Com o projeto de criação de um partido próprio adiado para 2021, os seguidores do presidente Jair Bolsonaro vão tentar a sorte nas urnas este ano por siglas conservadoras de direita que aceitaram servir de abrigo provisório do bolsonarismo até que a Aliança pelo Brasil saia do papel.
Apontado pelo Ministério Público de São Paulo como operador de um esquema de fakenews no suposto gabinete do ódio da Assembleia Legislativa de São Paulo, o ativista Edson Salomão, chefe de gabinete do deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (sem partido) e presidente do Movimento Conservador vai disputar uma cadeira de vereador na capital paulista pelo PRTB.
Garcia, que foi expulso do PSL, teria permitido que Salomão utilizasse o equipamento público da Alesp para atacar ministros do Supremo Tribunal Federal e adversário políticos, entre eles a deputada Joice Hasselmann.
Assim como ele, a maioria dos líderes conservadores da ala mais radical dos movimentos pró-Bolsonaro decidiram ir às urnas em 2020 pela legenda, que aposta em integrantes de grupos como Avança Brasil, Movimento Conservador e Nas Ruas, além de youtubers, influenciadores digitais e políticos ligados a deputados do PSL que ficaram isolados na sigla após a saída do clã Bolsonaro.
Entre as apostas do PRTB em São Paulo está Ricardo Rocchi, manifestante do movimento “Tomataço” – que foi proibido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes de chegar a menos de 200 metros de qualquer ministro da Corte. Além dele, Bruno Zambelli, irmão da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), o blogueiro Ricardo Santis, conhecido como “Conservador de Topete”, e Juliana Kohan, do grupo Mulheres com Bolsonaro.
“Os bolsonaristas do PSL e os ativistas da Paulista vieram em massa para o PRTB. Temos candidatos do Avança Brasil, Nas Ruas e outros grupos”, disse ao Estado Jairo Glikson, integrante do Revoltados Online e coordenador da chapa de vereadores do PRTB.
Nas contas do presidente do PRTB, Levy Fidelix, o partido terá 77 candidatos a vereador. “Destes, 30 são bolsonaristas, sendo alguns deles ligados ao Gil Diniz e ao Eduardo Bolsonaro. Sem o Aliança eles se agasalharam aqui”, acrescentou.
Conhecido pelo bordão do Aerotrem, Fidelix vai disputar a Prefeitura paulistana e diz que será o único bolsonarista na campanha. “O bolsonarismo tem pelo menos 20% dos votos na capital. Eles não têm opção. Você acha que vão votar na Joice Hasselman? No Mamãe Falei? Não tem saída. Só eu sou Mourão e Bolsonaro”,enfatizou o presidente do PRTB.
No interior
Uma das deputadas mais próximas de Bolsonaro, Carla Zambelli (PSL-SP) vai lançar pelo mesmo PRTB aliados em cidades do interior. A aliança estratégica dos bolsonaristas com esse partido também terá candidatos em outros Estados. Em Belo Horizonte, o deputado estadual Bruno Engler, que foi expulso do PSL e lidera o Avança Brasil de Minas, será o representante do bolsonarismo na disputa à prefeitura.
“O Bolsonaro teve 65% dos votos no segundo turno em Belo Horizonte. Vou fazer minha campanha em total alinhamento com ele”, disse o parlamentar, que também lidera o movimento Direita Minas. Em Macapá, o candidato do PRTB, Cirilo Fernandes, vai enfrentar o irmão de David Alcolumbre, Josiel Alcolumbre, na disputa pela prefeitura.
Os candidatos do PRTB contarão com o apoio do vice-presidente Hamilton Mourão, que prometeu a Fidelix viajar o Brasil após as convenções para ajudar nas campanhas do partido. “Mourão é um atrativo fundamental na nossa legenda. Ele vai nos ajudar no Brasil todo”, afirmou Fidelix.
Os nomes do PRTB, que hoje não tem nenhum deputado federal, vão, segundo Fidelix, se apresentar nas eleições como “os candidatos do Mourão e do Bolsonaro”.
PTB
A aliança entre o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, e o presidente Jair Bolsonaro abriu as portas do partido para candidatos bolsonaristas nas eleições municipais. Ele chegou a convidar o presidente para entrar no partido, mas ainda não obteve resposta.
“Muitos bolsonaristas do interior interessados na disputa vieram para o PTB. Na nossa chapa de vereadores na capital, 20% pelo menos são bolsonaristas”, disse o deputado estadual Campos Machado, presidente estadual da legenda.
O PTB atraiu, entre outros, militares aposentados e da ativa e lideranças sindicais dos caminhoneiros paulistas. Além de Jefferson, Campos acredita que o discurso do partido, de forte oposição ao governador João Doria (PSDB), também colaborou para atrair os defensores do presidente.
No Rio de Janeiro, base eleitoral dos Bolsonaro, o partido escolhido para as eleições foi o Republicanos, do prefeito Marcelo Crivella, que vai tentar a reeleição. Vereador mais votado da história no Rio, com 106.657 votos em 2016, Carlos Bolsonaro tentará seu sexto mandato na Câmara Municipal pela sigla.
Além dele, o Republicanos também aposta na candidatura de mãe de Carlos, Rogéria Bolsonaro, e em lideranças comunitárias, militares e digitais bolsonaristas para eleger pelo menos dez vereadores na capital.
Fonte: Estadão
Créditos: Estadão