Autoridades, políticos e entidades ligadas à Polícia Federal se manifestam nesta sexta-feira (24) diante da publicação no “Diário Oficial da União” (DOU) da exoneração de Maurício Valeixo da diretoria-geral da corporação.
Segundo apurou a repórter da TV Globo Camila Bomfim, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, teria sido surpreendido pela exoneração do subordinado. Nesta quinta-feira (23), o presidente da República, Jair Bolsonaro, já teria informado Moro que iria trocar o comando da PF.
Porém, o ministro da Justiça e Segurança Pública resistiu e teria dito que deixaria o cargo caso Valeixo fosse demitido. O diretor-geral da PF é um nome da confiança de Moro e um dos policiais mais respeitados da instituição.
A exoneração de Valeixo levou Moro a pedir demissão do cargo, como anunciou o ministro na manhã desta sexta.
Entre os cotados por Bolsonaro para assumir o comando da PF está o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que chefiou a equipe de segurança do presidente na campanha de 2018.
O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, afirmou na manhã desta sexta-feira à TV Globo que “quem não tem autonomia [como é o caso dos delegados da corporação] tem que receber com resiliência” a notícia da exoneração de Valeixo.
O presidente da associação afirmou que qualquer um dos nomes cotados para assumir a PF tem capacidade para ocupar o cargo. Porém, Edvandir Paiva ponderou que o problema são as frequentes trocas de comando em um curto espaço de tempo.
“A falta de mandato e de autonomia da PF causam esses efeitos colaterais. Isso é indesejável em qualquer circunstância, em qualquer organização. No caso da PF mais ainda porque é uma instituição que esbarra no poder político e econômico”, afirma o presidente da ADPF.
Também em nota, o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo, afirmou que a entidade recebeu a exoneração com surpresa e preocupação. De acordo com a entidade, durante a gestão de Valeixo, a PF tem “gozado de autonomia, liberdade e isenção para trabalhar”.
“É preocupante que o Executivo lance mão de sua prerrogativa de trocar o comando da PF sem apresentar motivos claros para isso. Trata-se de um episódio que gera perigoso precedente e cria instabilidade para a atividade do órgão. A Polícia Federal é uma instituição de Estado e deve seguir, com autonomia e rigor científico, em sua missão de combater o crime doa a quem doer”, disse a APCF.
Em entrevista à GloboNews, o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio de Araújo Boudens, afirmou que a entidade está “apreensiva” com a mudança no comando da corporação.
Em nota, a Frente Parlamentar da Segurança da Câmara dos Deputados disse que irá aguardar o pronunciamento de Moro sobre a exoneração de Maurício Valeixo. Porém, a frente já adiantou que o ministro “tem total apoio e confiança” do grupo. A manifestação é assinada pelo presidente da frente, o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP).
Fonte: G1
Créditos: G1