A formação de uma chapa é algo que tem de ser feito de forma muito estratégica. Alianças políticas são estruturadas em torno de indicações, similaridades de ideias e acordos que muitas vezes duram por mais de uma geração.
Mas nem sempre essas parcerias duram todo o mandato. Desacordos, brigas e acusações de traição, são algumas das razões colocadas como motivos para o rompimento dessas alianças
Na última semana chamou a atenção a renúncia da Vice-Prefeita de Itatuba, que alegou não ter sido consultada em decisões cruciais para o futuro da cidade.
Pensando em lembrar de casos como o de Itatuba, o Polêmica Paraíba irá trazer aos leitores, quatro casos nos quais os Vice-Prefeitos renunciaram ao cargo, após divergências com os Prefeitos.
Josmar Lacerda x Cristina Lacerda – Itatuba (2025): O caso mais recente da nossa lista, o rompimento entre Cristina e Josmar com apenas 20 dias de mandato, pegou muita gente de surpresa.
Eleitos após uma disputa apertada contra o ex-Prefeito Aron Andrade, os dois pareciam estar em uma certa harmonia, na posse do dia 1 de Janeiro.
Mas tudo mudou no último dia 21, quando a Vice renunciou ao cargo alegando não ter sido consultada sobre “decisões cruciais” para a administração da cidade.
Lacerda também disse que não iria compactuar em ficar presa a um cargo apenas pelo salário.
“De forma alguma, aceitaria receber um salário de R$ 10 mil reais, sem condições e espaço para trabalhar em prol do município”, comentou.
Márcia Lucena x Temístocles Ribeiro Filho – Conde (2019): Eleitos em 2016, em uma disputa aperta contra o ex-Prefeito Aluísio Régis. Márcia e o Vice, filho do ex-Prefeito Temístocles Ribeiro, não eram rompidos oficialmente após quase 3 anos de mandato.
Tudo mudou no dia 23 de setembro de 2019, quando Temístocles surpreendeu o meio político ao lançar uma carta renúncia, alegando perseguição política e pessoal vindo da Prefeita.
Na carta, ele afirmava que depois da posse, viu que o discurso adotado por candidatos na campanha eleitoral não teria sido aplicado na prática nos mandatos e decidiu se afastar do que chamou de “projeto de poder que estava sendo implantado na cidade”. A partir dessa decisão, ele afirma que passou a ser perseguido.
Entre as perseguições, Ribeiro disse que foi afastado da função de médico que ocupava no Hospital de Trauma de João Pessoa. “Quando fui eleito, acreditei que essa forma de politicagem retrógrada, atrasada e barata, baseada em xingamentos e perseguições iria ter um fim, porém isso não aconteceu”, escreveu.
Na época, a Prefeitura soltou uma nota rebatendo o Vice-Prefeito, ao apontar que Temístocles estaria acumulando cargos de forma ilegal e que recebeu notificação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre a situação.
A nota também chamava de “fantasiosa” a acusação de Temístocles de que seria perseguido pela Prefeita da cidade.
Após toda essa briga, Márcia perdeu a reeleição no ano de 2020, enquanto Temístocles Ribeiro Filho nunca mais disputou uma eleição.
Dudu Torreão x Guilherme Gaudêncio – Serra Branca (2012): Eduardo José Torreão Mota, conhecido pelo apelido de Dudu, é um dos maiores nomes da história política de Serra Branca.
Vereador por dois mandatos e Prefeito em quatro oportunidades, Torreão foi eleito para um terceiro mandato como Prefeito no pleito de 2008, ao lado do primo, ex-Vereador e candidato à Prefeito em 2004, Guilherme Gaudêncio.
A dupla conseguiu derrotar o então Prefeito Zizo em uma eleição apertada, mas durante o curso dos quatro anos de legislatura, Dudu acabou sendo cassado no STJ, o que abriria mão para que Guilherme assumisse o mandato.
No dia 21 de setembro de 2012, Gaudêncio que na época já estava rompido com o Prefeito e que apoiava a candidatura da oposição no pleito que se aproximava, tomou posse como Prefeito de Serra Branca.
Mas o ato foi considerado ilegal pelo Presidente da Câmara, que deu como justificativa, a decisão do STJ, que não falava com clareza, a remoção imediata de Dudu do cargo.
Após essa posse malsucedida e todo o caos instalado na cidade, Guilherme decidiu renunciar ao cargo no dia 25 de setembro, alegando ter sofrido ameaças de morte.
Mesmo com todos os problemas, Dudu foi reeleito no dia 8 de outubro de 2012, naquele que foi seu quarto e último mandato como Prefeito. Hoje quem continua levando o nome da família é seu filho, Flávio, que foi candidato a Prefeito em 2020 e hoje é Vice-Prefeito de Serra Branca e Presidente do Campinense.
Guilherme foi eleito Vereador em 2016, naquela que foi sua última eleição.
Jonas de Souza x Lulu Professor – Montadas (2019): A primeira disputa municipal de Jonas foi em 2008, quando foi eleito vice-prefeito na chapa de Lindembergue Souza. Souza tentou continuar no cargo em 2012, dessa vez ao lado de Arimateia Souza mas acabou ficando na segunda colocação.
Em 2016, o ex-Vice-Prefeito decidiu sair como cabeça de chapa na disputa pela Prefeitura e teve como seu Vice, Luiz Carlos Carneiro Genuíno, conhecido como Lulu Professor.
A dupla conseguiu derrotar o então Prefeito Jairo Herculano, o que configurava um mandato até 31 de dezembro de 2019.
Mas no dia 29 de janeiro de 2019, Lulu decidiu renunciar ao cargo, alegando não estar podendo cumprir as promessas de campanha e ajudar a governar o Município.
Na época o Vice afirmou que isso não representava um rompimento com o Prefeito e que iria ajudar Montadas, voltando às salas de aula,
Mas isso não se sustentou e Lulu resolveu se firmar como nome da oposição, ao sair candidato à Prefeito contra o próprio Jonas.
A disputa foi apertada, mas o Prefeito se sagrou vitorioso com pouco mais de 56%.
Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba