Em julho do ano passado, o Polêmica Paraíba publicou uma reportagem mostrando como a corrupção afetou a política na cidade de Conde e como esse essa característica resultaria no enfraquecimento das lideranças locais. Quase um ano depois, o município padece da mesma chaga, e agora se volta para 2020 à espera de uma luz no fim desse túnel de más notícias envolvendo políticos.
Depois de ver uma ex-prefeita presa no início do ano passado, hoje o município assiste atônito a uma série de denúncias envolvendo vereadores da cidade. O Ministério Público descobriu que no legislativo municipal existe funcionários fantasmas e a prática da ‘rachadinha’, quando servidores lotados em gabinetes são obrigados a devolver parte dos seus salários aos vereadores. O crime ainda está em fase de investigação, mas já levou à cadeia dois parlamentares municipais e outro à renúncia do cargo.
Gestão atual
No meio da crise política, o município do litoral sul da Paraíba já se prepara para o próximo pleito.
Conde atualmente é administrada pela prefeita Márcia Lucena (PSB), eleita em 2016 com 49,10% dos votos. A chegada dela ao comando do poder executivo local foi considerada uma quebra de paradigmas, já que o município, desde sua fundação, quase sempre foi administrado pelos mesmos grupos familiares. Em 2020, Márcia Lucena deverá disputar a reeleição e tentar emplacar por mais quatro anos o projeto socialista. Para isso, terá que convencer o eleitorado da cidade do que fez nos últimos quatro anos.
Em entrevista recente à Rádio Arapuan FM, a atual gestora ressaltou a intenção de estar no pleito. “Quatro anos para se desmanchar tanto malfeito é pouco tempo. Então nós vamos para a luta novamente”, revelou.
O ex-prefeito Aloísio Régis, que governou a cidade por quatro vezes (1977 -1982, 1989-1992, 2005-2008, 2009-2012), provavelmente não estará diretamente na disputa, mas vai apoiar a nora, Karla Pimentel (PSL) para a disputar a prefeitura. Apesar de estar filiada no partido do presidente Jair Bolsonaro, a pré-candidata ainda não sabe em qual sigla vai disputar a eleição. Ela alega que as disputas internas no PSL complicam a permanência na legenda. “Estamos analisando o que é melhor, explicou.
Quem também deverá entrar na disputa é o empresário Júnior Rodrigues. Presidente municipal do PSDB, ele está buscando apoios e consolidando o projeto político para mais uma vez estar na eleição como candidato a prefeito. Em 2016, ele obteve 1.294 votos e ficou em quarto lugar na disputa pela prefeitura. Atualmente, chega com otimismo faltando um ano para as eleições. “Na vez passada era eu que queria, agora quem quer é o povo”, ressaltou o político.
O empresário Olavo Lisboa confirmou que também estará na disputa. Ele foi candidato a vice-prefeito em 2016 na chapa de Aloísio Régis, sem êxito. Em 2020 Lisboa vai arriscar a disputa na cabeça de chapa. Ele conversa com presidentes de partidos locais e outras lideranças. Ao Polêmica Paraíba, ele falou em encarar a política ‘para o bem’. “Tenho o apoio das famílias. Acho que a política é um instrumento de ajudar as pessoas, e nesse sentido ela é linda. Uma política para o povo”, opinou.
O empresário Edinho Mendes admitiu, recentemente ao blog do jornalista Vanderlan Farias, que também pode disputar novamente a Prefeitura. Ele já participou de outras eleições. “Nossa intenção é garantir ao eleitor do Conde mais uma alternativa, um nome limpo, ficha-limpa e com muitos serviços prestados à cidade”, justificou o empresário.
Também cogita-se na cidade a candidatura de Sandra Ribeiro, irmã do vice-prefeito Temístocles Ribeiro. Ela, no entanto, confirmou que tem como objetivo apoiar uma das candidaturas da oposição na cidade. A família tem a chance de empoderar a candidatura do grupo oposicionista da cidade, por isso será um apoio disputado pelos candidatos de oposição e que não deve ser descartado do cenário eleitoral local.
Cavalo de Tróia
Enquanto 2020 não chega, Conde lida com uma crise política provocada pelo caos da corrupção. O mais novo escândalo de corrupção envolve vereadores da cidade e uma prática conhecida como ‘rachadinha’, quando os parlamentares exigem dos funcionários lotados nos gabinetes, partes dos seus salários. O caso veio à tona após investigações do Ministério Público e da Operação Cavalo de Tróia.
Tudo começou quando o Ministério Público decidiu investigar o vereador Fernando Araújo (Avante), mais conhecido pelo apelido ‘Fernando Boca Loca’, por supostos desvios de verbas públicas. O caso foi descoberto depois que supostos funcionários fantasmas contratados pelo vereador denunciaram o esquema.
Uma das pessoas que dividiam o salário com o vereador é beneficiária do Bolsa Família. Ela confessou o crime depois que a equipe que gerencia o programa social cancelou o benefício ao constatar que ela era vinculada à Câmara Municipal de Conde.
Fernando Boca Loca acabou renunciando ao mandato de vereador no dia 10 de maio, alegando ‘foro íntimo’. Quatro dias antes, a Polícia Civil e o Ministério Público da Paraíba deflagram cumpriram dois mandados de prisão contra os vereadores Ednaldo Barbosa da Silva, conhecido como Naldo do Cell, e Malbatahan Pinto Filgueiras Neto, o Malba. Após a audiência de custódia, as prisões preventivas de ambos os parlamentares foram convertidas em prisões domiciliares. As investigações continuam e podem ter novos desdobramentos.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba