Líder André Moura (PSC-SE) não vê insatisfação do Planalto e atribui pressão à “disputa de espaço” entre partidos (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
Passada a eleição para presidente da Câmara, que reconduziu ao posto Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o período 2017-2018, uma parcela dos deputados governistas passou a defender a substituição do líder do governo na Casa.
Atualmente, o líder é André Moura (SE), do PSC, partido cuja bancada reúne 10 dos 513 deputados. Moura integra o chamado “Centrão”, bloco informal de partidos conservadores articulado no início do ano passado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputado cassado e atualmente preso em Curitiba por decisão do juiz Sérgio Moro, da Operação Lava-Jato.
O líder do governo é o deputado que tem o papel de defender a posição do Palácio do Planalto na Câmara em relação às matérias em votação. A escolha cabe ao presidente da República. Deputados governistas que querem a substituição de Moura defendem a indicação de Aguinaldo Ribeiro (PB), do PP, partido com uma bancada de 46 deputados. Ministro das Cidades no governo Dilma Rousseff, Ribeiro, também integrante do “Centrão”, é o atual líder do PP na Câmara.
Interlocutores do presidente Michel Temer dizem que há possibilidade de mudança, mas se isso vier a acontecer, será somente após a instalação da comissão especial que discutirá a reforma da Previdência, prioridade do governo para este ano. A proposta de reforma prevê alterações nas regras de aposentadorias. A intenção do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é instalar a comissão na semana que vem. Moura atribuiu a pressão pela substituição de Moura a uma disputa de poder.
“Não há insatisfação do Palácio nem do presidente com o meu trabalho, isso dito pelo próprio presidente da República várias vezes. Aprovamos todas as matérias que o governo tinha para aprovar durante o ano passado. O que está acontecendo é um jogo de disputa de espaço de alguns partidos políticos”, afirmou.
Ele destacou ainda que não teve nenhuma indicação do Planalto de que pudesse ser eventualmente trocado, mas que, se isso acontecer, respeitará a decisão. Para alguns líderes aliados, a troca do líder do governo é necessária para que o posto seja ocupado alguém com maior trânsito em todas as legendas.
“Eu acho que deveria haver troca, sim, do líder do governo. Tinha que escolher alguém de outro partido da base, com mais interlocução. Considero que houve alguns problemas na condução do André Moura. Em alguns momentos, ele se ausentava do plenário e outros líderes da base tinham que assumir”, opinou o líder de um dos principais partidos aliados, ouvido sob a condição de anonimato.
Outra liderança engrossa o coro. “Eu acho que a troca é importante até para renovar. Teremos dois anos difíceis pela frente”, disse. (AG)
Fonte: AG