Michel Temer está animado. Amargava uma taxa de reprovação de 82%. Mas o Datafolha informou há três dias que a desaprovação caiu para 73%. Mal comparando, o presidente passou a se comportar como se fosse um ovo frito fazendo o caminho de volta. Ficou tão animado com a perspectiva de se tornar um galeto, que ignorou o fato de ter apenas trocado a frigideira pelo espeto. A menos que ocorra um epidemia nacional de amnésia, chegará ao final do mandato bem passado.
Temer recuperou a autoestima. Voltou a se dar bem consigo mesmo. Considera-se “injustiçado” pela imprensa, relatou um auxiliar. Queixa-se de Henrique Meirelles, que não o defende na campanha. Mas declara-se convencido de que a história se congratulará com ele, reconhecendo-lhe os méritos. Herdou de Dilma o caos, realçou o assessor. Poderia ter optado pela resignação. Mas encarou a conjuntura, impedindo que as coisas piorassem.
Temer contabiliza como grandes feitos algumas providências que os adversários criticam na campanha eleitoral —o teto dos gastos públicos, a reforma trabalhista, a troca do modelo de exploração do óleo do pré-sal, a reformulação do ensino médio… Acha que há tempo para aprovar uma reforma da Previdência antes do final do ano, entre a abertura das urnas e o Natal.
A maioria dos brasileiros gostaria muito de viver no país que o presidente descreve com tanto entusiasmo, seja ele onde for. É como se no Brasil de Temer o presidente da República não carregasse duas denúncias criminais nas costas. É como se o inquilino do Planalto não respondesse a um par de inquéritos por corrupção. É como se os 13 milhões de desempregados tivessem tomado chá de sumiço.
No Brasil de Temer, a única coisa a lamentar é que os jornalistas não terão mais um Temer para chutar depois que ele for embora, em 1º de janeiro de 2019.
Fonte: UOL
Créditos: Josias de Souza