O governador da Paraíba, João Azevêdo, continua a braços com o impasse sobre o partido pelo qual concorrerá à reeleição no pleito de outubro, já que a permanência no “Cidadania” complica-se à medida que avançam as demarches para formação de federação entre essa sigla e o PSDB, com quem João tem incompatibilidades a nível local. Apurou-se que o PSD de Gilberto Kassab entrou no radar como opção de filiação para o chefe do Executivo, o que seria facilitado pelo fato de que o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, em processo de aproximação com Azevêdo, é quem preside a legenda e chegou a abrir mão da hipótese de concorrer ao Palácio da Redenção. Mas o PSD na Paraíba também acolhe o atual prefeito de Campina, Bruno Cunha Lima, que é adversário político assumido do governador e apoia a pré-candidatura do deputado tucano Pedro Cunha Lima.
Tem sido visível o esforço de João Azevêdo para se firmar partidariamente na conjuntura política paraibana, desde que foi praticamente minado no PSB, pelo qual se elegeu, por manobras do ex-governador Ricardo Coutinho, que em movimento espetacular conseguiu retornar aos quadros do PT com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Azevêdo não esconde que sua preferência é continuar atuando no campo da esquerda, o que explica a sua insistência em apoiar a candidatura de Lula, tendo, inclusive, pedido permissão à cúpula do Cidadania para se compor com o líder petista. Ocorre que a dinâmica política mudou e o presidente do Cidadania, Roberto Freire, mostra-se inclinado a aderir à tese da federação com o PSDB em apoio à candidatura do governador de São Paulo, João Doria, que não tem a simpatia de Azevêdo. Se confirmada essa tendência, ela seria o pretexto agitado pelo gestor paraibano para migrar de sigla.
Além do PSD, o governador João Azevêdo teria convites do PSB e de outros partidos, mais à direita, para filiação. Um retorno ao PSB não lhe garantiria tranquilidade porque, também, a nível nacional, esse partido está “fechado” com o PT para federar-se, subordinando-se, inclusive, ao comando do petismo, que tem maioria na Assembleia Geral da Federação, segundo definido em reunião que foi promovida esta semana, incluindo expoentes do PV, o Partido Verde. Na Paraíba, o PSB é presidido pelo deputado federal Gervásio Maia e tem sofrido esvaziamento constante ao sabor das turbulências locais. Esvaziou-se, por exemplo, com a migração de Azevêdo para o Cidadania e, ultimamente, perdeu quadros importantes com a saída do ex-governador Ricardo Coutinho. Nota-se que as dificuldades maiores para mobilidade partidária de Azevêdo estão situadas no campo da esquerda e que na Paraíba ele é alvo predileto das investidas do antecessor Ricardo Coutinho, com quem está rompido.
Azevêdo tem consciência de que não haverá palanque único pró-candidatura do ex-presidente Lula na Paraíba, até porque os apoiadores do petista estão distribuídos em legendas distintas e antagônicas. Calcula-se que o candidato favorito, na atualidade, na corrida presidencial, terá palanque certo no MDB do senador Veneziano Vital do Rêgo, no PSB presidido por Gervásio Maia e em legendas de esquerda, além do PT, vindo a dispor, também, do palanque do governador João Azevêdo. Lula tem sido extremamente cauteloso em se posicionar na realidade política paraibana porque está atento às suas peculiaridades e ao clima de enfrentamento entre grupos que, no plano nacional, fecham com a sua candidatura. Por estratégia, tem evitado até mesmo visitar o Estado, em face do “campo minado” que está mapeando e da tática que empreende de não dispersar apoios.
O contexto de entredevoramento de forças políticas na Paraíba não tem afetado até agora a base de apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que lhe dá flexibilidade para não se envolver na solução de problemas regionais, já que há contenciosos mais graves e desgastantes para equacionar em Estados influentes como São Paulo. Ali, o ex-presidente tenta montar um verdadeiro quebra-cabeças para acomodar líderes que estão na sua órbita e não precipitar defecções. Ainda há o desafio, também, de acomodar o Partido dos Trabalhadores, embora ele tenha pedido compreensão aos liderados para as alianças que terá que fazer na cena a fim de respaldar o ambicioso projeto de voltar ao Palácio do Planalto. O governador João Azevêdo tem noção das urgências do ex-presidente e até de certas limitações dele para compor alianças estaduais, daí porque tem que chegar ao favorito com soluções, não com problemas.
O que se diz nos meios políticos, porém, é que o governador João Azevêdo precisa ser mais ativo nas articulações políticas, não só para se posicionar no contexto da sucessão presidencial como para se enquadrar melhor na condição de candidato à reeleição e chefe de um agrupamento expressivo, a dados de hoje. Isto envolve escolha de um partido sólido onde tenha espaço de liderança e influência e, ao mesmo tempo, definições no plano nacional que transmitam o mínimo de tranquilidade para os grupos políticos que na Paraíba desejam formar com sua candidatura. Se Lula pede liberdade para compor em torno de sua candidatura, Azevêdo deve buscar a mesma liberdade para favorecer a ampliação do seu projeto político. É uma operação que demanda certa pressa, na opinião de analistas isentos, e, também, muita habilidade. Para eles, o governador já perdeu tempo demais e, no entanto, ainda não chegou a porto seguro em termos partidários. Não é um bom sinal para candidatos que lideram páreos, como ele vinha sendo tratado até então.
Fonte: Os guedes
Créditos: Polêmica Paraíba