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Relembre as 10 maiores polêmicas da política paraibana em 2020

Além da pandemia, que mudou nossos hábitos e a forma como nos relacionamos com o próximo, o paraibano acompanhou, de casa, várias polêmicas na área da política.

O ano de 2020 vai ser lembrado pela pandemia do Coronavírus que atingiu todo o mundo e na Paraíba não foi diferente. Mas além da crise sanitária que mudou nossos hábitos e a forma como nos relacionamos com o próximo, o paraibano acompanhou, de casa, várias polêmicas na área da política. E nós do portal Polêmica Paraíba reunimos as dez maiores confusões de 2020.

Saída de João Azevêdo do PSB provoca debandada de prefeitos da legenda
A decisão do governador da Paraíba João Azevêdo tomada ainda em dezembro de 2019 de deixar o PSB surtiu efeitos pouco mais de um mês depois. Em 30 de janeiro de 2020, 22 prefeitos pediram desfiliação da legenda socialista de uma só vez. Os gestores seguiram a mesma justificativa usada pelo governador para deixar o canteiro girassol: falta de diálogo na legenda, que à época era presidida pelo deputado federal Gervásio Maia, após a saída do ex-governador Ricardo Coutinho por envolvimento na Operação Calvário. Prefeitos de municípios como São José de Piranhas, Rio Rinto, Juripiranga e Cuitegi seguiram a decisão de João Azevêdo, que no mesmo dia da debandada do PSB anunciou filiação ao Cidadania. Além dos prefeitos, outros nomes da política paraibana fizeram a mesma travessia feita pelo governador, esvaziando, quase que por completo, o diretório do PSB na Paraíba, que acabou refletindo, em novembro na derrota de Ricardo Coutinho na disputa pela Prefeitura de João Pessoa. O ex-governador obteve 10,68% dos votos ficando em 6º lugar no primeiro turno. Já o atual governador anunciou apoio a Cícero Lucena (PP), que acabou sendo eleito em segundo turno prefeuto da Capital Paraibana. Em todo o estado, a legenda de João Azevêdo foi a que mais elegeu prefeitos com 42 candidatos vitoriosos.

Oposição pede impeachment de João Azevêdo
No início do ano, o governador João Azevêdo (Cidadania) se viu às voltas de pelo menos dois pedidos de impeachment contra ele na Assembleia Legislativa da Paraíba, formulados por deputados de oposição. Tendo como base denúncias do âmbito da Operação Calvário, o primeiro foi protocolado em 5 de fevereiro pelo deputado estadual Walber Virgolino (Patriota), mas foi arquivado pela mesa diretora por falta de provas e inexistência de reconhecimento de firma nas assinaturas dos propositores. Um mês depois, Virgolino protocolou um segundo pedido de impeachment, que segue em compasso de espera na ALPB.

Comerciários de Campina Grande protestam pela reabertura dos estabelecimentos durante a pandemia
No dia 27 de abril, um ato público realizado por trabalhadores do comércio de Campina Grande fizeram um protesto nas principais ruas do centro da cidade. Usando máscaras, de joelhos e com cartazes nas mãos e temendo perder seus empregos, os manifestantes exigiam a reabertura dos estabelecimentos na Rainha da Borborema. No dia seguinte, o Sindicado dos Comerciários denunciou que vários trabalhadores teriam sido obrigados a participar do movimento, sob pena até de demissão, o que acabou gerando a abertura de um inquérito por parte do Ministério Público do Trabalho. Os empresários do setor negam as acusações de coação.

Maior São João do Mundo em Campina Grande é cancelado devido ao avanço da pandemia
Mais um efeito da pandemia do Coronavírus na Paraíba foi o cancelamento do Maior São João do Mundo em Campina Grande. Inicialmente prevista para acontecer entre 5 de junho a 5 de julho, a 37ª edição da festa que atrai milhares de turistas para a Rainha da Borborema foi adiada para o período entre os dias 9 de outubro e 8 de novembro, mas com o agravamento da crise sanitária, o prefeito Romero Rodrigues (PSD) resolveu cancelar a festa de vez.

Pandemia se agrava e Campina Grande vive lockdown
Entre o fim de maio e o começo de junho, o prefeito de Campina Grande Romero Rodrigues tomou uma medida drástica para tentar conter o avanço da pandemia na Rainha da Borborema. Um decreto assinado pelo gestor antecipou feriados municipal, estadual e nacional, e estabeleceu um lockdown (fechamento total) entre os dias 30 de junho e 3 de julho. Todos os estabelecimentos comerciais, bancos, casas lotéricas, salões de beleza e demais serviços não essenciais e até mesmo o transporte público, incluindo táxis, mototáxis e aplicativos, tiveram suas atividades interrompidas durante quatro dias. A medida surtiu efeito e ajudou a controlar a pandemia no município.

Dilema do PT em João Pessoa
As eleições municipais de 2020 em João Pessoa foram cercadas de muita polêmica. A que rendeu mais pano pra manga foi, sem dúvida, a briga intenta no Partido dos Trabalhadores. Tudo começou quando o diretório municipal homologou em convenção a chapa majoritária com o deputado estadual Anísio Maia (PT) como candidato a prefeito da Capitl e o empresário Percival Henriques (PCdoB) como candidato a vice. Por outro lado, a direção nacional do PT decidiu apoiar o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que se lançou candidato a prefeito no último dia do prazo para realização das convenções partidárias, e indicou o petista Antônio Barbosa como vice. A Justiça Eleitoral manteve a chapa Anísio/Percival. Foi quando a direção nacional, liderada pela deputada federal paranaense Gleisi Hoffmann resolveu intervir no diretório municipal petista. Uma comissão interventora, formada por Paulo Teixeira, Sônia Braga, Nierley Nóbrega e Alexandre Guedes passou a decidir o futuro da legenda. Nas urnas, a chapa Anísio/Percival foi apenas a nona colocada, obtendo pouco 5.431 votos. No dia 30 de dezembro, a intervenção no PT pessoense foi prorrogada até o fim de janeiro, o que fez com que 26 membros do diretório municipal protocolassem uma carta-renúncia junto à direção nacional, alegando total esvaziamento político da instância partidária na Capital motivado pela intervenção.

Renúncia de Berg Lima e eleição de Luciene Gomes para a Prefeitura de Bayeux
Enquanto as articulações em torno do pleito de novembro aconteciam, em Bayeux a temperatura esquentou em 14 de julho com a renúncia de Berg Lima do cargo de prefeito. Ele havia sido afastado pela segunda vez da Prefeitura em 20 de maio, graças a uma decisão judicial motivada por um pedido do Ministério Público da Paraíba. Berg era acusado de contratar servidores fantasmas para a prefeitura de Bayeux em 2017 e de ter aplicado verbas em áreas diversas que seriam exclusivas para uso em melhorias no trânsito da cidade. Na carta-renúncia entregue à Câmar Municipal, o prefeito afirmava ter sido vítima de armação e de perseguição política. Como a cidade já estava sem vice-prefeito, que teve o mandato cassado, a decisão de Berg deflagrou uma disputa na Câmara Municipal e na Justiça. Os vereadores iriam escolher, entre seis candidatos, quem ocuparia a cadeira de prefeito para um mandato tampão de menos de cinco meses à frente da Prefeitura. Na esfera judicial, uma guerra de liminares deu o tom da eleição indireta. Finalmente, em 19 de agosto, era eleita a vereadora Luciene Gomes (PDT), que em novembro disputou a reeleição pelo voto direto e venceu, com 39,21% dos votos.

Cartaxo anuncia Edilma como candidata a prefeita de João Pessoa e frustra aliados
Indeciso quanto ao nome que lançaria para a disputa pela Prefeitura de João Pessoa, o então prefeito Luciano Cartaxo (PV) escolheu quatro secretários de sua gestão para que se desincompatibilizassem dos cargos, mas apenas um deles seria ungido pelo gestor. No começo de abril, Diego Tavares do Desenvolvimento Social, Socorro Gadelha da Habitação, Daniella Bandeira do Planejamento e Edilma Freira da Educação deixaram suas secretarias e se lançaram às ruas para mostrar a Cartaxo que dispunham de apoio popular suficiente para vencer a eleição. Após pouco mais de quatro meses de indefinição e mistério, Luciano Cartaxo, enfim, escolheu a ex-secretária de Educação Edilma Freire, como candidata. Frustrados com a decisão familiar – Edilma é cunhada de Cartaxo – Diego, Socorro e Daniella decidiram não retornar à gestão municipal e decidiram apoiar o então candidato Cícero Lucena (PP). Em setembro, após o pedido de licença da senadora Daniella Ribeiro (PP), o também suplente Diego Tavares assumiu a cadeira no Senado Federal e no fim de dezembro, foi anunciado por Cícero Lucena como secretário de Gestão Governamental. Socorro Gadelha voltou à Secretaria de Habitação e Daniella Bandeira se tornou coordenadora do Patrimônio Cultural de João Pessoa. Nas urnas, Edilma ficou em quinto lugar no primeiro turno, obtendo 12,93% dos votos válidos.

Candidato a prefeito de João Pessoa denuncia atentado durante campanha eleitoral
A manhã do dia 27 de setembro, primeiro dia da campanha eleitoral, foi quente em João Pessoa. O então candidato do MDB Nilvan Ferreira denunciou à Polícia que foi vítima de um atentado. durante um bandeiraço com a militância na orla da Capital. O jornalista contou que o condutor de um veículo havia parado no local e apontado uma arma para ele. O homem não chegou a atirar. Três dias depois, a Polícia esclareceu o caso. De acordo com as investigações, o homem que teria sacado a arma foi localizado e revelou que o fato estaria relacionado a uma briga de trânsito e não a uma possível ameaça ao candidato. Ele explicou que estava em um cruzamento da Avenida Epitácio Pessoa quando o carro ficou bloqueado por uma aglomeração de pessoas. Ele tentou passar buzinando para que as pessoas se afastassem e teve início uma discussão. Uma das pessoas que estavam na rua mostrou uma arma na cintura, momento em que o irmão do motorista, que é policial, sacou uma pistola e mostrou que também estava armado. Por temer pelo que poderia acontecer, o policial permaneceu com a arma em punho até eles conseguirem sair do local. Ele fez quesão de negar qualquer tipo de ameaça ao candidato Nilvan Ferreira ou a outra pessoa.

Após eleição, vereadores de João Pessoa tentam por duas vezes aumentar os próprios salários
Uma decisão polêmica mexeu com a opinião pública na última quinzena de 2020. No dia 16 de dezembro, a toque de caixa, a Câmara de João Pessoa aprovou um reajuste nos salários dos próprios vereadores, do prefeito, do vice-prefeito e dos secretários municipais. Com a medida, cada vereador receberia a partir de janeiro de 2021, R$ 18.991, o presidente da Câmara teria um salário de R$ 24,6 mil, o prefeito passaria a receber R$ 25,5 mil, o vice R$ 19.175 e os secretários R$ 17.432. Quatro dias depois, a Justiça da Paraíba suspendeu o aumento. Na decisão, que atendeu a uma ação popular que pedia a suspensão do reajuste, a juíza Teresa Cristina de Lyra Pereira Veloso levou em consideração uma lei complementar federal, publicada em maio, que proíbe o aumento de salário durante a situação de pandemia da Covid-19. Mas os vereadores de João Pessoa não se deram por satisfeitos, e na última sessão de 2020, realizada no dia 30 de dezembro, aprovaram também a toque de caixa e em tempo recorde (39 segundos), um novo aumento dos próprios salários, dessa vez a partir de 2022, e ainda a implantação do 13º salário. Votaram contra os vereadores Marcos Henriques (PT), Thiago Lucena (PRTB) e Milanez Neto (PV). Damásio Franca Neto (PP) também se posicionou contra, mas o presidente da Casa, João Corujinha (PP), já havia encerrado a votação. A decisão dependia apenas da sanção do então prefeito Luciano Cartaxo, porém no dia 31 de dezembro, o último ato do gestor foi o veto do reajuste aprovado pelos parlamentares. Cartaxo seguiu uma orientação da Procuradoria-Geral do Município, segundo a qual o reajuste fere a Lei de Responsabilidade Fiscal, uma vez que o chefe do Executivo Municipal não pode sancionar lei que resulte no aumento de despesa com pessoal nos 180 dias finais de mandato, sob risco de ser processado por crime e responder por improbidade administrativa. O último reajuste nos salários dos vereadores havia sido aprovado em 2012.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba