BRASÍLIA — O vice-presidente, Michel Temer, confirmou nesta quarta-feira o convite para o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB) assumir o Ministério do Esporte, além de Henrique Eduardo Alves voltar para o Turismo; e o presidente do PRB, Marcos Pereira, comandar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, segundo a coluna Panorama Político. Após pressão, o vice-presidente, Michel Temer, desistiu do nome do deputado mineiro Newton Cardoso Junior (PMDB), filho do ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso, para o Ministério da Defesa. O ex-governador é amigo pessoal de Temer.
Com a escolha do deputado Leonardo Picciani (PMDB) para o Ministério do Esporte, o novo líder do PMDB na Câmara deverá o paraibano Hugo Motta que perdeu a eleição para Picciani numa disputa recente. Na semana passada Temer reuniu os dois deputados e definiu os acertos para esta escolha.
Na manhã desta quarta-feira, Temer recebeu representantes do PMDB de Minas Gerais, que pressionam para indicar um deputado da bancada para a pasta. No entanto, segundo aliados do vice-presidente, a pressão o deixou irritado e ele já afirmou que este acordo não vingará. O mais provável é que Defesa fique com o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).
No caso de afastamento da presidente Dilma Rousseff, o deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS) será ministro do Trabalho no eventual governo Temer. Conforme também adiantou o blog Panorama Político, de Ilimar Franco, a indicação foi definida nesta quarta-feira pela bancada do PTB na Câmara. Desde o começo da semana, o presidente nacional da legenda, Roberto Jefferson, vinha acertando com o vice Michel Temer a indicação do partido para pasta.
Para o Ministério da Justiça do novo governo, será nomeado o advogado e secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes. Ele é filiado ao PSDB, amigo de Michel Temer e já teve em sua carteira de clientes Eduardo Cunha.
Temer já até definiu as linhas gerais que gostaria de ver implementadas. À frente do Ministério da Justiça, Moraes deverá retomar negociações com governadores para ajudar os estados a combater a violência urbana.
O economista-chefe do Itaú e ex-diretor do Banco Central, Ilan Goldfajn, é o principal nome para a presidência do Banco Central (BC). Interlocutores do vice-presidente afirmam que o martelo ainda não foi batido porque Henrique Meirelles, escolhido para o Ministério da Fazenda, também está conversando com o sócio do banco Plural e ex-diretor do BC, Mário Mesquita.
Temer tenta convencer o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de se tornar ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Segundo tucanos ligados a Tasso, que até ontem se mostrava resistente à ideia, teria se sensibilizado por um pedido feito em conjunto pela cúpula do PSDB e o acordo estaria prestes a ser firmado.
Outra mudança no xadrez é a provável ida do PRB para o Ministério do Turismo. De acordo com participantes das negociações, a legenda pressiona para ficar com o MDIC, mas o vice pretende ter um nome de maior peso e interlocução com o setor na pasta, para fazer uma sinalização ao mercado internacional e ajudar, assim, a recuperar a credibilidade do País.
Disputas internas com o senador José Serra (PSDB-SP) minaram o processo de escolha de Tasso para o MDIC. Em conversa com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), na semana passada, Michel Temer afirmou que gostaria de ter Tasso Jereissati, que é empresário, à frente da pasta. O peemedebista considera que o nome do cearense une os aspectos de notabilidade, por ser um caso de sucesso em sua área, e política, já que ajudaria também na interlocução com o Congresso.
Quando soube do potencial convite, José Serra, já acordado para comandar o Ministério de Relações Exteriores, passou a cobiçar as funções relativas ao comércio exterior que hoje são de atribuição do MDIC. Temer passou a considerar atender o aliado, mas como resultado do que seria um esvaziamento do MDIC, Tasso Jereissati declinou o convite.
Já ao PRB, Temer havia sinalizado com o comando de Ciência e Tecnologia, que se tornará uma secretaria vinculada ao Ministério das Comunicações, mas houve resistências na opinião pública à indicação do presidente do partido, o pastor Marcos Pereira, para o cargo. Além disto, o PRB já afirmou ao vice que não aceitará ficar apenas com uma secretaria. A legenda também não quis retornar ao Esporte, que foi outra oferta negociada pelo vice. Com a oferta de Turismo, Temer espera ter encontrado a solução para o partido ligado à Igreja Universal.
Aliado próximo de Temer, o ex-ministro Henrique Eduardo Alves esperava retomar o comando do ministério, que deixou após o PMDB romper com Dilma Rousseff, mas agora aguarda um novo espaço.
O Globo
Fonte: o globo
Créditos: EVANDRO ÉBOLI, JÚNIA GAMA E SIMONE IGLESIAS