O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, nomeou um defensor do eletrochoque ao cargo de coordenador-geral de Saúde Mental, Ácool e outras Drogas do Ministério da Saúde. A medida foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (18/2).
Rafael Bernardon Ribeiro atuará no Departamento de Ações Estratégicas, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Ele é diretor técnico do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Univesp (Universidade Federal de São Paulo).
Em uma entrevista ao Canal da Psiquiatria, publicada em 2013, Bernardon defendeu o tratamento. “A eletroconvulsoterapia é um tratamento usado na medicina desde 1938. E ele persiste justamente por ser muito bom. Ele tem uma resposta da ordem de 90%. O paciente tem algum benefício em nove de cada 10 casos”, afirmou.
“Consiste em passagem de uma corrente elétrica de baixa intensidade, totalmente controlada, quando o paciente está anestesiado. Ele está dormindo, com a musculatura paralisada”, explica o professor.
“Procedimento seguro”
Apesar de gerar opiniões controversas, a eletroconvulsoterapia — ou eletrochoque — é descrita pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) como um “procedimento médico seguro e indicado para tratamento de transtornos psiquiátricos graves que põem em risco a integridade do paciente”.
Em 2018, ano de transmissão da novela “O Outro lado do Paraíso”, na TV Globo, a associação repudiou o tratamento que o programa de televisão deu à questão. No enredo, uma das personagens foi diagnosticada como psicopata e submetida ao eletrochoque. O caso foi criticado pela ABP, que considerou a cena um “desserviço a população”.
“A Eletroconvulsoterapia – ECT, ou eletroconvulsão terapêutica, é usada para fins de tratamento em diagnósticos específicos e salva vidas, portanto, ser exibida na novela de maneira pejorativa e para fins de punição é extremamente danoso e gerador de preconceito. Para ser utilizada, a técnica deve ser precedida por um diagnóstico preciso e o procedimento segue diretrizes estabelecidas por resolução do Conselho Federal de Medicina, observando todos os cuidados com a saúde e a vida. O paciente deve ser anestesiado, recebendo uma baixa corrente elétrica que induz à convulsão, com duração de cerca de 30 segundos. A técnica é eficaz e segura e seu sucesso terapêutico é destacado por múltiplos estudos relacionados ao tema, publicados em periódicos de grande destaque científico e o procedimento feito nas principais universidades brasileiras”, disse a associação.
https://www.youtube.com/watch?v=ZwF7TkBOu4o&feature=emb_logo
Fonte: Metrópoles
Créditos: Metrópoles