a velha pressão

'Todos gostariam de ter maior número de benefícios, mas a conta é insustentável', diz Meirelles

"Agora, existe aí grande volume de dívidas, cerca de R$ 50 bilhões, já em processamento, com grande chance de ser paga. Agora, mesmo que cobrasse tudo amanhã, o que não é viável, é um pedaço do déficit anual", ressaltou Meirelles. No ano passado, o déficit da Previdência beirou os R$ 150 bilhões e a previsão para este ano é de um rombo superior a R$ 180 bilhões.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, advertiu que as taxas de juros no Brasil vão voltar a subir fortemente no Brasil se a Reforma da Previdência não for aprovada pelo Congresso Nacional. Em rápida entrevista após participar de seminário sobre a reforma, organizado pelo jornal Valor Econômico, o ministro disse que o relatório será apresentado amanhã. Segundo ele, a Reforma da Previdência está caminhando de forma “vigorosa” no Congresso Nacional.

“A grande conclusão é que a reforma não é uma questão de preferência, de opinião. É uma necessidade matemática e fiscal”, afirmou o ministro. Ele previu que, se o País não fizer a reforma no devido tempo, as taxas de juros ao invés de estarem caindo como agora vão subir fortemente. “Vai faltar recurso para o financiamento, o consumo, investimento, e o desemprego volta a crescer”, disse Meirelles.

O ministro fez questão de ressaltar que o Brasil está fazendo uma série de coisas que fará com que o País volte a crescer. Na sua avaliação, a economia dá sinais fortes de que está em trajetória de recuperação do crescimento. “A inflação está caindo muito forte e os juros estão caindo. Tudo isso é resultado do teto de gastos ter sido aprovado”, ressaltou.

Para Meirelles, o Brasil está discutindo na “hora certa” a proposta de reforma. “O importante é que o Brasil volte a crescer e aumente a renda dos trabalhadores”, disse.

Meirelles rebateu argumentos que classificou como “falaciosos” sobre o suposto superávit da Previdência Social, que dispensaria a reforma proposta pelo governo do presidente Michel Temer. Ele garantiu que a hora de fazer a reforma é agora, justamente para evitar que a situação fique insustentável a ponto de o governo precisar cortar benefícios, como ocorreu em países da Europa. “Está na hora de fazer essa mudança, que permite ao Brasil sair dessa recessão, diminuir desemprego, e taxa [de juros] estrutural da economia cair”, disse o ministro.

“A questão agora não é discutir se é a favor ou contra, se já sabia [do déficit] ou não. A questão é que é necessário fazer a reforma. Todos gostariam de ter maior número de benefícios, mas a conta é insustentável”, ressaltou.

Meirelles lembrou que algumas entidades têm divulgado supostas “evidências” de que a Previdência Social no Brasil não tem déficit. Esses vídeos têm tido ampla divulgação nas redes sociais.

“Acontece que essa entidade que divulga soma todas as receitas da Seguridade Social, da Previdência, e apenas as despesas do regime geral, do INSS, e do RPPS [de servidores da União]. Existe um grande número de despesas da seguridade que não estavam computadas. No momento em que se computa tudo, o superávit vira um déficit, que é real e é o que estamos mostrando”, argumentou o ministro.

“Essa apresentação foi modificada recentemente, agora é uma versão em que os números são torturados de uma forma diferente”, acrescentou Meirelles.

O ministro aproveitou para rebater outro argumento utilizado por essas entidades contra a reforma, que é a suposta acomodação do governo em não cobrar a dívida previdenciária, hoje superior a R$ 400 bilhões. “Os devedores são cobrados de uma forma rigorosa. Mas a maioria, quase 60%, são companhias falidas, quebradas. É a grande parte da dívida da Previdência”, ponderou.

“Agora, existe aí grande volume de dívidas, cerca de R$ 50 bilhões, já em processamento, com grande chance de ser paga. Agora, mesmo que cobrasse tudo amanhã, o que não é viável, é um pedaço do déficit anual”, ressaltou Meirelles. No ano passado, o déficit da Previdência beirou os R$ 150 bilhões e a previsão para este ano é de um rombo superior a R$ 180 bilhões.

 

Fonte: Estadão