A articulação política do governo para tentar evitar o impeachment chegou ao Ministério do Esporte. Na tentativa de angariar 172 votos contra o processo de afastamento na Câmara, a presidente Dilma Rousseff decidiu mudar o comando do Ministério do Esporte, a menos de cinco meses dos Jogos Olímpicos do Rio. O motivo foi a debandada do PRB de sua base.
Dilma avisou nesta terça-feira a George Hilton, que trocou o PRB pelo PROS na expectativa de se manter na pasta, que ele perderá o cargo. A presidente deve nomear como ministro o atual secretário para Esportes de Alto Rendimento Ricardo Leyser, filiado ao PCdoB. Ele está no ministério desde 2003 e coordena na pasta os preparativos para a Olimpíada do Rio. O nome dele blinda o governo das críticas de indicar alguém de fora da área e agrada ao sempre aliado PCdoB.
Hilton migrou para o PROS, com aval da Presidência, e queria ficar no cargo. Mas a estratégia naufragou: se mantivesse Hilton no cargo, Dilma preservaria um ministro sem bancada. O Pros elegeu onze deputados, mas ficou com apenas quatro em exercício depois da janela de migração partidária. O PRB se manteve com 22 parlamentares na Câmara. E o PCdoB, que já votava com a presidente, tem treze.
Ao retirar Hilton do cargo, a presidente tenta “distensionar” a relação com a bancada do PRB e o comando nacional do partido, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Ele irritou o comando do PRB ao comunicar a desfiliação com uma nota pública depois de, segundo o presidente da sigla, Marcos Pereira, ter combinado que deixaria o cargo.
Dilma ainda tenta atrair votos do partido, agora independente no Congresso Nacional. O PRB ainda tem três secretários indicados no ministério: Marcos Jorge de Lima (Executivo), Rogério Hamam (Futebol) e Carlos Geraldo Santana de Oliveira (Inclusão Social). O partido afirma que eles foram orientados a pedir exoneração assim que o novo ministro assumir.
Ao site de VEJA, Marcos Pereira disse que negou um convite de Dilma para se reunir nesta terça-feira. Ele diz que a bancada não mudará a decisão de independência em relação ao governo. A tendência é que os deputados da sigla votem a favor do impeachment na comissão especial. “O PRB não volta atrás. Não há acordo nenhum”, disse. “Se os secretários seguirem a decisão do ministro George Hilton [de permanecer no governo], não ficarão no partido.”
Fonte: Revista Veja