O discurso de Dilma foi a peça final de uma disputa política para vender caro a Temer a aprovação do impeachment. Os senadores que defenderam Dilma tiveram atuação aguerrida e cumpriram bem essa estratégia. Depois de obter uma vitória pontual no Senado, mantendo a possibilidade de exercer função pública, Dilma bateu duro na Casa que a derrubou do poder. Ela cumpriu a estratégia de sair como vítima de uma injustiça.
Mas há uma distância entre a atuação que o PT terá e o radicalismo sugerido por Dilma. O PT se encontrar numa encruzilhada.
Não pode fazer oposição como se não tivesse comandado o país durante 13 anos. Lula fez reforma da Previdência e Dilma propôs uma no ano passado. Se voltar a fazer o tipo de oposição que fazia antes de chegar ao poder na eleição de 2002, o PT caminhará para o gueto político, porque falará para convertidos e não conseguirá voltar a reunir maioria para retornar ao comando do país.
Uma coisa é o que o PT diz no calor dos acontecimentos, com uma reação emocional natural à perda do poder dessa forma. Outra coisa será qual linha seguirá após refletir sobre os graves erros que o levaram à queda.
Sem esquecer que tem uma Lava Jato no meio do caminho do PT e de toda a classe política. A Lava Jato continuará a ser um fator de extrema preocupação para a oposição e o governo. (Keneddy Alencar)
Créditos: (Keneddy Alencar)