Parlamentares e ministros, do Nordeste e outras regiões, que declaradamente são contrários às ideias e métodos de gestão do presidente da Câmara Federal
(Agência Política Real-DF, 24/04/2015) De Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado Federal, ao deputado Silvio Costa (PSC-PE); de Ricardo Coutinho , governador da Paraíba, ao ex-ministro cearense Cid Gomes (Educação)…
Eles não são integrantes da banda carioca, irreverente e humorista, “Os Inimigos do Rei”, que explodiu nos final dos anos 80. Nem fizeram parte do corpo editorial do jornal anarquista “O Inimigo do Rei”, surgido na Bahia na década de 70. Tampouco, são os inimigos do rei das Cruzadas, Ricardo, Coração de Leão, da Inglaterra, retratado em filmes que levam em seu nome produzidos David Butler (1954) e Stefano Milla (2013) ou de Walter Scot (de “Ivanhoé, o vingador do rei” ), de 1952.
Na verdade, eles integram outro grupo, são personagens de outro filme e inimigos declarados de um outro ‘rei’: o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), uma da casas que integram o Congresso Nacional, um dos três maiores poderes políticos do País.
Na lista estão deputados federais, senadores, governadores, ministros e ex-ministros de Estado do atual governo da presidente Dilma Rousseff, que declaradamente são contrários às ideias, à proposta de Parlamento Independente e aos métodos de gestão do parlamentar peemedebista.
Temas de divergências
A lista é extensa e inclui, ainda, nomes como os deputados federais Henrique Fontana (PT-RS), Glauber Braga (PSB-RJ) e, mesmo reservadamente, Luiz Couto (PT-PB).
Nesse grupo estão parlamentares e partidos políticos – como o PT -, que tem comprado brigas pontuais e divergem de propostas defendidas por Eduardo Cunha – aberta ou reservadamente -, como a redução da maioridade penal, a redução dos ministérios (de 39 para 20), as investigações dos escândalos da Petrobras a partir dos governos petistas. E, agora, mais recente, a regulamentação da terceirização no Brasil.
“Pau que dá em Chico…”
O projeto da terceirização acaba de ser aprovada pela Câmara – após três semanas de discussões polêmicas no Plenário e protestos dentro e fora do Congresso – e manifestações em todo o País. A proposta, que agora está no Senado, provocou esta semana uma rota de colisão entre os dois presidentes das Casas Legislativas – Câmara (Eduardo Cunha) e o Senado (Renan Calheiros).
Renan disse que a Casa não terá pressa em analisar a proposta. Lembrou que a matéria tramitou por 12 anos na Câmara (desde 2004). “No Senado vai ter uma tramitação normal”, declarou o senador alagoano, deixando claro que o projeto passará pelo menos por 05 comissões, e pode segurar a votação até o final do seu mandato, em janeiro de 2017.
“Pau que dá em Chico também dá em Francisco. Engaveta lá engaveta aqui”, respondeu Cunha, prontamente, com ironia, deixando evidente que também vai atrasar apreciação de temas de interesse do Senado que estão na Câmara. “A convalidação na Câmara vai andar no mesmo ritmo que a terceirização no Senado”, completou.
“Achacadores” e “mal educado”
“Briga feia” teve o ex-ministro da Educação, Cid Gomes (Pros) com Eduardo Cunha, em março desde ano. O ex-governador do Ceará, num encontro com estudante da Universidade Federal do Pará teria dito que na Câmara existe “uns 300/400 achacadores” (quem extorque o dinheiro de outra pessoa, bandido, etc).
Ao saber das declarações, Cunha chamou o ministro de “mal educado”. Convocado pela Câmara para se explicar, Cid ‘engrossou o caldo’, chegou a reafirmar o que disse, com o dedo apontado para Cunha, gerou discussões acirradas, bate-boca, e em desrespeito aos deputados abandonou o Plenário. Quinze minutos depois, pediu pra sair do governo.
Entrevero na Paraíba
Na semana passada, durante a terceira edição do Programa “Câmara Itinerante”, na Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, outro desentendimento entre o presidente da Câmara e um governador. Durante a sessão, manifestantes ocuparam as galerias do legislativo. O clima ficou tenso e a sessão teve que ser interrompida.
Em coletiva à imprensa local e nacional, Cunha acusou o governador Ricardo Coutinho e seu partido, o PSB – que não votou em seu nome para Presidência da Câmara – de orquestrarem os protestos e pela falta de segurança na Assembleia e à comitiva. O governador rebateu com notas e também com entrevistas.
“Uma discussão como esta não deveria ser partidarizada pelo deputado Eduardo Cunha. Quem houve as suas declarações percebe claramente que é como se ele estivesse vindo para fazer isso. Se ele está passando em todos os cantos e teve protesto, e ele não fez nada em canto nenhum, porque ele fez aqui, na Paraíba? Porque ele tentou nacionalizar o debate?”, questionou o governador.
Silvio Costa, inimigo, “com prazer”
Na sessão do Plenário Ulysses Guimarães do dia 09 deste mês, mais encrenca entre o ‘rei’ do legislativo e seis ‘inimigos’. Em determinado momento, o deputado federal Silvio Costa (PSC-PE) se desentendeu com Cunha. O entrevero entre os dois começou quando da definição do nome do vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, como articulador político do segundo governo de Dilma, escolhida por ela própria.
Depois, se estendeu para a discussão em torno de uma MP, afirmando um para o outro que terão prazer de fazer o enfrentamento pessoal. Veja, a seguir, um trecho do diálogo nada amistoso entre os dois parlamentares – com base nos áudios da Câmara, da referida data.
– SR. SILVIO COSTA (Bloco/PSC-PE). Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Presidente, eu acabo de tomar conhecimento (Intervenções simultâneas ininteligíveis)…
– SR. SILVIO COSTA – Deputado Eduardo Cunha, eu acabo de tomar conhecimento de uma agressão contra a minha pessoa, no campo pessoal..
– SR. SILVIO COSTA – Está — minha secretária ligou para mim — publicada no Estadão. Eu mandei trazer essa matéria que fala da agressão que você fez aqui contra a minha pessoa. Eu falei de você, Deputado Eduardo Cunha, na política. A partir de hoje, eu vou para o campo pessoal. Se é verdade o que você disse sobre mim, eu vou para o campo pessoal com você. Estou lhe avisando agora. Eu vou ler a matéria.
– O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) – Com o maior prazer, Deputado.
– O SR. SILVIO COSTA – Eu também vou ter o maior prazer. Para discutir com você na ética, eu discuto… (O microfone é desligado.”.
A matéria do Estadão (O Estado de S. Paulo) que o deputado Sílvio Costa se refere diz o seguinte: “Indagado sobre as críticas que o deputado Sílvio Costa (PSC-PE) fazia a ele na tribuna da Câmara no momento da entrevista, Cunha afirmou que o pernambucano deveria ser levado na brincadeira. “Falta credibilidade ao deputado Sílvio Costa para a gente levar ele em conta. Ele tem que ser levado mais na pilhéria”, afirmou. Costa criticou o presidente por, segundo ele, promover uma “ditadura do Legislativo”.
==== ‘INIMIGOS DO REI’ – EM BANDAS, LIVROS E FILMES (Fonte:Wikipédia)
* Inimigos do Rei é uma banda brasileira formada em 1987, no Rio de Janeiro, por cinco integrantes do grupo Garganta Profunda. Contava, no início, com sete integrantes: aos cinco ex-Gargantas Luiz Guilherme, Luiz Nicolau, Paulinho Moska, Marcelo Marques e Marcus Lyrio, agregaram-se o baixista Marcelo Crelier e otecladista Lourival Franco. Ficou conhecida por seu estilo irreverente e humorístico.
* O Inimigo do Rei é um jornal anarquista publicado na Bahia durante a década de 1970, período ditatorial (1964-1985) no Brasil. O jornal se insere no conjunto da imprensa considerada alternativa, ou mesmo “nanica”, como a definem alguns autores.
* “O inimigo do rei – uma biografia de José de Alencar’, do jornalista e escritor Lira Neto, autor do livro ‘Castello – a marcha para a ditadura’, tem um outro subtítulo esclarecedor sobre o biografado – ”A mirabolante aventura de um romancista que colecionava desafetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”.
· * Ricardo Coração de Leão (2013) – Filme de Stefano Milla. O Rei Henrique II escolhe seu filho Ricardo para liderar a Inglaterra na guerra contra a França que está por vir. Para testar a lealdade, honra e habilidade do filho, o rei o envia para uma prisão infernal na qual os prisioneiros devem enfrentar uma série de inimigos para sobreviver.
* Ricardo, Coração de Leão (1954), filme de David Butler, trata das aventuras do rei Ricardo nas Cruzadas.
* Ivanhoé, O Vingador do Rei (1952), de Walter Scoth. Ao retornar para a Inglaterra após lutar na Terceira Cruzada, Ivanhoé está determinado a libertar o Rei Ricardo que é mantido em cativeiro por seu inescrupuloso irmão, o príncipe John, interpretado por Guy Rolfe.
(Por Gil Maranhão, Especial para Agência Política Real, e edição de Genésio Jr.)