Manobra

Saída de ministro foi uma maneira de blindar Temer - Kennedy Alencar

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Ao se demitir do Ministério do Turismo, Henrique Alves se tornou a terceira baixa do governo Temer. E, segundo o Blog do Kennedy, ele fez isso como uma maneira de blindar o presidente em exercício. Isso porque é próximo de Temer e assumiu a pasta contrariando conselhos de que poderia ser um dos alvos atingidos pela Lava Jato.

O jornalista lembra que a delação de Sérgio Machado não teve relação com a queda, mesmo que tenham acontecido no mesmo momento. A demissão teria sido motivada, na visão de Kennedy, pelo fato de que novas revelações podem surgir e provocar ainda mais instabilidade no governo Temer.

Agora, Kennedy avalia que o maior desafio do peemedebista é evitar que as votações na Câmara fiquem paralisadas.

A delação premiada de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, torna inviável a ameaça do presidente do Senado, Renan Calheiros, de colocar em votação um pedido de impeachment do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Diante das revelações de Machado, que chegam a acusar o presidente do Senado de receber mesada de propina da Transpetro no valor de cerca de 300 mil mensais, uma articulação contra Janot seria o suicídio político de Renan. Seria uma confissão do Senado de retaliação ao investigador, manobra que teria ampla rejeição da opinião pública.

O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, está a caminho da cassação. Com o agravamento situação de Cunha, Renan passa a ser uma espécie de bola da vez. A delação de Machado, negada por Renan, traz detalhes que deixam o presidente do Senado em situação política delicada. Machado disse que Renan recebeu R$ 32 milhões em propina, dos quais R$ 8,2 milhões teriam sido passados por doações eleitorais de empresas com contratos com a Transpetro.

Toda a imprensa sabe que existia uma grande relação de proximidade entre Renan e Machado. Esse relacionamento dá veracidade ao relato de Machado.

Claro que todas as delações precisam ser provadas e será importante verificar contradições entre revelações de corruptos como Machado e de executivos corruptores de empreiteiras. Afinal, o ganho é grande para quem delata.

Na prática, Sérgio Machado vai trocar uma pena de 20 anos por uma prisão domiciliar por três anos. Ele não fez a delação para salvar os filhos que envolveu no esquema de corrupção, como disse. Fez para salvar a si mesmo. Não há santo na Lava Jato.

O pedido de demissão de Henrique Alves do Ministério do Turismo faz parte de uma tentativa de blindagem do presidente interino, Michel Temer. Henrique Alves é amigo de Temer. Era um ministro próximo, que voltou ao Ministério do Turismo contrariando conselhos de que poderia ser atingido pela Lava Jato.

A delação de Sérgio Machado não teve peso na queda de Henrique Alves, o terceiro ministro de Temer que perde o posto. Já haviam surgido revelações de Machado ruins para o peemedebista, que balançou mas ficou.

Como virão novas acusações que trarão instabilidade para o governo, Alves se antecipou para tentar minimizar mais problemas para ele e Temer. Nos bastidores, há rumores de que essas novas delações, como de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, também poderão atingir mais ministros. Portanto, o governo continua sob ameaça de instabilidade política.

O desafio de Temer é tentar evitar que isso paralise votações na Câmara. Ontem, falava-se no governo em procurar o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o grupo de parlamentares que está tutelando o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, e reforçar o plano de votação de medidas econômicas.

Apesar da tormenta que futuras delações provocarão sobre a classe política e o governo, a intenção de Temer é não deixar o Congresso parar de apreciar medidas econômicas, como a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que cria um teto para as despesas públicas. A delação de Machado tenderá a ser fichinha perto das revelações de executivos da Odebrecht e da OAS.

Fonte: CBN
Créditos: Blog do Kennedy