As toneladas de óleo recolhidas desde o último sábado no litoral pernambucano estão sendo transformadas em pequenas partículas de cinco centímetros que depois são vendidas a duas cimenteiras da Paraíba, estado vizinho. A transformação acontece no Ecoparque, uma central de tratamento de resíduos localizada em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, contratada pelo governo do estado para destinar o produto dentro das normas da legislação ambiental.
Assim que apronta as partículas, também chamadas de microchips, a empresa particular negocia o produto junto a cimenteiras do estado vizinho. As fábricas de cimento, por sua vez, usam a substância nos fornos. Por conter petróleo, os microchips possuem mais poder de queima que o coque, um derivado do petróleo.
Do último sábado até a manhã desta quarta-feira (23), a central de tratamento já tinha recebido 820 toneladas de óleo retiradas, principalmente por voluntários, das praias do estado. No galpão de blindagem, com 4 mil metros quadrados, trabalham sete pessoas na manipulação de resíduos contaminados oriundos de várias indústrias.
A empresa afirma que o espaço é impermeabilizado e não há riscos de contaminação do solo. “O petróleo chega contaminado com areia e com outros materiais de praia. No galpão, é misturado com resíduos industriais, triturado, peneirado e transformado no chip. Eles seguem em toneladas para as cimenteiras”, explicou o diretor técnico da empresa, Laércio Braga Chaves.
De acordo com Braga, o material vai primeiro para um pré-triturador, depois segue para uma esteira e uma peneira, onde o material mais fino sai e o mais grosso permanece. Em seguida, o produto passa para outra peneira e segue para o triturador final. As cimenteiras que compram o produto ficam a 40 km de Igarassu. Segundo Laércio Chaves, apenas a Ecoparque trabalha com os produtos classe um, que são os resíduos industriais contaminados.
A empresa também recebe resíduos urbanos de nove municípios da Região Metropolitana do Recife. Ao todo, tem capacidade de produzir por mês 2 mil toneladas dessa mistura, também chamada blend.
O governo do estado paga hoje à central de tratamento de resíduos R$ 150 por tonelada, preço abaixo do cobrado no mercado, cerca de R$ 400. Um total de 20 caminhões foram mobilizados pelo estado para levar o material até Igarassu. Além desses, outros caminhões das prefeituras dos municípios atingidos também fazem o transporte do óleo para a central. Como o óleo precisa passar pelo processo feito na central de tratamento, o governo não pode negociar o produto diretamente junto às fábricas de cimento.
Fonte: Diário de Pernambuco
Créditos: Diário de Pernambuco