"precisa se reinventar"

PT precisa falar para além de um terço do eleitorado, diz líder do partido

Líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) afirma, em entrevista ao UOL e à Folha de S.Paulo, que a sigla precisa se reinventar para disputar as próximas eleições e começar a dialogar além da sua “base social”, que representaria, segundo ele, um terço da sociedade.

Para o senador, o PT, desgastado pela Operação Lava Jato, precisou “dar ordem unida à tropa de resistir” a fim de sobreviver ao pleito de 2018. “Se considerarmos todo o massacre que o partido sofreu, nós chegamos perto”, diz ele, em referência à derrota de Fernando Haddad para Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da disputa pela Presidência.

O parlamentar afirma ainda ver a legenda muito “contaminada” pela repercussão dos escândalos e denúncias de corrupção. Por outro lado, ele aponta um caminho: “Não podemos continuar falando só para aquele terço da população que é a nossa base social.”

O PT agora precisa falar para o terço que ele tem, mas precisa falar para mais de 50% da sociedadeHumberto Costa, senador (PT-PE)

Costa avalia que a oposição ao governo Bolsonaro passará a ter um “reforço” e uma “liderança de peso” após a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deixou a prisão depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir pela proibição da execução da pena após condenação em segunda instância.

O senador também minimiza a possível fragmentação do campo da esquerda caso Lula não possa concorrer à Presidência em 2022.

“A esquerda tem uma plêiade de nomes e entre eles pode escolher um para essa disputa”, afirmou, após citar nomes como Haddad, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B) e até mesmo o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) —hoje um dos desafetos de Lula.

Para as eleições municipais de 2020, Costa diz ser defensor de uma frente ampla de esquerda, que consiga reunir ao menos cinco partidos (PT, PSB, PDT, PCdoB e PSOL). Mas também afirma estar aberto ao diálogo com outras siglas de centro ou centro-direita contra a extrema-direita.

Na visão do senador, o PT passa por um processo de “aprendizagem” dado o impacto da derrota eleitoral no ano passado. “Defendo que o partido possa ter a generosidade necessária para ser merecedor também do reconhecimento das outras forças políticas.”

Parte dessa etapa em que o Partido dos Trabalhadores buscaria construir um diálogo mais amplo passa, diz ele, pela liberdade de Lula. Os primeiros discursos do ex-presidente indicariam essa predisposição a unir forças contra o governo Bolsonaro e a extrema-direita.

Lula vai procurar abrir um diálogo importante no Brasil. A democracia no Brasil, com a saída de Lula, começa a se pacificar Humberto Costa

Após sair da cadeia, Lula afirmou que o Brasil precisa “seguir o exemplo do povo do Chile”, país vizinho que atravessa protestos que levaram à demissão de oito ministros do presidente Sebastián Piñera.

Costa disse que não seria bom para o país uma onda de protestos violentos tal como tem ocorrido no Chile. “Nós queremos é que haja paz social. Agora, não pode ser a paz do cemitério. Não pode ser a paz que eu estou morrendo de fome ali e não vejo perspectiva para mim.”

 

 

Fonte: Uol
Créditos: Uol