Localizado na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, o posto de controle de imigração da Polícia Federal em Aceguá, no interior do Rio Grande do Sul, passa as madrugadas, finais de semana e feriados fechado por falta de pessoal. Enquanto permanece sem funcionar, o fluxo de pessoas nesse ponto da fronteira é livre.
Aceguá é um município de pouco mais de 4.700 habitantes segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A região é conhecida pelo intenso tráfico de armas do Uruguai para o Brasil. Questionada pelo UOL, a PF diz que o posto fica fechado durante a madrugada porque o fluxo de pessoas no local é muito baixo durante esse período.
Por se situar em uma região de fronteira, a cidade conta com um posto de imigração para fazer o controle do fluxo de estrangeiros. Atualmente, o estabelecimento tem dois agentes que atuam no atendimento aos estrangeiros que entram e saem do Brasil.Esses funcionários se revezam em dois turnos que compreendem o período das 7h às 23h. Das 23h às 7h, nos finais de semana e nos feriados, o posto fica fechado. A situação chegou a ser pior há aproximadamente um mês, quando o posto tinha apenas um agente de controle migratório e só funcionava das 7h às 19h.
A delegacia da PF mais próxima do posto fica a 60 quilômetros de Aceguá, na cidade de Bagé. Nesta unidade há atendimento 24 horas por dia.
Para o presidente do Sinpef-RS (Sindicato dos Policiais Federais do Rio Grande do Sul), Ubiratan Sanderson, o fechamento do posto de Aceguá facilita o tráfico de armas na região.
“A gente sabe que o tráfico de armas na fronteira do Brasil com o Uruguai é muito grande e esse posto fechado facilita a vida de quem quiser fazer esse comércio ilegal. Nossos agentes não estão tendo condições de trabalhar”, disse Sanderson.
Dados do Ministério da Justiça mostram que, entre 2012 e 2016, as apreensões de armas ilegais no Rio Grande do Sul aumentaram 422%, saindo de 90 para 470, enquanto a média nacional registrou uma queda de 59% no mesmo período, saindo de 15.395 em 2012 para 6.270 em 2016.
Dados da Inteligência da Polícia Federal dão conta que o tráfico de armas pelo Uruguai se intensificou nos últimos 20 anos. “É uma região de fronteira seca. Não há obstáculos naturais que impeça o fluxo de carros, que é pouco fiscalizado pela baixo efetivo da PF nas fronteiras”, diz Sanderson, que é agente da PF há 21 anos, os cinco primeiros dedicados à atuação na região da fronteira.
A reportagem do UOL tentou falar com funcionários do posto por telefone, mas foi informada de que eles não poderiam se manifestar sobre o assunto.
Outro lado
Por e-mail, a Superintendência da PF no Rio Grande do Sul enviou uma nota na qual disse que o fechamento do posto em Aceguá se dá porque “o movimento no Posto Migratório é muito baixo durante a madrugada, não justificando o emprego de policiais federais para tal atividade nesse período”.
A nota diz ainda que, enquanto o controle migratório na região é feito pelo posto da PF em Aceguá, “o controle securitário é feito pela Delegacia da Polícia Federal situada em Bagé” e que a unidade faz ações de inteligência em cooperação com outras forças policiais.
A PF diz ainda que “as necessidades (de mão de obra) são muito maiores, e os resultados para a sociedade mais eficientes, com a utilização desses servidores em investigações policiais e na produção de conhecimento e de inteligência, na sede da delegacia”.
Questionada sobre se havia a previsão de ampliar o efetivo no posto de Aceguá, a PF disse que existe essa possibilidade entre os meses de dezembro e fevereiro, conforme a demanda.
Fonte: UOL
Créditos: UOL