O DEM também sondou Doria sobre a disputa presidencial tendo no horizonte uma dobradinha entre ele e um quadro do partido em 2018. No limite, o DEM também está de portas abertas a Doria caso ele não consiga se candidatar a presidente pelo PSDB em 2018. Os nomes citados para compor a chapa são o prefeito de Salvador, ACM Neto, e o ministro da Educação, Mendonça Filho.
Tucanos ligados ao prefeito avaliam que a chapa com um deles teria força no Nordeste. Em contrapartida, Doria apoiaria o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na disputa pelo governo do Rio, e o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) para o governo de Goiás.
Questionado sobre a aproximação, o senador José Agripino (RN), presidente do DEM, também negou que o partido tenha convidado Doria. Assim como Temer, a cúpula do DEM quer evitar desgaste com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Por isso, as negativas públicas e os convites em privado.
O prefeito tem dito que não vai entrar na disputa se Alckmin, que é seu padrinho político, se colocar como candidato. Porém, cada vez mais ele tem adotado discursos e agendas de quem pretende concorrer.
A possibilidade de deixar o PSDB também é rechaçada por Doria. Nesta quinta-feira, 10, durante evento em São Paulo, o prefeito voltou a descartar a saída do partido, mas admitiu o interesse do PMDB e do DEM. “Não tenho intenção de deixar o PSDB. É o meu partido. As portas (do PMDB e do DEM) foram abertas, o que me deixa muito feliz. PMDB e DEM são parte da nossa base em São Paulo”, disse.
Apoios. Para aliados de Doria, a mudança de sigla, porém, pode ocorrer caso o governador não se apresente como candidato e, mesmo assim, a cúpula tucana vete uma candidatura do prefeito. São cada vez mais fortes, no entanto, as pressões para que Alckmin desista de concorrer e indique Doria, que trabalha para reunir apoios externos e crescer nas pesquisas.
O nome do prefeito, contudo, enfrenta resistência entre setores tucanos. Presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE), conforme apurou o Estado, disse em reunião interna que Alckmin “tem preferência” na fila na escolha do candidato.
O grupo dos “tucanos históricos” de São Paulo, do qual fazem parte o ex-governador Alberto Goldman e José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, também não aceita a opção Doria. Presidente licenciado do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), que mantém influência na sigla, é outro que entrou em rota de colisão com o prefeito após Doria defender publicamente seu afastamento do comando do PSDB.
Reação. O assédio a Doria e a deferência de Temer ao prefeito desagradaram a aliados de Alckmin, que está no quarto mandato no governo paulista e se articula para ocupar a vaga do PSDB na disputa pelo Planalto. Tucanos com trânsito no Bandeirantes reclamam dos movimentos do prefeito e fazem críticas à gestão Doria.
“Não mudou nada. Seguimos amigos e unidos”, disse o prefeito ao Estado. A avaliação no entorno de Alckmin, no entanto, é de que Doria está decidido a disputar a Presidência, dentro ou fora do PSDB. Para não perder espaço, o governador vai intensificar a agenda de viagens pelo Brasil e as conversas partidárias.
Fonte: Estadão