A formação de uma chapa é algo que tem de ser feito de forma muito estratégica. Alianças políticas são estruturadas em torno de indicações, similaridades de ideias e acordos que muitas vezes duram por mais de uma geração.
Mas nem sempre essas parcerias duram todo o mandato. Divergências, mudanças eleitorais, brigas, disputas internas, expulsões, incorporação e exclusão de legendas, são alguns exemplos para a tomada desse tipo de decisão.
Nessa matéria, o Polêmica Paraíba irá trazer aos leitores, seis casos famosos de mudanças de partidos dos Prefeitos, que conseguiram abalar toda a estrutura política da Paraíba.
Cássio Cunha Lima: MDB – PSDB
Após ser Prefeito entre 1989 e 1992, Cássio Cunha Lima retornou a Prefeitura de Campina Grande no pleito de 1996 em uma chapa puro-sangue do MDB ao lado de Lindaci Medeiros.
Após essa vitória, a relação entre a família Cunha Lima e o MDB sofreu um baque em 1998, quando um famoso desentendimento na festa de aniversário do Senador Ronaldo Cunha Lima, expôs o racha entre as duas maiores lideranças do partido no estado.
Maranhão queria disputar a reeleição após assumir o mandato em decorrência do falecimento de Antônio Mariz, enquanto Ronaldo queria que Cássio fosse o candidato do MDB. A força de Maranhão foi preponderante e o Governador conseguiu conquistar a liderança do partido e se reeleger, deixando a família Cunha Lima e seus aliados em segundo plano.
Cássio decidiu continuar na legenda visando a reeleição em 2000, quando costurou uma aliança com o PT e a Vereadora Cozete Barbosa, que tinha tido uma votação surpreendente na disputa pelo Senado em 1998, ficando na terceira colocação ao atingir mais de 200 mil votos. A chapa se mostrou implacável atingindo mais de 70% dos votos, mesmo tendo como adversários, o ex-Prefeito Enivaldo Ribeiro e o Deputado Estadual Vitalzinho, dois representantes de famílias tradicionais na política campinense.
A relação nunca mais foi a mesma e em 2001, todo o clã Cunha Lima e seus aliados decidiriam sair do partido e ingressar no PSDB onde Cássio teria uma legenda para chamar de sua, e se candidatar ao Governo do Estado em 2002, quando saiu vencedor ao derrotar o então Governador Roberto Paulino, grande aliado de José Maranhão.
Luciano Cartaxo: PT-PSD
Em 2012, Ricardo Coutinho estava no auge da popularidade ao ser eleito Governador em um segundo turno elétrico contra o saudoso José Maranhão. A escolha do nome da situação parecia ser confortável, o Vice-Prefeito Luciano Agra tinha boa aprovação da população e caminhava para uma vaga no segundo turno.
Em janeiro, ele havia declarado abrir mão de ser pré-candidato, mas, no dia 30 de maio, voltou atrás e garantiu que queria retomar a candidatura, inclusive pedindo ajuda à direção nacional do PSB.
Mas as ideias de Coutinho eram diferentes e ele bateu o pé pela candidatura de Estela Bezerra, que era uma completa desconhecida do grande público paraibano. Após muitas brigas na justiça, uma prévia foi realizada onde Estela ganhou por uma margem tranquila, se tornando o nome do Governador.
Após algumas conversas foi decidido que o grupo de Agra e Bandeira iria ficar ao lado da candidatura de Luciano Cartaxo que aparecia com apenas 4% nas primeiras pesquisas de opinião. Cartaxo tinha a força da aprovação do Governo Dilma, mas tinha José Maranhão e Cícero Lucena como outros nomes da oposição. O apoio de Agra se mostrou primordial e Luciano venceu os dois turnos de forma categórica, naquela que até hoje, é a maior vitória do PT na política paraibana.
O clima entre o Prefeito e o PT começou a mudar com o crescimento da Operação Lava-Jato, o que ocasionou na saída definitiva de Cartaxo em setembro de 2015, citando como motivação o cenário de crise nacional e os escândalos políticos.
Cicero Lucena: MDB-PSDB
Cícero era um nome pouco conhecido do grande público paraibano, quando foi escolhido como o candidato a vice na chapa de Ronaldo Cunha Lima ao Governo em 1990. Em 1994, com o afastamento de Cunha Lima para candidatar-se ao Senado, Lucena assume o governo para o restante do mandato. Com 37 anos de idade, ele é até hoje o governador mais jovem da Paraíba.
Em 1995 chefiou a Secretaria Especial de Políticas Regionais, então órgão do Ministério do Planejamento, no Governo FHC, o que o credenciou como o candidato do partido para as eleições municipais de 1996.
Amparado pela força de Ronaldo e do Governador José Maranhão, Cícero foi o líder com folga no primeiro turno, a disputa para quem ia disputar com Lucena o segundo turno, foi que norteou aquela eleição. Mesmo com toda força dos Bragas, Palitot e Luiz Couto ficaram muito perto de abocanhar a segunda colocação, mas foi Lúcia quem atingiu 51.982 votos (24,78%) contra 89.457 (42,64%) de Cícero.
O segundo turno que parecia algo apenas protocolar para Lucena, foi mais acirrado do que muitos esperavam, com Cícero vencendo por pouco mais de 20 mil votos, 115.937 (55,36%) versus 93.494 (44,94%) de Lúcia Braga.
Após a reeleição em nova disputa contra Luiz Couto em 2000, Cicero decidiu deixar o partido acompanhando o clã Cunha Lima, transformando o PSDB na maior legenda do estado após o pleito de 2002.
Bruno Cunha Lima: PSD – União Brasil
Essa é a mudança mais recente e a filiação de Bruno ao União Brasil ocorreu no dia em que essa matéria entrou no ar. A aliança entre a família Ribeiro e o grupo de Romero Rodrigues começou nas eleições de 2016, quando Enivaldo Ribeiro foi eleito Vice na reeleição de Romero, na disputa contra Veneziano.
Para a sucessão do Prefeito, os dois nomes ventilados foram o do Deputado Estadual Tovar Correia Lima e do suplente de Deputado Federal, Bruno Cunha Lima. Após muita deliberação, Bruno foi o escolhido, tendo como Vice, o Secretário Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação da cidade, Lucas Ribeiro.
A dupla seguiu o ritmo de vitórias, derrotando Ana Cláudia Vital, esposa do Senador Veneziano e o Deputado Estadual Inácio Falcão.
O rompimento entre Prefeito e Vice só aconteceu em virtude das eleições do ano passado. Lucas foi alçado a Vice na chapa do Governador João Azevêdo, o que contribuiu para a saída de Bruno do PSD, partido presidido por Daniella.
Após muita deliberação durante todo 2023, Bruno irá se filiar ao União Brasil em 17 de dezembro, visando a reeleição de 2024, contra o grupo do Governador e podendo ter como adversários, Daniella Ribeiro ou até mesmo o seu padrinho político, Romero Rodrigues.
Romero Rodrigues: PSDB – PSD
Romero Rodrigues iniciou sua carreira política quando candidatou-se e elegeu-se vereador de Campina Grande em 1992, se reelegendo por mais três mandatos. Em 2006 foi eleito Deputado Estadual, obtendo 38.014 votos, sendo o mais votado em Campina Grande. Romero foi Secretário de Interiorização do Estado (2007-2008) e, depois, secretário-chefe da Casa Civil do Governo da Paraíba (2008-2009), na gestão de Cássio Cunha Lima.
No pleito de 2010, confirmou a sua ascensão no cenário político, ao se eleger Deputado Federal ao atingir quase 100 mil votos. Todos esses predicados trouxeram a Romero a chance de retomar o protagonismo do grupo Cunha Lima na Rainha da Borborema, no pleito de 2012.
As suas adversárias naquela eleição foram Daniella Ribeiro e Tatiana Medeiros, aliada do então Prefeito Veneziano Vital. O primeiro turno trouxe uma vantagem importante de Romero visando o segundo turno, Tatiana ficou com 30% e Rodrigues atingiu os 44,94%.
A vantagem de Romero se consolidou, com o Deputado Federal se elegendo ao atingir 130.106 votos (59,14%), versus 89.887 (40,86%) de Tatiana.
Após se reeleger em uma vitória elástica contra Veneziano em 2016, o Prefeito decidiu deixar o PSDB em uma situação mais amigável que a dos outros gestores citados na matéria. A saída de Romero Rodrigues em 2019 foi amistosa, em vista do que tinha acontecido nas eleições do ano anterior, quando ele foi preterido da disputa ao Governo, pelo ex-senador Cássio Cunha Lima, que preferiu apoiar a candidatura de Lucélio Cartaxo.
O convite do Presidente Nacional da legenda, Gilberto Kassab foi para que Romero assumisse o Diretório Estadual do partido, cargo o qual ocupou até 2022, quando foi substituído pela Senadora Daniella Ribeiro.
Vitor Hugo: União Brasil – AVANTE
Vitor Hugo assumiu a Prefeitura interinamente, após o escândalo que ocasionou na prisão do Prefeito Leto Viana. Como ainda tinham se passado menos de dois anos do mandato de Leto no momento de sua prisão e com sua renúncia no final do mesmo ano, foram marcadas eleições suplementares, que cobririam o resto do mandato de Viana.
As eleições se realizaram em março de 2019 e Vitor na época filiado ao PRB venceu a esposa do ex-Prefeito Zé Régis. Na eleição de 2020, já no DEM, percussor do União Brasil, o Prefeito trouxe o até então estreante Mersinho Lucena para ser seu companheiro de chapa, vencendo o pleito com quase 70% dos votos.
Uma das principais pautas políticas durante 2023 foi a de qual seria o escolhido do Prefeito para sua sucessão em 2024. Os nomes colocados eram o de Mersinho Lucena, do Deputado Estadual George Morais e do Presidente da Câmara André Coutinho, que foi o indicado por Vitor Hugo.
Após essa definição, o gestor decidiu sair do partido visando trilhar novos rumos e após ser cortejado pelo PDT, optou por se filiar ao AVANTE, onde se tornou Presidente do Diretório Estadual.
Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba