Os protestos deste domingo são considerados pelo PT como decisivos para o futuro da crise que atinge o partido e o governo federal. Uma eventual baixa adesão pode consolidar o clima de virada no ambiente iniciado nesta semana. Por outro lado, a tormenta se intensificaria novamente se o público crescer em relação às manifestações de 12 de abril.
Se os protestos de hoje forem grandes, o PT apostará todas as suas fichas na manifestação do dia 20 organizada pelos movimentos sociais, apesar de o manifesto desse ato ter críticas à politica econômica do governo e não ter sido assinado pelo partido. A ideia é mostrar que ao mesmo tempo que um grupo vai às ruas para pedir o afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo, um outro defende a sua permanência.
O ensaio para o ato do dia 20 já acontecerá hoje na frente do Instituto Lula, em São Paulo. No mesmo horário em que estiverem ocorrendo manifestações contra o governo, sindicalistas e militantes de movimentos sociais pretendem realizar uma plenária no local. O objetivo principal dessa mobilização é evitar ataques ao instituto por parte de grupos radicais. No dia 30 de julho, uma bomba de fabricação caseira foi atirada contra o local. A polícia ainda não descobriu quem lançou o artefato.
Paralelamente, também está nos planos fazer um chamado nas redes sociais para os protestos do dia 20 já durante os protestos de hoje contra o governo numa tentativa de responder de forma virtual à propagação de notícias negativas.
Apesar de comemorarem as notícias da semana, como a intensificação das agendas de Dilma, o gesto de aproximação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a o apoio dos movimentos socais, os principais dirigentes petistas ainda estavam cautelosos ao avaliar como será a adesão aos protestos contra o governo federal.
— Não consigo prever. Não quero dar nenhum palpite porque há grande chance de errar — afirmou o secretário nacional de organização do PT, Florisvaldo Souza.
Para o dirigente do partido, a crise “arrefeceu” durante a semana, mas há muitos fatores em jogo para permitir uma previsão precisa.
— A gente não vê agora a mesma convocação que houve antes. Mas, desde os primeiros protestos (do dia 15 de março), ocorreu uma maior deterioração na confiança na política de uma forma geral.
Florisvaldo acredita que o pior cenário já está afastado. Ele se daria num quadro de grande adesão aos protestos de hoje aliado a uma tramitação rápida do julgamentos da contas do governo no Tribunal de Contas da União (TCU) e da ação do PSDB contra a chapa de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas na última semana, o TCU ampliou o prazo para o governo responder sobre as “pedaladas” e o TSE paralisou o julgamento do processo proposto pelos tucanos.
O PT ainda terá a alternativa de usar o comerciais em rede de televisão, que começarão a ser exibidos na terça-feira, para dar uma resposta aos manifestantes. Inicialmente, a ideia não era essa, mas os planos podem mudar se houver uma grande adesão às manifestações hoje pelo país.
O Globo