A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (29) uma operação contra desvio de recursos públicos do sistema penitenciário de Roraima com faturamento próximo a R$ 70 milhões. Até as 7h30 (9h30 de Brasília) foram presos Guilherme Campos, filho da governadora Suely Campos (PP), em Brasília, e os ex-secretários de Justiça e Cidadania, Ronan Marinho e Josué Filho, em Boa Vista.
Batizada de Escuridão, a operação mira políticos e empresários envolvidos no esquema de superfaturamento. Ao todo, são cumpridos 11 mandados de prisão e 20 de busca e apreensão em Boa Vista e Brasília.
Logo no início da operação, às 6h, a PF foi à casa da governadora no Centro da capital, onde cumpriu mandado de busca e apreensão.
O G1 tenta contato com as defesas dos envolvidos na ação.
Joaquim Neto, advogado de defesa da empresa Qualigourmet, que cuida da alimentação no sistema prisional, informou que a firma só deve se manifestar quando tomar conhecimento do teor das investigações.
De acordo com a PF, o esquema de desvio de dinheiro aconteceu entre 2015 e 2017. A fraude foi descoberta após um inquérito, instaurado em 2017, apurar irregularidades em contratos de fornecimento de alimentação para presídios em Roraima.
O esquema teve início no começo de 2015, com a contratação emergencial da empresa Qualigourmet, constituída 8 dias antes para cuidar da alimentação dos presos no estado.
As investigações mostram que a empresa, responsável pelos fornecimentos desde 26 de fevereiro de 2015 até hoje, superfaturava o valor da alimentação, além de informar quantitativo superior de refeições ao que era efetivamente providenciado e de fornecer alimentos de baixa qualidade.
Os responsáveis pela empresa, que está em nome de laranjas, realizaram saques de aproximadamente 30% do valor dos contratos, em espécie, para o pagamento de propinas e para o enriquecimento ilícito dos reais proprietários do negócio. Vários saques e repasses foram constatados pela PF através de filmagens feitas durante as investigações, a qual contou também com provas obtidas após representação da Autoridade Policial pela quebra do sigilo bancário e telefônico dos investigados.
O esquema contava com a participação de agentes públicos, empresários e políticos, que são alvos das medidas cumpridas nesta quinta.
Escuridão faz referência à nona praga bíblica do Egito, que veio após aos Gafanhotos – nome do maior escândalo de corrupção investigado em Roraima – na qual o povo foi colocado sob trevas em razão das ações do Faraó.
Fonte: G1
Créditos: G1