Preocupado com sua imagem no exterior, o presidente Jair Bolsonaro decidiu trocar pelo menos 15 embaixadores brasileiros em outros países para tentar melhorar sua reputação no resto do mundo.
Segundo reportagem da agência Reuters, Bolsonaro está incomodado com a imagem que tem no exterior, sendo sempre apresentado na imprensa internacional como “racista, homofóbico e ditador”. Ele reclamou que os atuais diplomatas não estão “vendendo uma boa imagem do Brasil”.
A medida pode ter um efeito contrário ao que o presidente espera, entretanto, e pode ser interpretada como mais uma atitude de um governante autoritário, segundo a análise de um pesquisador especializado em como se formam as imagens internacionais de países.
“As ações de Bolsonaro parecem apenas confirmar a percepção internacional. A reputação é construída pelo que você faz e não pelo que você (ou seus embaixadores) diz. Portanto, acho que essa ação pode alcançar o efeito oposto do pretendido”, explicou Robert Govers, em entrevista ao blog Brasilianismo.
“Ele não gosta do modo como os embaixadores (não) estão defendendo o país; ou (não) estão defendendo ele mesmo? Supondo que seja este último, não é normal que um presidente autoritário substitua esses embaixadores?”, questionou.
Segundo ele, as notícias sobre o governo e a associação entre Bolsonaro e Trump fazem com que não seja estranho que o presidente brasileiro esteja sendo visto internacionalmente dessa maneira. “Não deveria ser surpreendente se considerarmos algumas das coisas que ele disse e fez”, disse.
Govers é um dos principais pesquisadores do mundo em estudos sobre “place branding”, estudos e análises que tratam da imagem de lugares como se fossem marcas –e sobre como promovê-las no resto do mundo. Ele é diretor da associação internacional de acadêmicos da área (IPBA) e autor do livro “Imaginative Communities”, em que explica o que faz com que algumas comunidades, cidades, regiões e países sejam mais admiradas do que outras.
Questionado sobre os possíveis efeitos da decisão de Bolsonaro de trocar embaixadores para melhorar sua imagem, ele argumentou que é preciso separar o que o mundo pensa do governante do que pensa sobre o país, e disse que é típico de um presidente autoritário acreditar que a imagem do país é dominada por sua própria reputação.
“Felizmente ela não é. A maioria das audiências estrangeiras é perfeitamente capaz de distinguir entre ‘o país’ e sua política. O que não significa que os dois não possam influenciar um ao outro. Mas, se e quando o fizerem, no caso de países com associações de imagem historicamente fortes como o Brasil, geralmente é temporário”, explicou.
Fonte: UOL
Créditos: Daniel Buarque