
O Deputado Federal Pedro Cunha Lima, o apresentador Nilvan Ferreira e o Senador Veneziano Vital tentaram chegar na disputa do segundo turno amparados por nomes do espectro da esquerda, extrema-direita e do centro.
Veneziano tinha sido eleito em 2018 na chapa de João Azevêdo e estava na base do Governador até o começo deste ano, mas preferiu disputar o Governo aliado ao PT, o que desagradou uma ala do partido encabeçada por Frei Anastácio, que preferia a aliança com João Azevêdo.
Pedro teve seu nome ventilado desde o começo do ano, mas alguns boatos afirmavam que ele iria desistir da eleição, para abrir espaço para Romero Rodrigues, o que não acabou se confirmando com a definição da chapa ao lado de Efraim no dia 1 de abril.
Nilvan que foi o segundo colocado na disputa pela Prefeitura da Capital em 2020 no MDB, se filiou ao PL amparado no apoio de Bolsonaro, e era quem mais polarizava ideologicamente com João Azevêdo.
SEGUNDO TURNO
As pesquisas indicavam um segundo turno entre João e Pedro e isso se confirmou no dia 3 de outubro. No primeiro turno, João Azevêdo conseguiu 39,65% ( 863.174 votos) contra 23,90% (520.155 votos) de Pedro Cunha Lima os garantindo na disputa do segundo turno. Nilvan Ferreira foi o terceiro com 18,68% (406.604 votos) enquanto Veneziano ficou na quarta colocação com 17,16% (373.511 votos).
Logo após a definição, os dois candidatos foram atrás dos Prefeitos e dos políticos que apoiaram Nilvan e Veneziano. Pedro conseguiu o maior número de gestores e o apoio de nomes da esquerda e da direita paraibana, podemos destacar: Sérgio Queiroz, Cabo Gilberto e Veneziano Vital que sempre foi rival histórico da família Cunha Lima em Campina Grande.
Essas alianças acirraram os ânimos no segundo turno, com as últimas pesquisas indicando empate técnico entre os candidatos.
VITÓRIA
Em uma disputa acirrada, João Azevêdo conseguiu se reeleger com a maior votação da história da Paraíba, ao atingir 1.221.904 votos, que correspondem a 52,51% da votação, contra 1.104.963 votos alcançados por Pedro Cunha Lima (PSDB), que equivalem a 47,49%.
O governador eleito venceu em 170 dos 223 municípios paraibanos. Em seu primeiro discurso João falou em gratidão aos seus aliados e apoiadores, “A primeira palavra não pode ser outra a não ser gratidão. Gratidão por tudo o que vocês fizeram. Gratidão pela luta que vocês lutaram junto conosco. Não foi fácil. A gente sabe como é difícil uma luta em que além de trabalhar na disputa eleitoral, a gente tem que continuar governando o estado. Essa vitória não foi uma vitória individual. Essa aqui é uma vitória coletiva”, declarou.
João também comemorou a vitória de Lula, que o apoiou no segundo turno, “Eu fico muito feliz de compartilhar com vocês aqui um momento tão importante pra Paraíba e também pra o Brasil. Essa foi uma vitória dupla, essa foi uma vitória da democracia, essa foi uma vitória da esperança, essa foi uma vitória que o Brasil definitivamente disse sim, que nós queremos voltar a sonhar. Eu fico muito feliz de ter sido eleito e um momento tão importante da democracia brasileira, junto com o presidente Lula, pra gente reconstruir o país. A Paraíba tem a sua parcela de contribuição nesse processo de reconstrução do país inteiro”.
Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba