O ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso há três anos, mencionou cerca de 120 políticos em uma tentativa fracassada de fechar um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. Além disso, afirmou ter arrecadado R$ 270 milhões, em cinco anos, para dividir com correligionários e aliados, sendo 70% via caixa dois, de acordo com reportagem de Felipe Bächtold, da Folha, e Rafael Neves, de The Intercept Brasil.
A proposta de delação de Cunha foi entregue a procuradores em meados de 2017. No entanto, seus relatos foram considerados pelos investigadores superficiais demais. Por isso, o acordo não foi homologado.
Um dos documentos que mostram a proposta foi compartilhado entre procuradores em um chat do aplicativo Telegram, em julho de 2017. O arquivo faz parte do material encaminhado ao The Intercept Brasil e analisado pelo site e pela Folha de S. Paulo, em mais uma divulgação da Vaza Jato.
Michel Temer (MDB) está entre um dos principais alvos dos relatos, como também o ex-ministro Moreira Franco (MDB) e o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (sem partido).
Articulação
Cunha ganhou força dentro do MDB a partir de 2007. Mas no primeiro mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff ampliou sua atuação nos bastidores até a formação do chamado “blocão”, grupo de parlamentares de outros partidos além do MDB, que serviria de base para sua eleição à presidência da Câmara, em 2015, e para os quais também atuou na arrecadação de recursos.
A maioria dos políticos mencionados na proposta de delação é relacionada a essa articulação, em 2014. Ele afirmou ter arrecadado R$ 148,6 milhões naquele ano, repassados a mais de 60 deputados. As fontes listadas desses recursos são empreiteiras, como a Odebrecht “empresas de ônibus”, “montadoras de veículos”, JBS, além de doações oficiais de bancos. Como contrapartida, foram citadas aprovações de medidas de interesse desses grupos no Congresso.
Fonte: Revista Fórum
Créditos: Redação Revista Fórum