Após a instauração do pluripartidarismo, em 1980, trocas partidárias se tornaram algo cada vez mais comum no meio político.
Divergências, mudanças eleitorais, brigas, disputas internas, expulsões, incorporação e exclusão de legendas, são alguns exemplos para a tomada desse tipo de decisão.
Aqui na Paraíba, tivemos o caso do Governador João Azevêdo que saiu do PSB após disputas internas com Ricardo Coutinho, indo para o Cidadania em 2020 e retornando ao PSB nas últimas eleições, após a volta de Coutinho ao PT.
Pensando nesse fenômeno de trocas que foi acentuada com a mudança de vários Prefeitos visando o pleito municipal de ano que vem, iremos elencar nessa matéria, os grandes nomes da política paraibana a realizarem o maior número de trocas partidárias.
WILSON BRAGA – O ex-Governador, ex-Deputado Federal e Estadual e ex-Prefeito de João Pessoa, é o recordista na nossa lista. Braga foi membro do quadro de 11 partidos em sua vida pública, que datam desde a metade da década de 50.
Filho de Francisco de Oliveira Braga que foi Prefeito de Conceição e Santana de Mangueira, Wilson se elegeu Deputado Estadual pela primeira vez em 1954, com apenas 23 anos, filiado a UDN. Após se reeleger em 1958, Braga venceu sua terceira disputa para a Assembleia, pelo antigo Partido Socialista Brasileiro (PSB).
A sua primeira ida para a Câmara Federal em 1967, foi filiado a ARENA, legenda que ficou marcada por ser considerada o partido que apoiava a Ditadura, com o MDB fazendo a oposição. Após ficar 15 anos em Brasília, com a volta do pluripartidarismo em 1980, Wilson decidiu ir para o PDS (Atual Progressistas), se elegendo Governador em 1982, na primeira eleição livre para o Governo desde 1966.
Em 1986, saiu do PDS e ingressou no PFL (Atual União Brasil), para tentar uma das duas vagas ao Senado. Mesmo estando no Governo, poucos meses antes da eleição, Braga ficou na terceira colocação. Ainda no PFL, foi eleito Prefeito de João Pessoa em 1988, cargo que largou com menos de dois anos, para tentar mais uma disputa ao Governo, dessa vez filiado ao PDT, legenda na qual ficou mais tempo durante a carreira.
Após a derrota contra Ronaldo Cunha Lima em 1990, o ex-Governador se elegeu Vereador da capital em 1992 e Deputado Federal em 1994 ainda no PDT, se reelegendo em 1998 dessa vez no PSDB, após rápidas passagens por PSB e PSL.
Em 2002, tentou mais uma vez uma vaga no Senado de volta ao PFL, ficando na terceira colocação. Braga fechou sua vida pública se elegendo Deputado Federal em 2006 e Deputado Estadual no ano de 2010, filiado ao MDB. Durante o mandato na Assembleia, ingressou no PSD, saindo em 2015 para voltar ao PDT, onde permaneceu até a sua morte em 2020.
ERRATA – A Arte da matéria afirma que foram 9 partidos na carreira de Wilson Braga, mas após apuração, o número foi corrigido para onze no corpo da matéria.
MARCONDES GADELHA – Médico natural da cidade de Sousa, Marcondes Gadelha foi eleito Deputado Federal pela primeira vez em 1970 filiado ao MDB, se reelegendo nos pleitos de 1974 e 1978.
Marcondes deixou a legenda, indo para o PDS onde formou a chapa vencedora ao lado de Wilson Braga, na eleição de 1982, se tornando Senador ao vencer uma acirrada disputa contra Pedro Gondim. Ao lado de Braga se filiou ao PFL visando o pleito de 1986, quando perdeu o Governo do Estado para Tarcísio Burity.
Em 1989, alçou voos ainda mais altos, candidatando-se a vice-presidente, na chapa de Silvio Santos, pelo PMB. Mas o registro da chapa Silvio–Marcondes foi impugnado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por conta do cancelamento do registro do partido, a pedido da campanha de Fernando Collor.
Tentou um retorno ao Senado em 1990, mais uma vez filiado ao PFL, ficando na segunda colocação. Após ficar na suplência da Câmara em 1994, Gadelha retorna a Brasília em 1998, ficando outra vez na suplência em 2002, sempre nos quadros do PFL. Logo após as eleições, ingressou no PTB, ficando no partido até o pleito de 2006, quando foi eleito Deputado Federal filiado ao PSB.
A partir de 2009, foi para o PSC, onde disputou a suplência do Senado na chapa de Wilson Santiago em 2010, que acabou ficando na terceira colocação. Disputou outra vaga em Brasília, nas eleições de 2014, quando ficou na suplência, assumindo o cargo após a morte de Rômulo Gouveia em 2018.
Como líder do PSC, Marcondes ingressou neste ano no Podemos, que incorporou o PSC aos seus quadros, após o partido não atingir a clausula de barreira no pleito do ano passado.
VITAL DO RÊGO – Formou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito do Recife, em 1958. No mesmo ano iniciou sua carreira política ao eleger-se deputado estadual pelo PSD.
Empossado em janeiro de 1959, virou líder do governo Rui Carneiro e integrou ainda a Comissão de Justiça e Orçamento. Nas eleições de 1962, foi eleito deputado federal filiado a UDN.
Com o movimento que derrubou o presidente João Goulart em março de 1964, Vital do Rêgo filia-se à ARENA após o Ato Institucional Número Dois excluir os demais partidos do cenário político, reelegendo-se para um novo mandato de deputado federal. Concorreu à prefeitura de Campina Grande em 1968, pelo MDB ficando no terceiro lugar. Em janeiro do ano seguinte, seu mandato de Deputado foi cassado, quando teve os direitos políticos suspensos por 10 anos.
Era o reitor da FURNE quando decidiu disputar as eleições municipais em Campina Grande no ano de 1982, filiado ao PDS. Mesmo tendo o apoio do Prefeito Enivaldo Ribeiro, Vital não conseguiu derrotar Ronaldo Cunha Lima, que também voltava a disputar eleições depois de 10 anos afastado da política.
Em 1990, voltou a vida pública, quando se elegeu Deputado Federal pelo PDT, tendo a quinta maior votação estadual. No pleito de 1994, tentou a reeleição novamente pelo PDT, ficando apenas como suplente, fato que se repetiu em 1998. Ainda tentou retornar a Câmara em 2002, filiado ao PSB e em 2006 no PPS (atual Cidadania), sem conseguir se eleger.
LÚCIA BRAGA – A carreira política de Lúcia Braga sempre esteve entrelaçada a de seu marido Wilson. Filiada ao PDS no período que Braga foi Governador, Lúcia disputou sua primeira eleição em 1986, quando foi eleita Deputada Federal pelo PFL, sendo reeleita em 1990, dessa vez no PDT.
Perdeu as disputas para o Governo contra Antônio Mariz em 1994 e para a Prefeitura de João Pessoa em 1996, ainda no PDT. No pleito de 1998, foi eleita Deputada Estadual pelo PSL, após uma rápida passagem pelo PSB em 1997. Braga voltou a Câmara Federal em 2002, dessa vez no PSD (Incorporado ao PTB em 2003).
Após ficar mais de dez anos fora da vida pública acompanhando Wilson no MDB e PSD, disputou sua última eleição em 2016, quando tentou ser Vereadora da capital pelo PDT, ficando na suplência.
INÁCIO FALCÃO – Sua primeira eleição foi em 1996, quando candidatou-se a vereador da Rainha da Borborema pelo PTB. Em 2000, foi eleito pela primeira vez, pelo PST (Incorporado ao PL em 2003), obtendo a reeleição 4 anos depois, recebendo a segunda maior votação de Campina, filiado ao PFL (Atual União Brasil).
Em 2006, disputou pela primeira vez uma vaga na Assembleia Legislativa, pelo PDT. Saiu com 14.485 votos, ficando como suplente. Filiou-se ao PSDB em 2008 voltando a Câmara Municipal, sendo o mais Vereador mais votado da cidade. Pelo mesmo partido, concorreu novamente a deputado estadual em 2010, ficando novamente na suplência, se reelegendo para seu quarto mandato na Câmara Municipal em 2012.
Após deixar o PSDB, Inácio Falcão filiou-se ao PTdoB para disputar pela terceira vez uma vaga na ALPB, sendo um dos dois deputados eleitos pelo partido, juntamente com Genival Matias. Em 2016, foi indicado como candidato a vice na chapa de Adriano Galdino (PSB) para a prefeitura municipal, em disputa vencida por Romero Rodrigues ainda no primeiro turno.
Reeleito deputado estadual em 2018 pelo PCdoB, Inácio tentou ser Prefeito de Campina em 2020, ficando na terceira colocação, tendo sido eleito Deputado Estadual pela terceira vez nas últimas eleições.
DAMIÃO FELICIANO – Natural de Campina Grande, é médico formado pela Faculdade de Medicina de Campina Grande. Em sua terra natal, fundou o Hospital Mariana e o Hospital de Urgência, onde atuou como Diretor Geral e Diretor Administrativo e Financeiro no período de 1982 a 1998.
Iniciou sua carreira política ao candidatar-se em 1992 a prefeito de Campina Grande, pelo PTB, mas não obteve êxito, ficando na quinta colocação. Em 1998, ainda no PTB, candidata-se a deputado federal e é eleito como o segundo deputado mais votado da Paraíba.
Nas eleições de 2002, filiado ao MDB, não consegue a reeleição, ficando na suplência. Após uma rápida passagem pelo PP, volta a Câmara Federal em 2006, dessa vez nos quadros do PL, que foi incorporado ao PRONA, fundando o PR.
A partir de 2007, se filiou ao PDT, onde se reelegeu Deputado Federal em 2010,2014 e 2018. Após mais de 15 anos no partido no qual era o principal líder e articulador na Paraíba, Damião deixa a legenda após disputas internas com o diretório nacional, migrando para o União Brasil, no qual foi eleito Deputado Federal pela sexta vez em 2022.
TIÃO GOMES – Sebastião Tião Gomes Pereira, mais conhecido por Tião Gomes, foi eleito Prefeito de Areia em 1982. Sua primeira disputa estadual foi em 1990, quando se elegeu Deputado Estadual pelo PDT.
A trajetória do parlamentar mais longevo da Assembleia, foi composta por mais cinco legendas, nesses 33 anos de atuação. Gomes se reelegeu em 1994 e 98, filiado ao MDB.
A sua quarta vitória em 2002, teve a marca do PSDB, que naquela eleição se tornou o principal partido do estado, após a vitória de Cássio Cunha Lima ao Governo do Estado.
O PSL foi o partido que Tião mais disputou eleições, com vitórias em 2006, 2010 e 2014. Após uma passagem pelo Avante em 2018, o Deputado se filiou ao PSB, ao lado de Júnior Araújo, alavancando o partido do Governador, a segunda maior bancada da Assembleia, nessas últimas eleições.
TARCÍSIO BURITY – Em 1975, foi nomeado secretário da Educação e Cultura do Estado pelo Governador Ivan Bichara, por intermediação de José Américo de Almeida. Através de eleição indireta, como ocorria à época, foi nomeado Governador da Paraíba, em 1979, pela ARENA.
Em 1982, renuncia ao cargo, para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PDS, recebendo a terceira maior votação da história da Paraíba, ao atingir 173.107 votos, sendo superado apenas por Pedro Cunha Lima e Veneziano Vital do Rêgo nas eleições de 2014.
Em novembro de 1986, foi eleito, mais uma vez, governador pelo MDB, desta vez pelo voto popular. permanecendo à frente do executivo paraibano entre 15 de março de 1987 e 15 de março de 1991. Resolveu não deixar o Governo para disputar outro cargo no pleito de 1990, se filiando ao PRN em 1989, após brigas internas no MDB.
Em 5 de novembro de 1993, Burity encontrava-se no restaurante Gulliver em João Pessoa, quando foi abordado por Ronaldo Cunha Lima, seu sucessor no governo, que disparou três tiros contra o ex-Governador. Burity ficou vários dias em coma, mas mesmo conseguindo sobreviver, nunca conseguiu recuperar a saúde plenamente.
Ainda se candidatou ao Senado, nas eleições de 1998 e 2002. Na primeira, pelo PPB (Atual Progressistas), conseguiu ficar na segunda colocação, perdendo a vaga para Ney Suassuna. No pleito de 2002, de volta ao MDB, foi apenas o quarto mais votado, falecendo em 8 de julho de 2003, aos 64 anos.
Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba