Em entrevista à radio Bandnews FM, o presidente Michel Temer admitiu que pode ser candidato à reeleição em 2018. “Poder ser, é claro”, afirmou. Em meia hora de entrevista, ele traçou o perfil do candidato do governo à sucessão presidencial, disse que a reforma previdenciária será aprovada e defendeu o semipresidencialismo. Afirmou que está “muito bem” de saúde após as intervenções cirúrgicas e que entrará no próximo ano com muita “energia”.
Questionado sobre a possibilidade de se candidatar à reeleição, caso a aprovação ao seu governo aumente no ano que vem, com a recuperação econômica, Temer não descartou essa possibilidade. A última pesquisa apontou que a aprovação ao seu governo oscilou de 3% para 6%, com margem de erro de dois pontos percentuais.
“Poder ser, é claro que eu poderia”, respondeu. “Não é meu desejo, as coisas vão acontecendo, não adianta ir programando isso ou aquilo, eu deixo as coisas acontecerem, mas meu objetivo é fazer um grande governo e ser reconhecido pelo povo brasileiro”, disse Temer. “O que acontecer no futuro, o futuro é que vai determinar”, concluiu. Ele ressalvou que, inicialmente, é candidato a “fazer um bom governo” e ser “reconhecido” pelos brasileiros.
Sobre o candidato de uma frente partidária de apoio ao governo, Temer ressaltou que o escolhido defenderá as reformas. Uma das vantagens será contar com 60% do tempo de propaganda na televisão. Ele disse que isso será “importantíssimo” numa campanha que não terá financiamento de empresas. “Quem tiver mais tempo de televisão vai poder explicitar melhor o seu programa”, justificou. Ele disse que o candidato terá de ser um “estadista” pronto para presidir um país com conflitos.
Temer voltou a defender o modelo do semipresidencialismo, em que o Executivo governa junto com o Legislativo. Ele disse que tem discutido o tema com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, e que defende a implantação do sistema em 2022.
Segundo Temer, a vantagem é dar estabilidade às instituições, já que, nesse modelo, se o governo não andar bem, cai o governo, mas não cai o chefe de Estado. O presidente, eleito pelo povo, é o comandante do Executivo, das Forças Armadas, mas a função administrativa é transferida ao primeiro-ministro. O presidente nomeia o primeiro-ministro, que pode ser derrubado com o voto de desconfiança do parlamento.
Segundo Temer, depois de aprovar a reforma da Previdência e a simplificação tributária, ele quer discutir essa reformulação política. Ele disse que vai realizar a reforma da Previdência em fevereiro e acredita que as resistências às mudanças começam a ser superadas. Voltou a afirmar que a reforma “protege os pobres e não protege os privilegiados”, e que o governo contava com 280 votos no fim do ano, mas não podia correr o risco de votá-la agora.
Por fim, Temer voltou a dizer que viu uma tentativa de derrubá-lo, após o escândalo em que se envolveu com Joesley Batista, mas que nunca cogitou renunciar. “Não faria isso de jeito nenhum”, descartou. “As denúncias atrapalharam, mas não paralisaram o país.”
Fonte: Valor Econômico
Créditos: Andrea Jubé