A intervenção militar federal no Rio de Janeiro tem provocado inúmeras reações contrárias. Dessa vez, um vídeo mostrando sugestões e dicas práticas sobre como sobreviver a uma abordagem indevida, feito por três jovens negros e publicado na internet, ganhou grande repercussão. O trabalho foi publicado no sábado (17) e, até a manhã desta segunda-feira (19), mais de 6,5 mil pessoas já haviam visualizado no Youtube. No Facebook, o alcance foi ainda maior: mais de 51.300 pessoas compartilharam a postagem e 1,7 milhão visualizou. As informações são de Fernanda Rouvenat, do G1 Rio.
Por serem negros, os jovens do vídeo afirmam estar mais vulneráveis a serem abordados por agentes de segurança. Entre as dicas, eles alertam para não andar sem documento, avisar sempre aos amigos para onde está indo e estar sempre com o celular carregado para caso necessite ligar para alguém ou gravar algo que seja necessário. “Caso você seja parado e esteja em um ambiente público, por favor, grave com o seu celular. Ele ainda é o melhor e maior registro que a gente pode fazer”, diz Edu Carvalho, repórter do site Favela da Rocinha.
Algumas recomendações parecem mais inusitadas, mas são exemplos de caso que já aconteceram no Rio de Janeiro. “Em lugares públicos, evite o uso de furadeiras e guarda-chuva longo. Parece bobagem, mas, muitas pessoas olham isso de longe e acham que são armas de fogo. Prefira guarda-chuvas pequenos que possam ser dobrados e colocados numa bolsa para evitar qualquer problema”, explica o publicitário e youtuber Spartakus Santiago. Em 2010, um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro, matou por engano um morador do morro do Morro do Andaraí, na Zona Norte da cidade, após confundir uma furadeira com uma arma.
No vídeo, AD Junior, do canal Descolonizando, dá outra dica: levar cupom fiscal caso a pessoa esteja com algum objeto caro. “Pode ser muito útil na hora da apreensão injusta e indevida”, diz ele. E em caso de abordagem indevida, ele completa: “Não faça movimentos bruscos e não afronte nenhum desses agentes”.
Spartakus disse que a ideia de fazer o vídeo não foi para crucificar os militares, mas, sim, para alertar as pessoas, principalmente negros e que moram em favelas. “O vídeo não foi feito para demonizar os militares. Eu tenho minha posição contra a intervenção, mas não foi a intenção do vídeo”, completou o jovem.
Sobre a repercussão na internet, Spartakus contou que as opiniões se dividem: “Para as pessoas negras, a repercussão está sendo muito boa, porque são pessoas que entendem a necessidade desse vídeo. Mas tem também muitas pessoas brancas fazendo comentários indignadas. A gente está tentando lidar com isso”, explicou.
Fonte: Brasil 247
Créditos: Brasil 247