O PT está discutindo um reforço na segurança de Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha eleitoral que o ex-presidente quer disputar para tentar voltar ao Palácio do Planalto em 2022.
O tema é debatido discretamente, por suas implicações óbvias, embora a motivação seja relativamente evidente: a radicalização presumida no ambiente político e a natureza de alguns apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
Não é segredo para ninguém que uma parcela expressiva da base bolsonarista é entusiasta de armas como o presidente e, em alguns casos, preconiza o uso da violência. Além disso, as relações do grupo político com milicianos e setores mais radicais de polícias estaduais é notória.
O atentado contra o então candidato é visto como um marco para as campanhas eleitorais no pós-redemocratização, que no Brasil sempre tiveram no corpo a corpo um fator essencial para a construção imagética da associação entre a candidatura e a população.
Mas usualmente a segurança dos eventos a que comparece fica a cargo da organização local, seja um sindicato ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores) ou a grupos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Na viagem que Lula fará ao Nordeste, que deve começar no dia 8 de agosto, a logística de segurança inicialmente estará a cargo desses apoiadores.
O mesmo acontecia em campanhas, embora o atentado contra Bolsonaro tenha mudado o jogo em 2018 —o número de agentes da PF por candidato que os requisitasse chegou a cerca de 25 em dias de atividades de rua mais intensas.
O temor de ser alvo de algum apoiador do outro lado do espectro político ficou mais intenso após a caravana de ônibus que acompanhava Lula pelo Sul do país em 2018 ter sido alvo de tiros, num episódio em que ninguém foi ferido.
O ex-presidente lidera as pesquisas de intenção para a Presidência neste momento. Segundo o Datafolha, o petista teria 46% ante 24% de Bolsonaro em um primeiro turno.
Se for profissionalizar a segurança de Lula, o PT terá de colocar a mão no bolso. Estimativa de empresas de segurança colocam um esquema topo de linha, com vários agentes por turno, coletes à prova de bala, veículos blindados e comunicação de ponta, em torno de R$ 500 mil mensais.
Naturalmente, há um pouco de tudo a depender do pacote a ser adotado, que também depende do perfil do cliente: no caso de Lula e Bolsonaro, um pesadelo de logística, dado que ambos são políticos que trabalham à exaustão o uso de imagens deles entre o proverbial povo.
No caso do presidente, o serviço é feito pelo Gabinete de Segurança Institucional, que não divulga números de efetivo ou gasto por operação, que incluem deslocamentos em aeronaves oficiais.
Um militar que trabalhou no órgão diz que até 50 homens são mobilizados para a proteção específica do presidente, a depender da exposição.
O fato de Bolsonaro já ter sofrido um atentado o faz usar constantemente coletes de proteção e até o capacete que ele usa nos passeios de moto que promove é, segundo ele, à prova de tiros de fuzil.
Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Folha de S. Paulo