A indicação de Abraham Weintraub para substituir Ricardo Vélez Rodríguez no Ministério da Educação foi a “solução caseira” encontrada pela equipe do presidente Jair Bolsonaro para resolver uma disputa interna e fortalece o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Secretário executivo da Casa Civil, Weintraub não havia sido lembrado até então para ocupar a cadeira com mais polêmicas no governo, mas foi a saída de última hora, na tentativa de evitar mais problemas.
Em dois encontros de auxiliares com Bolsonaro, no fim de semana, a meta era achar um perfil de ministro que também ajudasse na articulação da reforma da Previdência no Congresso. Conselheiros do presidente sugeriam um político para o cargo. Nesse arranjo, a secretaria executiva do MEC ficaria sob a responsabilidade de alguém com mais capacidade de gestão.
Uma das possibilidades aventadas era fazer uma dobradinha entre o senador Izalci Lucas(PSDB-DF) e Ivan Camargo, ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB). Outro nome mencionado era o do deputado João Roma (PRB-BA). Havia, porém, outros citados, como os generais Oswaldo Ferreira e Alessio Ribeiro Souto. Bolsonaro parecia mais inclinado por Camargo.
A surpresa veio mais tarde, quando ele anunciou a decisão de entregar a pasta, mais uma vez, para aliados do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. Passaram a ser cotados para ministro, então, o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, e o ex-secretário executivo adjunto Eduardo Melo.
Diante desse quadro, Onyx sugeriu Weintraub. Era, na definição do chefe da Casa Civil, a saída ideal: um técnico ligado a Olavo, mas que também tinha a confiança do Planalto. O Estado apurou que já é dada como certa a retirada dos militares do MEC.
Com dificuldades para demitir, Bolsonaro chegou a pedir desculpas a Vélez, nesta segunda-feira, 8, na última conversa. A interlocutores, definiu a situação como constrangedora, mas afirmou que o MEC não poderia continuar sangrando.
Economista, Weintraub foi levado para a campanha de Bolsonaro por Onyx, que o conheceu no Congresso em um seminário sobre Previdência, em 2017. Entusiasmado com suas propostas e com as de Arthur, seu inseparável irmão, o então deputado do DEM os convenceu a dar uma espécie de “consultoria” ao colega de Câmara.
“Eu me lembro do dia no qual nós desejávamos que ele (Bolsonaro) compreendesse o quanto era importante a independência do Banco Central para dar solidez à economia. Ele foi falar 20 minutos com um tal professor paulista da Unifesp (Weintraub). Ficou duas horas. Era contra e saiu a favor. A partir daí, fizemos o plano de governo”, contou Onyx, nesta segunda.
Em 2018, os irmãos acompanharam o pré-candidato na viagem ao Japão e à Coreia do Sul. Questionado pelo Estado, no ano passado, sobre a decisão de apoiar Bolsonaro, Weintraub falou sobre patriotismo. “Diante de ameaças é necessário lutar pelo país em que se vive. Os venezuelanos descobriram isso muito tarde. Perderam o controle de sua Pátria e hoje são colônia dos ditadores que controlam Cuba. São escravos”, escreveu. Na entrevista, por e-mail, rechaçou a pecha de direitista. “Esquerda ou direita, acho que é uma rotulação pobre. Somos humanistas, democratas, liberais, lemos a Bíblia (Velho e Novo Testamento) e a temos como referência.” / COLABOROU BRENO PIRES
Fonte: G1
Créditos: G1