As eleições municipais de 2024 estão se aproximando e às principais disputas serão para conhecermos os gestores das 223 Prefeituras das Paraíba.
A cada eleição, um bom número de novos Prefeitos é eleita, mudando a configuração das cidades. Mas, existem alguns políticos que conseguem firmar verdadeiras dinastias, se tornando Prefeitos por várias legislaturas.
Nessa matéria iremos conhecer e relembrar as histórias dos políticos que mais vezes foram Prefeitos na história da Paraíba.
Três políticos são os recordistas históricos com seis mandatos. São eles: Marcus Odilon, Elair Diniz Brasileiro e Doutor Lauri.
Marcus Odilon – Juarez Távora e Santa Rita: A diferença de Marcus Odilon para os outros dois nomes é de que ele foi Prefeito em duas cidades. Foi eleito Prefeito de Juarez Távora pela primeira vez em 1960, com apenas 21 anos.
Volta a gestão de Juarez Távora no pleito de 1968, decidindo mudar de rumo ao concorrer à Prefeitura de Santa Rita em 1976, contra o ex-Prefeito Hermano Gadelha, vencendo com uma diferença de pouco mais de 500 votos. Em 1982 alçou voos ainda mais altos, ao ser eleito Deputado Estadual, com a segunda maior votação do estado.
Tentou a sorte na primeira eleição para a Prefeitura de João Pessoa desde a instauração da Ditadura, no ano de 1985, perdendo a disputa para o Deputado Federal Carneiro Arnaud. Na eleição de 1986 disputou o Governo, como candidato a vice na chapa de Marcondes Gadelha, que saiu derrotada contra Tarcísio Burity.
Após duas derrotas consecutivas, Odilon voltou a disputar a Prefeitura de Santa Rita em 1988, vencendo com uma larga vantagem sobre Oildo Soares.
Disputou uma vaga na Câmara Federal em 1994 e outra na Assembleia em 2002, sem sucesso, o que condicionou sua volta a disputa municipal em 2004, vencendo a eleição mais uma vez com uma larga vantagem, atingindo a marca de 36.165 votos (60,05%). Odilon ainda se reelegeria em 2008, completando incríveis quatro mandatos a frente da cidade das águas minerais e seis no total da sua brilhante carreira.
O ex-Prefeito e Deputado faleceu aos 80 anos em fevereiro de 2020.
Elair Diniz Brasileiro – Santa Helena: Elair iniciou a sua carreira como Vereador, até chegar na Prefeitura em 1966, tendo obtido 662 (60,46%) dos votos. Em novembro de 1972, pela ARENA, foi novamente diplomado Gestor Municipal de Santa Helena, através de eleições livres e diretas, sendo candidato único, tendo obtido 865 (100%) dos votos apurados.
Dez anos depois, em 1982, se candidata pelo PDS e obtém 1.617 (79,81%) dos votos. Mais dez anos se passam e novamente, em 1992 é aclamado para o seu quarto mandato como Prefeito.
Volta às vitórias no ano de 2004, se reelegendo em 2008, naquela que foi sua última e sexto mandato na Prefeitura de Santa Helena.
Uma coisa interessante e de se destacar na trajetória de Elair Diniz é que ele nunca disputou uma eleição para Deputado e que venceu todos os pleitos que disputou na sua carreira.
O ex-Prefeito faleceu aos 80 anos em setembro de 2019.
Doutor Lauri – Brejo dos Santos: Lauri Ferreira da Costa, mais conhecido como Doutor Lauri, é o maior político da história de Brejo dos Santos.
Filho de Lavaldino Luiz da Costa (primeiro prefeito de Brejo dos Santos), disputou sua primeira eleição em 1982, se tornando Prefeito ao atingir 1.895 votos. Em 1990, alçou voos mais votos quando se elegeu Deputado Estadual. Após não conseguir se reeleger, voltou a Prefeitura de Brejo dos Santos em 96, se reelegendo em 2000.
Em 2008, foi eleito para o quarto mandato como Prefeito, sendo derrotado pela primeira vez no pleito de 2012, na disputa contra Luiz Vieira. No pleito seguinte, devolveu a derrota sofrida em 2012, sendo reeleito para um sexto mandato em 2020.
Doutor Lauri, permaneceu apenas 5 meses no cargo, sendo vitimado pela Covid-19 aos 74 anos, no dia 12 de junho de 2021.
Cinco políticos foram Prefeito por cinco mandatos. São eles: Coloral, Leomar Maia, Doutor Bosco, Neto Duarte e Doutor João
Claudio Antonio Marques de Souza – São José da Lagoa Tapada: Claudio Antonio Marques de Souza, mais conhecido pelo apelido de Coloral, vem sendo o nome da política de São José da Lagoa Tapada desde os anos 90.
Vence sua primeira eleição em 1992, derrotando Jose Araújo Silva, ao atingir 2856 votos (57,49%). Volta às disputas no pleito de 2000, vencendo Zé Milton, se reelegendo em 2004 em disputa contra o Vereador Antonio Pereira da Silva, mais conhecido pelo apelido de Toinho de Amargoso.
Após terminar o segundo mandato, fica mais de 10 anos longe das eleições, mas decide retornar em 2016, naquela que foi sua eleição mais disputada. Em um pleito decidido nos mínimos detalhes, Coloral derrota Francisco Jucelio de Sá, mais conhecido como Celinho Mendes, com 50,88% dos votos, contra 49,12% de Celinho.
Reeleito em 2020 ao atingir mais de 77% dos votos, no embate contra seu Vice-Prefeito Mazinho Formiga, Coloral indicará como seu sucessor para estas eleições, o ex-Vereador Chico Rufino, em uma disputa contra o seu sobrinho e ex-apadrinhado político, o ex-Prefeito Neto de Coraci.
Leomar Maia – Catolé do Rocha: Leomar Maia faz parte da família mais tradicional da política de Catolé do Rocha. A sua primeira vitória foi no pleito de 1992, ao derrotar o ex-Prefeito e futuro Deputado Estadual, Biu Fernandes.
Retorna às disputas em 2000, em um embate de gigantes perante ao ex-Deputado e atual Prefeito Zé Otávio, que buscava a reeleição. Doutor Leomar consegue vencer o Prefeito com uma vantagem de quase dois mil votos, ao atingir 8.095 votos, contra 6.269 de Zé Otávio. É reeleito quatro anos depois, em uma disputa contra o ex-Prefeito Lauro Maia, naquela que é sua terceira vitória em três disputas municipais.
Após ficar apenas na suplência de uma das vagas para a Assembleia nas eleições de 2010, Doutor Leomar decide tentar seu quarto mandato em 2012, naquela que foi sua eleição mais apertada. Em uma disputa contra o jovem Vereador Doutor Paulinho, Leomar vence ao atingir 51,22% dos votos, contra 48,78% de Paulinho. O Prefeito foi reeleito em 2016, ao derrotar o mesmo Lauro Maia que enfrentou nas eleições de 2004, naquela que é até o fechamento desta matéria, a sua última eleição.
Doutor Bosco – Uiraúna: A carreira de Doutor Bosco Fernandes começa com derrota nas eleições de 1988. Em uma disputa contra Paulo Arthur de Almeida Bastos, mais conhecido como Doutor Arthur, Bosco Fernandes perdeu o pleito por uma diferença de 275 votos.
Retorna quatro anos depois em uma disputa contra o ex-Prefeito Doutor Geraldo, vencendo uma eleição ainda mais apertada que a de 88, ao atingir 5.583 votos (51,17%). Após não conseguir eleger o seu sucessor e ver a volta de Doutor Geraldo em 96, volta às disputas em 2000, contra o mesmo Geraldo que buscava à reeleição. Doutor Bosco é eleito com 4.127 votos (53,68%), contra 3.561 votos (46,32%) do então Prefeito.
A sua reeleição no pleito de 2004, teve um ingrediente especial. Doutor Bosco teve como adversário o seu Vice-Prefeito, Doutor Laurintino. O Prefeito foi reeleito com quase 60% dos votos. Após apoiar a candidatura de Doutora Geane, que saiu vencedora em 2008, retornou quatro anos depois, em uma disputa contra Doutor Arthur que o havia vencido em 1988.
Doutor Bosco conseguiu vingar aquela derrota, vencendo sua quarta eleição, com 53,03% dos votos. No pleito de 2016, se reelegeu ao vencer Antônio Ferreira, que tinha Doutor Geraldo como seu companheiro de chapa, naquela que foi sua quinta vitória e sua última eleição até o momento.
Doutor Neto – Sumé: A trajetória de Francisco Duarte da Silva Neto, começa em 1988, quando se elege Prefeito pela primeira vez ao derrotar Givanildo Antônio Freire, mais conhecido como Nido. Doutor Neto retorna oito anos depois, se tornando mais uma vez Prefeito, no pleito contra Duda, ao atingir 76,04% dos votos.
As vitórias esmagadoras do Prefeito se repetiram em 2000, quando foi eleito com 76,3% dos votos, em um pleito que concentrava quatro candidatos. Ao retornar em 2008, Doutor Neto encontrou dois fortes adversários, que deram a eleição mais disputada da carreira de Neto, que foi eleito para um quarto mandato com 49,92% dos votos, contra Vavá Camilo e João Pereira, que atingiram mais de 20% dos votos.
Reeleito em 2012, com mais de 65% dos votos, Doutor Neto é o único nome dessa lista que disputará o pleito deste ano. Neto será candidato pelo PSB, tendo como adversários até o momento Manezinho Lourenço, Luan Ferreira e o candidato do Prefeito Éden, que foi Vice-Prefeito na gestão de Doutor Neto e que rompeu politicamente com Neto no mês passado.
Se for eleito em 2024 e reeleito em 2028, Doutor Neto será o recordista histórico, com 7 mandatos na Prefeitura em seu nome.
Doutor João – Caaporã: A vida pública de João Batista Soares em Caaporã, tem início nas eleições de 1988, quando derrota em uma disputa acirrada o Vereador Romeu Nazário, ao atingir 42,22% dos votos, contra 36,81% de Romeu.
Doutor João retorna em 96, derrotando Jeane Nazário, com quase 1200 votos de vantagem, se reelegendo quatro anos depois, em uma disputa ainda mais tranquila contra a mesma Jeane.
Em um terceiro embate contra Jeane, que havia sido eleita Prefeita em 2004, Doutor João consegue sua terceira vitória ao derrotar a Prefeita, com pouco mais de 56% dos votos. Na sua disputa pela reeleição, o Prefeito teve como seu adversário, o seu Vice-Prefeito, Kiko Monteiro. Na disputa entre os ex-aliados, o Prefeito foi eleito com 55,36% dos votos, contra 40,3% de Kiko.
Mas essa disputa entre os dois não parou em 2012, pois Kiko foi eleito no pleito seguinte, derrotando Chico Nazário, candidato do Prefeito de forma esmagadora, o que culminou em uma segunda disputa entre os dois na última eleição, na qual Kiko conseguiu vingar a derrota de 2012, ao atingir 65,73% dos votos, contra 34,27% de Doutor João, naquela que foi sua única derrota em mais de 30 anos de vida pública.
Vários políticos conseguiram quatro mandatos como Prefeitos e iremos destacar alguns deles no texto abaixo
Manoel Júnior – Pedras de Fogo: Formado em medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e pós-graduado em cirurgia geral pelo Hospital Getúlio Vargas, Manoel Júnior foi Prefeito de Pedras de Fogo pela primeira vez em 1988. Como na época ainda não existia o sistema de reeleição, Manoel só disputou uma outra campanha em 1996, quando mais uma vez saiu vencedor, se reelegendo em 2000.
O Prefeito deixou o cargo em 2002 para se tornar Deputado Estadual. Manoel também foi vice-prefeito de João Pessoa em duas ocasiões e teve três mandatos consecutivos de Deputado Federal.
O médico voltou a disputa pela prefeitura em 2020, enfrentando o sobrinho do então Prefeito, Dedé Romão, e vencendo a eleição pela quarta vez com 52,03% dos votos. Infelizmente, o Prefeito faleceu durante o exercício do cargo no dia 22 de fevereiro de 2023, após uma longa batalha contra um câncer no pâncreas.
Adelson Benjamin – Areial: A trajetória política de Adelson Benjamin começa com duas derrotas consecutivas, em 1996 e 2000, ambas para Valdomiro Francisco Xavier. Adelson persistiu na ambição de chegar à Prefeitura e conseguiu se eleger em sua terceira tentativa, derrotando o ex-Prefeito e então Vice-Prefeito Arnóbio Barbosa, com 55,73% dos votos.
Reeleito com uma votação tranquila contra Cicero Pedro de Almeida Filho, mais conhecido como Meda, Adelson retorna às disputas contra o próprio Meda, que havia derrotado Camilla Benjamin, apadrinhada de Adelson. A revanche entre Adelson e Meda, repetiu o roteiro de 2008, com o ex-Prefeito tendo 54,89% dos votos, contra 42,77% do então Prefeito.
O Prefeito se reelege para o quarto mandato ao derrotar a Vereadora Cristina de Adriano, tendo 62,71% dos votos. Adelson terá como candidato para o pleito de 2024, o Vereador Professor Afonso, que terá o ex-Chefe de Gabinete e Secretário Carlos Henrique, como adversário.
Zé João – Caturité: José Gervázio da Cruz, mais conhecido na política como Zé João, iniciou sua carreira política como Vice-Prefeito da chapa encabeçada por Zé Hermínio que foi vitoriosa nos pleitos de 1996 e 2000. Alçado a cabeça de chapa em 2004, Zé João foi eleito ao derrotar Doutor Edwardo, ao atingir 65,1% dos votos.
Reeleito em uma disputa tranquila contra Lucicleide Marques, mais conhecida como Keka, Zé João retorna em 2016, em um embate contra Jair da Silva Ramos, que havia se tornado Prefeito, ao derrotar Dorinha no pleito de 2012.
Zé João derrotou o Prefeito ao atingir um pouco mais de 56% dos votos. Na sua reeleição para um quarto mandato, o Prefeito teve como adversária Daniela Cabral de Melo, mais conhecida pelo apelido de Daniela de Caturité. Em sua disputa mais acirrada o Prefeito venceu a sua quarta eleição, ao atingir 54,68% dos votos, contra 44,74% de Daniela.
O Prefeito terá a missão de eleger o seu sucessor, que no caso será o Vice-Prefeito Tita de Biu Domingos, que terá mais uma vez como adversária, Daniela de Caturité.
Doutor Verissinho – Pombal: Abmael de Sousa Lacerda, mais conhecido como Doutor Verissinho, era um estreante na política, quando foi eleito Prefeito de Pombal pela primeira vez em 1996, se reelegendo nas eleições de 2000.
Após ter sido eleito Deputado Estadual em 2006 e ter desistido da reeleição em 2010, por ter seu pedido de registro de candidatura indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em função de contas rejeitadas no período em que foi prefeito de Pombal. Verissinho volta a disputa em 2016, enfrentando Paulo Fragoso, candidato apoiado pela então Prefeita Pollyanna Dutra, o ex-Prefeito venceu mais uma disputa acirrada, voltando pela terceira vez a prefeitura de Pombal.
Em 2020, Pollyanna que tinha sido eleita Deputada Estadual em 2018, decidiu colocar a irmã Kevia Werton, como nome do grupo contra o Prefeito. Verissinho saiu vencedor por menos de 2% dos votos, ratificando seu nome, como a principal liderança de Pombal.
O Prefeito terá a missão de eleger o seu sucessor, que no caso será o Vice-Prefeito Galego da Gavel, que terá como principal adversário o filho de Pollyanna Dutra, Pedro Feitosa .
Wilma Maranhão – Araruna: Irmã do saudoso José Maranhão, Wilma é eleita Prefeita pela primeira vez em 1976, em uma disputa contra o ex-Prefeito Agenor Targino. Como não existia reeleição na época, Wilma retorna às disputas em 1988, enfrentando o Vereador Raul Câmara Costa.
Eleita com um pouco mais de 52% dos votos, Wilma sai da Prefeitura em 1992 e retorna apenas em 2008. Amparada pela força do irmão e do filho, Benjamin, que havia sido Prefeito entre 1997 e 2002, Wilma enfrenta o ex-Vereador Vital Costa, que havia sido candidato a Prefeito nas duas últimas eleições.
A ex-Prefeita vence o pleito ao atingir 53,75% dos votos, contra 45,95% de Vital. Na sua reeleição, Wilma tem como adversários o mesmo Vital e o ex-Prefeito Availdo Azevêdo, e consegue se reeleger em um pleito ainda mais apertado, em que teve 44,5% dos votos, enquanto Vital apareceu com 34,77% e Availdo com 20,73%, naquela que foi sua última eleição.
Aluísio Régis – Conde: Aluísio é eleito Prefeito do Conde pela primeira vez em 1976, quando foi o único candidato daquele pleito. Ao retornar às disputas em 1988, Aluísio derrota Almir Machado, ao atingir pouco mais de 55% dos votos.
Após ficar na suplência por uma das vagas a Câmara Federal em 1994, Aluísio é derrotado em duas eleições seguidas, sendo a primeira para Arleide Azevêdo em 96 e Temistocles de Almeida que havia sido Vice-Prefeito na chapa de Aluísio entre 1989 e 1993, nas eleições de 2000.
Mesmo com duas duras derrotas, o pleito de 2004 acabou se tornou a maior vitória da carreira de Régis, que teve como principais adversários o Prefeito Temistocles e a ex-Prefeita Arleide. Vingando os insucessos de 96 e 2000, Aluísio é eleito ao atingir 36,13% dos votos, contra 24,01% de Temistocles e 23,28% de Arleide.
Mas a disputa mais acirrada da carreira de Aluísio não foi a desforra de 2004 e sim sua reeleição em 2008. No embate contra Tatiana Lundgren, o Prefeito é eleito no fio da navalha, tendo 47,56% dos votos, contra 45,7% de Tatiana.
Régis ainda tentou ser Prefeito pela quinta vez no pleito de 2016, mas acabou sendo derrotado por Márcia Lucena. O ex-Prefeito faleceu aos 71 anos em setembro de 2023.
Outros nomes que foram Prefeitos por 4 vezes são: Dudu Torreão (Serra Branca), Edvan Leite (Boa Vista), Adailma Fernandes (Serra da Raiz), Júlio César (Aparecida), Vogel (Assunção), Pedro Pinto (Barra de São Miguel), Renato LAcerda (Itatuba), dentre outros.
Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba