Sem votos para aprovar a reforma da Previdência, o presidente Michel Temer fez nesta terça-feira (12) uma cobrança pública à base aliada e afirmou que não há argumentos para que parlamentares governistas não apoiem a proposta.
Na posse da nova diretoria da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), o peemedebista disse que a única justificativa possível para ser contra a iniciativa é a manutenção de privilégios para servidores públicos que ganham mais de R$ 5.000.
“A única razão seria, bom, não voto pela reforma previdenciária porque ela alcança os servidores públicos que ganham mais de R$ 5.000, que é o teto”, disse. “Quando tiver de dar explicação, é porque vota a favor daqueles que são privilegiados ou que se utilizam de certas demasias do nosso sistema”, acrescentou.
Segundo ele, são “mentiras” as versões de que a reforma previdenciária prejudica os agricultores familiares, as camadas mais pobres e as pessoas com deficiência física.
“Quando você, deputado e senador, aprova ou desaprova uma proposta, você escolhe as suas razões. Cada um que vota tem a sua explicação”, disse.
Mesmo com a expectativa pessimista, Temer tem feito um último esforço para evitar que ela fique para o ano que vem. Nesta terça-feira (12), ele promoverá encontro com investidores e empresários para pedir ajuda. O objetivo é que eles pressionem parlamentares indecisos da base aliada a votarem a proposta na próxima semana.Com dificuldades para reverter apoios, Temer já tem admitido a possibilidade da votação da proposta apenas em fevereiro, o que aumenta as chances de uma derrota em plenário.
Na segunda-feira (11), o presidente ordenou que as pastas da Saúde, Cidades e Integração Nacional agilizem para até a próxima semana a liberação de emendas parlamentares travadas desde o mês passado.
Segundo a Folha apurou, só na Saúde o montante é de pelo menos R$ 500 milhões em reformas de unidades hospitalares e entrega de ambulâncias.
Nas últimas semanas, integrantes da base aliada vinham reclamando que emendas parlamentares empenhadas na época da votação das denúncias contra o presidente não tinham ainda sido executadas.
No discurso aos ruralistas e pecuaristas, o presidente ressaltou que seguiu conselho de aproveitar a sua baixa popularidade, que chegou aos 3%, para “fazer o que o Brasil precisa”.
“Muitas vezes dizem que eu protejo os ruralistas e pecuaristas. Eu não protejo, são os ruralistas e pecuaristas que protegem a economia nacional”, disse.
Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: GUSTAVO URIBE